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«75 anos em missão com ELE»

Pe. António Couto
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Senhor Cardeal Crescenzio Sepe, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Eminência, Senhor D. Alfio Rapisarda, Núncio Apostólico em Portugal, Excelência Reverendíssima, Senhor D. Carlos Azevedo, Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, Excelência Reverendíssima, Senhores Bispos presentes, Senhores Missionários, Padres, Irmãos e membros temporários, da Sociedade Missionária da Boa Nova, Senhoras e Senhores Colaboradores, Benfeitores e Amigos da Sociedade Missionária da Boa Nova, Caríssimos Irmãos, BEM-VINDOS! Bem-Vindo, Senhor Cardeal. Consigo é toda a Igreja Missionária que está aqui connosco, hoje. Bem-Vindo, Senhor Núncio Apostólico. Consigo, é o coração de Sua Santidade, o Papa, que pulsa em Portugal, que está aqui connosco, hoje. Bem-Vindo, Senhor Secretário da CEP. Consigo, é toda a Igreja portuguesa que está aqui connosco, hoje. Bem-Vindos, Senhores Bispos. Bem-Vindos, Companheiros da SMBN. Bem-Vindos, Amigos. 1. A Sociedade Missionária da Boa Nova está a celebrar 75 anos de vida, sob o lema: «75 anos em missão com ELE». Fundada em 03 de Outubro de 1930 pela solicitude paternal do Papa PIO XI, que então a dotou com as primeiras Constituições e nomeou o seu primeiro Superior Geral, D. JOÃO EVANGELISTA DE LIMA VIDAL, ao tempo Bispo de Vila Real, a SMBN sente, desde o princípio, pulsar nas suas veias a solicitude paternal do Papa e impulso missionário da Igreja portuguesa, em que são de salientar algumas figuras de rara lucidez e invulgar estatura humana e eclesial: refiro-me a D. ANTÓNIO JOSÉ DE SOUSA BARROSO (1854-1918), missionário em Angola e Moçambique, e depois Bispo de Meliapor e do Porto; D. TEOTÓNIO RIBEIRO VIEIRA DE CASTRO (1859-1940), Bispo de Meliapor (1899) e Superior dos Colégios das Missões Portuguesas Ultramarinas de Tomar (1922), Cucujães (1923) e Cernache do Bonjardim (1927), depois Arcebispo de Goa e Patriarca das Índias Orientais (1929); D. JOÃO EVANGELISTA DE LIMA VIDAL (1874-1958), Bispo de Angola e Congo (1909), Vigário Geral de Lisboa e Arcebispo de Mitilene, Procurador-Geral dos Padres Seculares (1920), Bispo de Vila Real (1922), Superior Geral da Sociedade Portuguesa para as Missões Católicas (1930), depois Administrador Apostólico da recém criada Diocese de Aveiro (1938) e Bispo de Aveiro (1940). Estas três figuras gradas e insignes da Igreja portuguesa lutaram, cada um à sua maneira, mas com a mesma intrepidez, nos domínios da política (Ministérios), da cultura (D. António Barroso na Sociedade de Geografia, 1889), e da vida eclesial (D. Teotónio no Concílio Plenário Português, 1926), pela criação de uma SOCIEDADE PORTUGUESA DAS MISSÕES CATÓLICAS que congregasse e desse maior eficiência ao esforço missionário do Clero Secular Português. 2. Recordo aqui, por ser paradigmático, o mais notável foco missionário em Portugal nos tempos modernos: o Real Colégio das Missões Ultramarinas, de Cernache do Bonjardim. Fundado por D. João VI, em 1791, é dotado, em 1801, pela rainha D. Mariana de Áustria com uma renda para formar Padres para a China. É encerrado, em 1834, com o decreto de extinção das ordens religiosas. Reabre em 1855, sob a dependência do então Ministério das Colónias. É novamente fechado em 1911, com a «Lei da Separação», para reabrir novamente como COLÉGIO DAS MISSÕES em 24 de Outubro de 1927, com 104 alunos. Esta reabertura é o fruto maduro de muitas lutas diplomáticas, que levaram a que, em 1920, tenha aparecido o famoso decreto 6 322, que permitia a reorganização das Casas de formação missionária em Portugal. É no seguimento desse decreto que abrem, em 01 de Outubro de 1922, o COLÉGIO DAS MISSÕES, de Tomar, com 32 alunos, e, em 01 de Outubro de 1923, o COLÉGIO DAS MISSÕES, de Cucujães, com 33 alunos. Sintomático é que, entre 1855 e 1911, o então Real Colégio das Missões Ultramarinas, de Cernache do Bonjardim, tenha formado mais de 300 Padres, que levaram o Evangelho a áreas tão diferentes e distantes como a Guiné, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Índia, China e Timor. 3. Nasce neste chão e entronca neste, a todos os títulos notável, esforço missionário das Igrejas Diocesanas Portuguesas, a SOCIEDADE PORTUGUESA PARA AS MISSÕES CATÓLICAS, depois SOCIEDADE PORTUGUESA DAS MISSÕES CATÓLICAS ULTRAMARINAS, SOCIEDADE MISSIONÁRIA PORTUGUESA, e desde 08 de Outubro de 1996 SOCIEDADE MISSIONÁRIA DA BOA NOVA, nome aprovado nessa data pelo Senhor Cardeal Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, de cuja competência a nossa Sociedade Missionária passou a depender desde 17 de Novembro de 1975, tendo estado até aí, por motivo dos territórios ultramarinos, confiada aos cuidados do Conselho para os Assuntos Públicos da Igreja. 4. A nova SOCIEDADE PORTUGUESA PARA AS MISSÕES CATÓLICAS, fundada em 03 de Outubro de 1930, abriu as portas dos seus três COLÉGIOS, Tomar, Cucujães e Cernache do Bonjardim, em 09 de Outubro do mesmo ano, com 255 alunos. Em 26 de Outubro de 1932 emitem o seu Juramento, segundo as Constituições, os primeiros cinco membros da nova SOCIEDADE MISSIONÁRIA. Em Abril de 1937 chegam os primeiros missionários a Moçambique. Em Janeiro de 1970 os nossos missionários chegam ao Brasil. Em Setembro do mesmo ano chegam a Angola. Em Julho de 1980 chegámos à Zâmbia. Em Março de 1998 entrámos no Japão. Já antes, em 1968, apoiámos e estimulámos as Missionárias da Boa Nova – hoje «Associação Pública de Fiéis», mas que amanhã desejamos ver «Sociedade de Vida Apostólica» – a assumirem a sua missionariedade ad gentes por direito próprio, e em 1995 lançámos nos caminhos da missão ad gentes os Leigos Boa Nova. A Igreja é por sua natureza missionária, e cada cristão é-o também por direito e dever baptismal. A teoria sabe-se, mas não se saboreia: nenhuma teoria tem sabor. A prática, essa sim, saboreia-se e faz-nos saber o sabor do Evangelho. Outra Sabedoria, outro saber, outro sabor. Despertar a consciência missionária de Dioceses e paróquias, de Padres e Fiéis Leigos, tem estado e continuará a estar no centro das nossas intenções, atenções, acções e orações. Tivemos já a alegria de ver várias Dioceses de Portugal, com o estímulo e apoio dos seus Bispos, a enviar Padres Associados connosco para as Igrejas de Angola, do Brasil, de Moçambique e do Japão. E quantos jovens foram já também enviados, e viram e vêem nascer dentro de si e daqueles que os acolhem um mundo, um coração novo, atitudes novas. É assim que Deus vai fazendo nascer dentro de nós e à nossa volta, nos caminhos sinuosos do início deste terceiro milénio, o milagre de uma nova humanidade! A SOCIEDADE MISSIONÁRIA é hoje constituída por 120 membros: 1 Bispo, 101 Padres, dos quais 4 Associados, 10 Irmãos Missionários e 08 membros temporários. 40 estão em Portugal, 28 em Moçambique, 27 no Brasil, 15 em Angola, 03 na Zâmbia, 03 no Japão, 04 fora das Comunidades. Desde aquele longínquo primeiro Juramento de 26 de Outubro de 1932, vincularam-se à nossa SOCIEDADE MISSIONÁRIA 357 membros, dos quais 175 cessaram o seu vínculo ou abandonaram, 62 faleceram no seu posto de trabalho, 05 dos quais dando testemunho até ao sangue. Hoje somo 120. Pequeno resto de Israel. Mas sentimos e sabemos que somos muitos mais. Eis-nos aqui. 5. SOCIEDADE MISSIONÁRIA DA BOA NOVA, nesta hora jubilar, em que celebras 75 anos de história, que dizes de ti mesma? Começa por dizer como Maria, tua Padroeira: «O Senhor fez em mim maravilhas» (Lc 1,49). SOCIEDADE MISSIONÁRIA DA BOA NOVA, não te equivoques. Não celebras o que fizeste; celebras o que em ti foi feito pelo Senhor que te conduziu e te conduz pelos caminhos sempre novos da missão. Por isso, estamos aqui, hoje, neste Santuário de Nossa Senhora de Fátima, para, com Maria e como Maria, darmos graças a Deus pelo amor com que nos cumulou ao longo destes 75 anos, pelos companheiros que nos deu, e que por amor nos levou, pelos irmãos de outras cores e de outras culturas que nos confiou, pelos caminhos que nos abriu. 6. SOCIEDADE MISSIONÁRIA DA BOA NOVA, nesta hora jubilar, que dizes de ti mesma? Dirás como S. Paulo: «Ai de mim se não evangelizar!» (1 Cor 9,16). Queridos companheiros e amigos, nós que recebemos a notícia do Evangelho e que vimos as maravilhas que Deus em nós realizou, sentiremos, como Paulo e como Maria, a necessidade de anunciar o Evangelho e de relatar as maravilhas de Deus aos irmãos que encontrarmos no caminho. Digo mais: iremos mesmo procurá-los, porque levamos connosco uma notícia demasiado grande e uma história demasiado bela, que não vamos, com certeza, poder aguentar por muito tempo sozinhos e calados. Não vamos sequer ficar satisfeitos com anunciar a notícia uma só vez e relatar a história uma só vez. Vamos ter de anunciar a notícia muitas vezes, e vão ser sem conta as vezes que relataremos a nossa história. Não nos sentiremos felizes se apenas evangelizarmos o outro. A nossa missão já não consiste simplesmente em evangelizar o outro. É importante evangelizar o outro. Mas se todo o evangelizado recebe o direito e o dever de evangelizar, então a nossa missão só estará cumprida quando tivermos sabido fazer de cada evangelizado um evangelizador. Só então, queridos companheiros e amigos, a nossa missão estará cumprida e a nossa alegria será completa. 7. Fica connosco, Senhor, neste ano de graça. Fica connosco. Preside-nos e precede-nos sempre. E que nós estejamos lá sempre atrás de Ti, perto de Ti. Contigo. E com Maria, Tua Mãe, que nos deste também como nossa Mãe e Padroeira. P. António Couto


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