O homem de hoje vive enfastiado, angustiado, sem outros objectivos de vida que não sejam o lucro e o poder, a par do prazer.
A sociedade técnica (liberal ou socialista) a todos iguala, massifica, transformando-nos em números de estatística, tirando-nos até a privacidade, como no Admirável Mundo Novo de Huxley, à força de controle permanente das modernas tecnologias, sejam vídeos, telemóveis, satélites, etc.
É neste contexto que vivem igualmente muitos cristãos. E é a estes homens que a Igreja tem de falar, para serem exemplo para sociedade em que vivem e se inserem.
O Cristianismo tem força revolucionária (que muda, que revolve) para mobilizar as pessoas e as instituições em favor dos pobres e dos excluídos desta sociedade em que vivemos.
Mas que Cristianismo? Eis a questão, pois certos conceitos de Deus estão desacreditados e “mortos”.
O Cristo que queremos è um “Cristo vivo” que tem força revolucionária (D. Helder Câmara falava da “força revolucionária da caridade!) que pode mudar comportamentos, relações e maneiras de ser e de estar no mundo, transformando-o num lugar onde dará gozo viver!
È esta ressurreição de Cristo que se comemora nesta época pascal (e sempre) que os cristãos têm de assumir e propagar com o seu testemunho – o Deus-Vida, o Deus-Vivo, o Deus – Entrega – aos-Outros, o Deus-Amor!
E será esta a verdadeira Páscoa possível, a Páscoa necessária para o Mundo de hoje que vive uma verdadeira “Paixão e Morte” – ele são as guerras, o terrorismo, a fome, as doenças, a pobreza de milhões de milhões, a corrupção, o individualismo desbragado, as agressões permanentes à própria natureza, a poluição, o racismo e a xenofobia – e deverá terminar em ambiente de Páscoa, isto é, de salvação, de alegria, de solidariedade e de paz – e isto será Páscoa!
Estas considerações são válidas para qualquer cidadão preocupado com o encaminhamento da nossa sociedade e da nossa “aldeia global” onde vivemos, e não apenas para cristãos.
Mário da Silva Moura
Comissão Justiça e Paz da diocese de Setúbal