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30º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos

Francisco Monteiro
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Conclusões

O 30º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos foi presidido pelo Sr. D. Manuel Martins, Vogal da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo e contou com participantes das dioceses de Bragança, Porto, Viseu, Leiria-Fátima, Santarém, Lisboa, Setúbal, Évora, Beja e Algarve. De Granada, Espanha, participaram as Irmãs Belén Carrera (cigana) e Paloma Soares, tendo a primeira referido o seu percurso de fé, na condição de cigana de um bairro pobre, até chegar à vida religiosa. Participaram igualmente o Pastor Mourinho, Presidente da Igreja Evangélica Filadélfia Cigana de Portugal e dirigente da Associação Ciganos de Hoje e o Pastor João Cardoso da mesma Igreja em Alcobaça.. Ambos falaram sobre os problemas de discriminação e esquecimento a que historicamente a etnia cigana tem sido votada, o que originou “raízes de amargura” nos ciganos e sobre a evangelização das comunidades ciganas, considerada essencial para a sua transformação. A antropóloga Drª Fátima Mourão desenvolveu o tema das resistências culturais na relação entre os ciganos e a escola, tendo apelado para o entrosamento entre os domínios político, social, económico e religioso e para a união dos ciganos como meios para se conseguir a sua compreensão pela sociedade portuguesa. A investigadora social de Albufeira Antonieta Xufre relatou o levantamento que fez das comunidades ciganas no Algarve. Efectuou-se uma análise dos avanços verificados quer pela Obra Nacional, designadamente nos domínios da evangelização, da revisão da legislação sobre o comércio ambulante e da denúncia de casos de dureza excessiva em intervenções policiais, quer pelos Secretariados Diocesanos, instituições e obras que colaboram com a pastoral dos ciganos, que estiveram presentes e que relataram nomeadamente casos de pobreza extrema de ciganos, de fome, de habitação junto a lixeiras e também os seus esforços no âmbito da evangelização, da escolarização, do realojamento e da empregabilidade das populações ciganas. Foram evocadas as conclusões do V Congresso Mundial da Pastoral para os Ciganos que teve lugar em Budapeste, de 30 de Junho a 7 de Julho do ano corrente. O 30º Encontro concluiu o seguinte: A Igreja em Portugal e a sociedade portuguesa devem apoiar o empenho pastoral em favor dos ciganos, nos termos das conclusões do V Congresso Mundial, incrementando a solidariedade para com a população cigana e rejeitando a desconfiança e a indiferença, conforme expresso na mensagem do Papa João Paulo II ao mesmo Congresso. Deverá ser incrementada a actuação dos mediadores socioculturais ciganos e regulamentado o seu estatuto, como meio privilegiado para promover a multiculturalidade nas estruturas escolares, por forma a assegurar o sucesso escolar das crianças ciganas e a incentivar a conclusão da escolaridade mínima obrigatória. Deve ser priorizada a revisão da legislação sobre a venda ambulante, principal fonte de sobrevivência das populações ciganas, conformando-a com a legislação europeia vigente, devendo as associações de ciganos ser chamadas a pronunciar-se no processo dessa revisão. Tendo verificado os avanços realizados no domínio da evangelização dos ciganos e da assunção da sua auto-responsabilização neste âmbito, o Encontro apela para que as igrejas particulares, seguindo os bons exemplos já verificados, acolham as populações ciganas e as envolvam na sua evangelização e na vida sacramental paroquial, com carinho e empenhamento apostólico, nos termos das orientações do V Congresso Mundial. 23 de Novembro de 2003


Pastoral dos Ciganos