Na Semana Nacional de Educação Cristã que, neste ano de 2003, decorre de 5 a 12 de Outubro, achamos oportuno chamar a atenção dos fiéis para a importância da Eucaristia na educação da fé. A inspiração vem-nos da carta que o Santo Padre nos escreveu, na passada Quinta Feira Santa, sobre a Igreja que vive da Eucaristia. É o gesto que identifica os discípulos de Jesus e o centro da vida cristã. É a Eucaristia que faz a Igreja, que a congrega como Corpo eclesial de Cristo e a faz crescer na configuração com o Senhor.
Actualmente os fiéis faltam com demasiada facilidade à Missa dominical. Mesmo os que seguem o itinerário de educação da fé, na catequese. Consequência da actual dispersão ou sintoma de um cristianismo superficial? Sem este encontro com o Senhor Ressuscitado, não podemos viver a fé.
Por isso, a educação cristã é também educação para a Eucaristia, pois encontra na Eucaristia a sua fonte e a meta que pretende alcançar. De facto, a educação cristã tem em vista conduzir ao conhecimento e à prática do cristianismo. Ora o cristianismo é um mistério de comunhão com Deus, em Igreja. É na Eucaristia que se faz a aprendizagem do cristianismo como encontro com Deus e com a comunidade, como comunhão com Cristo e com a Igreja. A Eucaristia educa para a comunhão: “A Eucaristia cria comunhão e educa para a comunhão” (A Igreja vive da Eucaristia [EE] 40). Deste modo, não pode haver educação cristã sem educação para a Eucaristia.
Na Eucaristia, vive-se e aprofunda-se a comunhão com o Senhor Jesus e, por Ele, com Deus Pai e com o Espírito Santo. Não é, portanto, uma cerimónia, mas o encontro com uma pessoa viva. Não é apenas uma oração ou uma pregação. Estas podem fazer-se noutros momentos. Não é apenas a evocação da memória de Jesus, mas o contacto com a Sua presença de Ressuscitado (Cf. EE 11 e 12). “Ele está no meio de nós” - afirmamos algumas vezes durante a celebração, para avivar a consciência desta presença. Jesus torna-se presente para celebrar connosco o mistério do amor, que O levou a entregar-se por nós e a vencer a morte com a Ressurreição: “Anunciamos Senhor a vossa morte; proclamamos a Vossa Ressurreição”. Torna-se o nosso Pão de peregrinos, que caminham ao Seu encontro: “Vinde Senhor Jesus”. Nesta proclamação de fé, no momento mais solene da Missa, resumimos o mistério que celebramos.
Por isso, exortamos os educadores cristãos a que eduquem para a Eucaristia. Antes de mais, os pais, primeiros educadores de seus filhos. A Eucaristia precisa de ser entendida como continuação e plenitude do Baptismo, que eles pedem para os filhos: ”A incorporação em Cristo, realizada pelo Baptismo, renova-se e consolida-se continuamente através da participação no sacrifício eucarístico” (EE, 22). Ao pedir a vida nova do Baptismo para os seus filhos, os pais assumem, deste modo, a missão de os encaminhar para a Eucaristia.
A comunidade cristã, pela forma como celebra e como vive este mistério da fé, desempenha um papel de grande importância na educação das novas gerações para a descoberta da riqueza e da beleza da Eucaristia e para a participação activa neste encontro com o Senhor e com a comunidade. Procurem, nesse sentido, os pastores e os fiéis, motivar os mais novos para a Eucaristia, acolhendo-os, criando ambiente festivo, envolvendo-os na celebração, através de uma participação activa. Onde for possível, propomos que, de vez em quando - uma vez por mês (?) -, se faça uma celebração especialmente destinada às famílias, na qual se dê destaque à participação das crianças.
Os catequistas, pelo seu testemunho vivo de amor e de participação activa, são uma referência concreta na educação dos catequizandos para a Eucaristia. Aproveitem, pois, todas as oportunidades que lhes são oferecidas pelo itinerário catequético, para relacionar a catequese com a Eucaristia. Incentivem as crianças e os adolescentes a participar nesta celebração da fé e, na medida do possível, acompanhem-nos, participando na mesma celebração eucarística.
“Eis aqui o tesouro da Igreja, o coração do mundo, o penhor da meta pela qual, mesmo inconscientemente, suspira todo o homem” (EE 59). Só quem mergulha profundamente no mistério da Eucaristia a sabe apreciar. Se nos esforçarmos por compreender e viver esta celebração, acabaremos por amar a Eucaristia e enriquecer com este tesouro as novas gerações que educamos na fé.
Comissão Episcopal da Educação Cristã
