Há determinadas palavras que se introduzem na linguagem corrente com um significado particular e com um objectivo preciso. Neste contexto, hoje começa-se a falar de info-ética sublinhando uma necessidade imperiosa.
Qual o seu significado? Com duas observações prévias entenderemos o que se pretende.
Em primeiro lugar, os meios de comunicação social, com o imenso poder que detém, serão sempre simples meios, ou seja, instrumentos. Como tal, podem ser usados para o bem ou para o mal. Os operadores é que escolhem e determinam o que se alcança pelo seu uso.
Por outro lado, como meios, devem estar ao serviço da pessoa humana e do bem comum. Todos sabemos que eles podem manipular os leitores ou ouvintes conduzindo-os para objectivos não condicentes com a dignidade humana, tornando as pessoas objectos nas mãos de interesses políticos, económicos ou causas menos convenientes. Para atingir o objectivo de serviço à pessoa humana e ao bem comum, sem trair a objectividade dos acontecimentos, devem ser capazes de prestar uma ajuda aos homens e às mulheres para que tomem consciência da sua dignidade numa experiência de liberdade pessoal e respeito pela liberdade dos outros, de modo a cultivar um profundo sentido de responsabilidade mútua em ordem a uma sociedade que a todos proporcione bem estar e felicidade.
Perante esta grande responsabilidade os comunicadores profissionais deveriam participar activamente na elaboração e aplicação de códigos éticos de comportamento para a sua profissão. Daí que seja imperioso reconhecer a importância da ética nas comunicações sociais e é esta exigência que a palavra info-ética encerra. A novidade desta expressão não quer dizer que se deve exigir uma nova ética. Ela sempre esteve presente e dignificou os operadores das comunicações. Importa, porém, reconhecer a urgência desta ética nos seus princípios sociais e aplicá-los aos novos condicionalismos que a modernidade lhes oferece. O mundo de intervenção ampliou-se e há âmbitos que necessitam de acolher e estimar a ética no momento de intervir. O mundo da publicidade, da Internet, da pornografia, da exaltação da violência, da problemática familiar distorcida são exemplos que exigem uma atenção particular.
Se o bem comum deve ser servido pelos meios de comunicação social, é necessário que a ética não esteja só no negativo ou naquilo que não se deve propor. Importa que os valores apareçam duma maneira inequívoca e como proposta convincente. A opção preferencial pelos pobres, o destino universal dos bens, a verdade, a justiça, o respeito incondicional pela vida humana, o respeito pelos inimigos e por quem pensa diferente…
Este conjunto de ideias pretende que, na brevidade do seu conteúdo, tomemos consciência da dimensão ética que deve estar presente em todas as iniciativas humanas propondo valores e denunciando comportamentos e atitudes contrárias à dignidade humana e que criam as condições para a destruir.
O Santo Padre, Bento XVI, na mensagem para a 42ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais 2008, dizia: “É preciso evitar que os media se tornem o megafone do materialismo económico e do relativismo ético, verdadeiras pragas do nosso tempo, pelo contrário, eles podem e devem contribuir para dar a conhecer a verdade sobre o homem, defendendo-a face àqueles que tendem a negá-la ou a destrui-la. Pode-se mesmo afirmar que a busca e a apresentação da verdade sobre o homem constituem a vocação mais sublime da comunicação social”.
A info-ética pretende centralizar a missão dos meios de comunicação social neste dar um contributo positivo sobre o homem e a sua verdade. Assim aconteça por parte de muitos que não se deixam vender a interesses que ofendem e negam a dignidade humana como condição para uma sociedade mais justa e mais fraterna.
† D. Jorge Ortiga, A. P.