Declaração dos Delegados da XVII Assembleia geral da Cáritas Internacionalis
Na conclusão da nossa XVII Assembleia Geral, olhamos para trás, para esta semana de tanta solidariedade, debates, diálogo e partilha. Reunimo-nos como uma grande família, alguns de nós pela primeira vez, mas todos nós partilhando uma raiz comum: a identidade católica e o empenho na doutrina social da Igreja.
Concluímos a nossa XVII Assembleia Geral com uma calorosa exortação, no sentido de se conseguir a justiça social e económica para os marginalizados de todo o mundo, trabalhando em solidariedade com os pobres, através da incidência política e social, a cooperação solidária, a maior colaboração entre nós, e um renovado compromisso com toda a Confederação, deixamos o Vaticano, com o mandato de actuar não só em nome dos pobres, mas também de apoiar os povos a enfrentarem melhor as forças que os oprimam.
Reafirmamos a natureza inviolável da dignidade humana e o valor das pessoas, que não pode ser negociado na base dos interesses de mercado, e comprometemo-nos a trabalhar por uma sociedade que inclua os pobres e todos os que têm sido deixados à margem do nosso mundo cada vez mais globalizado. Isto significa globalizar a solidariedade.
No nosso plano de trabalho levaremos a voz dos pobres às sedes internacionais e cumpriremos a função de ligação entre os responsáveis pelas decisões e as pessoas afectadas por elas. Na nossa tarefa de incidência utilizaremos estratégias que são o fruto da experiência directa com os pobres. Centraremos o nosso diálogo em todas as questões relacionadas com o cuidado da terra e o desenvolvimento duradouro, o VIH/SIDA, o tráfico de seres humanos, a paz e a reconciliação, prestando uma atenção especial à prevenção de conflitos.
A ideia da globalização da solidariedade nasce da resposta à exortação que fizera João Paulo II, na sua carta apostólica “ No Início de um Novo Milénio”, pelo que nos comprometemos a demonstrar de maneira prática e concreta o amor pela humanidade. As necessidades das pessoas num mundo globalizado, disse o Santo Padre, exigem à caridade uma nova criatividade para demonstrar a solidariedade com os pobres e os marginalizados e dar-lhes a esperança de um futuro melhor.
No seu discurso perante a Assembleia Geral, Sua Eminência Oscar Andrés Cardenal Rodriguez Maradiaga, SDB, Arcebispo de Tegucigalpa, Honduras, falou da forma como a riqueza e as oportunidades se estão concentrando, mais que nunca, nas mãos de uma minoria e afirmou que vivemos num mundo que caminha entre os que desfrutam das oportunidades que oferece a globalização e os que foram deixados à margem dela. O plano de trabalho 2003-2007 foi elaborado com vista a assistir as pessoas marginalizadas para que ocupem o lugar que lhes compete neste mundo novo.
Nesta semana reflectiu-se também sobre as vítimas da pobreza global e as causas da mesma. Na análise das tendências globais presente no documento base da Assembleia, “ Globalização da Solidariedade”, referiu-se como a pobreza afecta, de maneira desproporcionada, as mulheres. Consideramos que é fundamental declararmo-nos abertamente a favor dos direitos da mulher e aplicar estes princípios a nível interno nas nossas estruturas organizativas. Ao mesmo tempo, como Confederação, realizaremos a nossa visão da globalização da solidariedade, reforçando a cooperação solidária, especialmente com aquelas organizações membros com recursos limitados, assim como o diálogo e a comunicação.
O Santo Padre, em a Igreja na Europa, apela a que nos convertamos em parte activa na promoção e realização de uma globalização na solidariedade, acompanhada de uma globalização da solidariedade e dos seus correspondentes valores de equidade, justiça e liberdade.
Nesta semana tivemos em solidariedade, não só porque partilhámos estes nobres ideais, mas porque partilhámos também o empenho comum para globalizar os nossos esforços, de modo que se façam realidade estes conceitos que, para muitos de nossos irmãos e irmãs do mundo, todavia são só um sonho.