Em nome da Conferência Episcopal Portuguesa exprimo gratidão pelo serviço realizado neste arco do tempo e manifesto a esperança de que a renovação do caminho evangelizador prossiga, com ousadia e firmeza. A presença de Sua Eminência o Senhor Cardeal Sepe e do Senhor Núncio Apostólico são também aqui demonstração viva da comunhão eclesial que foi sempre tonalidade marcante na identidade dos servidores da Sociedade Missionária.
A Constituição da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas, composta de padres e leigos dedicados ao apostolado nos territórios ultramarinos, ocorrida há 75 anos correspondia a uma necessidade evidente de colmatar a deplorável situação missionária existente. Os pioneiros lançaram-se com determinação apostólica na formação de gerações de jovens, nos Colégios de Tomar, de Cucujães e de Cernache, e mais recentemente de Valadares.
A pluralidade de figuras atendeu aos apelos das horas pré-conciliares e pós-conciliares, deu corpo à missão em lugares e modos correspondentes ao multiforme carisma pessoal. Têm sido anúncio de Cristo vivo em terras de missão como Moçambique, Angola, Brasil, Zâmbia e Japão. Têm revelado capacidade para reflectir as formas de presença da Igreja, nas inovadoras Semanas de Estudos de Valadares, na única e notável revista Igreja e Missão, na qual se espelha o que de melhor em Portugal se pensou e escreveu sobre os complexos e atribulados modos de dar execução ao mandato de Cristo. Têm sabido estar presentes nos meios universitários, na comunicação social, junto dos simples, na qualidade de testemunhas do amor de Deus. Têm dado a vida por amor em prova verdadeira da Palavra escutada e transmitida até ao fim. Os Cinco missionários: quatro padres e três irmãos mortos em Angola e Moçambique, entre 1982 e 1991, são o grito expressivo de uma causa. A particularidade de um deles ter sido meu aluno toca-me de modo profundo e provoca a inquietude, incita-me a não esmorecer, a não ficar parado no já obtido.
O compromisso no anúncio a todos foi recordado por Bento XVI, na deslocação à basílica de São Paulo, no dia 25 de Abril de 2005. No início do terceiro milénio, o Papa afirmou, aí: “O mandato missionário de Cristo é mais actual do que nunca”. Ao recordar os 75 anos de acção, os Missionários da Boa Nova e todos os que acompanham a evocação desta data festiva acolham com intimidade intensa a voz de Deus e caminhem com agilidade evangélica no serviço a que o Espírito Santo impele a Igreja.
D. Carlos Azevedo