A educação cristã precisa de espaço e tempo D. Augusto César 24 de Setembro de 2003, às 11:56 ... Nota do Bispo de Portalegre - Castelo Branco sobre a Semana da Educação Cristã Creio bem que uma semana não dá para motivar. Mas divulga a necessidade de educar e de educar cristãmente. Pois, o que se tem dito a favor dos direitos é tão sublinhado, que deixa propositadamente os deveres para a carruagem de trás. DaÃ, a palavra ‘exijo’, dita com acinte, e uma ‘reivindicação’ quase primária. Depois, um certo capricho infantil deixado à solta, a troco dalgumas compensações para os adultos, e uma ideia de liberdade que desafecta a famÃlia e desencontra os horários. Não há dúvida, a escola acaba por ser vÃtima e pouco fará para equilibrar o sistema. Por isso, tanto a famÃlia como a escola gerem a seu modo uma certa consciência de incapacidade, e vão-se atribuindo culpas mutuamente. De facto, a famÃlia que abdica da sua missão educadora, perde a autoridade moral diante dos filhos, e acaba por pactuar com o ‘bando’ que gere, à sua conta, o sabor da noite e a troca de experiências. E a escola que ensina e não educa, perde a capacidade de formar para a cidadania, mesmo que tenha essa intenção no horário. A primeira exigência para educar, consiste em assumir essa responsabilidade, como missão; motivando, a seguir, com verdade, com afecto e com autoridade moral (à maneira de Jesus, de quem o povo dizia: faz o que diz e diz o que faz). A segunda exigência, consiste em cultivar os sentimentos do coração, com esmero e em termos de valores. Pois, é de valores que trata a educação, hierarquizando em primeiro lugar os que mais contam e mais duram. Agora, a educação cristã precisa de espaço e tempo, para criar virtude e um diálogo circular. Não pode pactuar com o fácil nem com a mediocridade. Sabe que o ‘mais’ exige esforço e que a ‘felicidade’ não é passageira. E esta lição é dos pais, antes de ser de mais ninguém. Por outra parte, a exigência não se impõe, senão com amor. E um amor testemunhado, em horas boas e más. Como faz bem aos pais e aos filhos, reparar na FamÃlia de Nazaré, fazendo da fidelidade o caminho da felicidade (no conforto da casa, no desconforto da Gruta, nas provações do Egipto...e, mais tarde, no Calvário)! Maria e José não desperdiçavam as ocasiões: porque Deus, acompanha e inspira sempre. Por isso, é que a Igreja faz propostas de perseverança e de participação, uma vez que o amor não é a prazo e o chamamento de Deus também não. A Catequese organizada para os mais novos, a educação Moral e Religiosa frequentada pelos adolescentes e jovens, os Grupos de Reflexão dialogados pelos adultos...são momentos privilegiados de formação que complementam a educação dada pela famÃlia. E, quantas vezes, são únicos, para estruturar a estatura moral da pessoa, colmatando as lacunas que a famÃlia deixa e a sociedade inventa. Por isso, não se trata de decisões gratuitas ou fortuitas; mas de opções programadas em famÃlia e assumidas pelos jovens que desejam mais ser do que ter e olhar o caminho com esperança, até ao fim. As crianças e os jovens precisam de ver os adultos a dialogar as situações e os esforços do caminho. Pois, hoje, ninguém é capaz de vencer sozinho. Nem mesmo por famÃlias. E as aulas de Educação Moral e Religiosa não são supletivas ou favores que o Estado faz. São iluminadoras da realidade envolvente e um direito da famÃlia. Por isso, aproveitem-se com vontade e como obrigação. E tanto os pais como os filhos empenhem-se nas matrÃculas e preocupem-se com os seus resultados. A educação cristã corrige a laxidão e denuncia a permissividade. Mas é preciso que os cristãos ( e as famÃlias cristãs) se assumam como tais e defendam com esforço e como ideal, os valores que falam de virtude e mostram Deus no caminho e na vida. Doutro modo, as Forças da Ordem são apenas ‘forças’ e a ganância dita as leis por sua conta ou capricho. Vamos dar à Semana da Educação Cristã uma dimensão de responsabilidade, assumindo com fé o que ela sugere e o que os jovens precisam. Eles precisam e nós havemos de testemunhar com a vida. Com efeito, ser cristão não é de modo algum conformar-se. É remar contra a corrente. Pois, o Evangelho atrai nesta direcção. Portalegre, 5 de Outubro de 2003 + Augusto César Educação Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...