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150.º Aniversário da Proclamação do Dogma da Imaculada Conceição

D. Maurílio Gouveia
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Nota Pastoral de D. Maurílio de Gouveia

Completam-se no próximo dia 8 de Dezembro 150 anos sobre a proclamação do dogma da Imaculada Conceição. Foi no dia 8 de Dezembro de 1854 que o Papa Beato Pio IX definiu como verdade de fé católica que “a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus omnipotente, na previsão dos méritos de Jesus Cristo, salvador do género humano, foi preservada imune de toda a mancha de pecado original”. Estamos perante um acto da maior relevância na vida e na história da Igreja, que culminou um longo processo de aprofundamento da mensagem evangélica, no qual intervieram, para além do magistério, o sentido da fé do povo cristão e o debate teológico. Ao olharmos para a história do período decorrido a partir daquele acontecimento eclesial, verificamos que o papel da Virgem Maria na vida da Igreja e do mundo tem-se manifestado de forma notável e crescente. Basta lembrar a este propósito os extraordinários acontecimentos de Fátima e os factos com eles relacionados ao longo do séc. XX, sobretudo os que se referem à existência e ao pontificado do Papa João Paulo II. O Concílio Vaticano II, que, como sabemos, ofereceu à Igreja o mais notável contributo doutrinal e as mais sólidas orientações pastorais do nosso tempo afirmou: Maria “depois de elevada aos Céus, não abandonou esta missão salutar; ao invés, pela sua múltipla intercessão continua a obter-nos os dons da salvação eterna. Com o seu amor de Mãe, cuida dos irmãos do seu Filho que ainda peregrinam entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos até à Pátria feliz” (LG 62) A Arquidiocese de Évora tem o privilégio de possuir no seu âmbito, em Vila Viçosa, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, coroada Rainha e Padroeira de Portugal pelo Rei D. João IV, em 25 de Março de 1646. Esta circunstância não pode deixar de constituir um forte motivo para que naquele santuário a data jubilar da proclamação do dogma tenha condigna celebração. Foi por isso que a respectiva Confraria decidiu elaborar um programa comemorativo que abrange as áreas litúrgica, cultural e pastoral, e que decorrerá durante o corrente ano, estando previsto o seu encerramento para o próximo dia 8 de Dezembro. Deste programa faz parte a peregrinação de 1 de Maio, que atrairá a Vila Viçosa numerosos peregrinos, não só da nossa Arquidiocese, que possui Senhora da Conceição como sua Padroeira, mas também de muitas outras terras do nosso País, nomeadamente das paróquias e movimentos que se consagraram à sua protecção. As peregrinações assumiram sempre, na história da Igreja, na sequência da história de Israel, um papel de grande significado. Elas representam, antes de mais, uma sua dimensão fundamental, como povo que peregrina no tempo rumo à Casa do Pai. A Bíblia regista numerosos lugares, onde Deus marcou uma presença de diálogo e intervenção salvífica. O templo de Jerusalém foi o grande ponto de convergência do povo de Israel. Embora com Cristo se supere esta concepção do espaço sagrado, pois Ele próprio é o Templo vivo, e a partir da sua vinda ao mundo se deva adorar a Deus “em espírito e verdade” em todos os lugares da terra, nem por isso deixou de haver especiais lugares ou espaços, assinalados pelas maravilhas de Deus, aos quais o povo cristão acorre conduzido pela fé. Entre esses lugares, saliente-se Belém ou o Calvário. Fiéis a este espírito, peregrinaremos a Vila Viçosa, no próximo dia 1 de Maio, para louvarmos Maria, no mistério da Sua Imaculada Conceição e para aprendermos d’Ela a caminhar na vida iluminados por uma fé viva, traduzida num testemunho de amor e de serviço aos homens, nossos irmãos. D. Maurílio de Gouveia - Arcebispo de Évora


Diocese de Évora