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A Pastoral como resposta ao amor divino

D. Jorge Ortiga
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Intervenção Arcebispo Primaz de Braga na reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral

A Igreja Universal está vivendo no ritmo delineado pelo Papa Bento XVI na Sua carta Encíclica “Deus Caritas estâ€. Também nós queremos corresponder e entrar na cadência que ela está a impor como novidade. As últimas palavras da introdução desejam “um renovado dinamismo de empenhamento na resposta humana ao amor divinoâ€. Quero colocar este Conselho Diocesano perante este programa que desenvolvo em cinco ideias. 1 – Dinamismo. Possuída pelo Espírito a Igreja não tolera passividade inerte. Não se trata de agitação motivada por ventos da moda. Esta pode significar inconsistência doutrinal que ocupa mas não edifica. Importa deixar-se conduzir e saber que há uma força que não permite que cruzemos os braços ou assistamos passivamente à história. 2 – Renovado. Há quem se contente em repetir o sopro do Espírito sobre “onde†e “como†quer. Não somos agentes anquilosados e defensores do imutável. Os ventos são novos e não podemos permanecer insensíveis. 3 – Empenhamento. Gostaria de poder afirmar que o trabalho eclesial de índole monocorde já está ultrapassado. Infelizmente, o número dos empenhados ainda se situa a nível de pouca consideração. Empenhar-se e empenhar torna-se o caminho e a reorganização deste Conselho. A partir dos Departamentos deveria ser sinónimo duma vontade que parte do centro para chegar aos lugares mais recônditos de toda a diocese. Antigamente cantava-se: “Há caminhos não andados que esperam por alguémâ€. A catequese, a liturgia, a acção social não acontece só diante dos espaços que os nossos olhos conseguem descortinar. Existem lugares “inóspitos†onde ainda não chegou o desejo da renovação. São nossos. Importa, porém, consciencializar-se da urgência do empenhamento noutros ambientes. Como chegar a determinadas áreas constitutivas da vida moderna sem o vosso empenhamento? Há mundos que esperam uma resposta, talvez sem o saber. Não pode ser frase feita o dizer que teremos de ultrapassar o ambiente da sacristia. A arte, música, turismo, saúde, ecologia, igualdade das pessoas, trabalho, habitação… continuai o elenco e conclui dizendo que há sempre surpresas. 4 – Resposta humana. A pastoral não pode ser estereotipada feita de soluções já encontradas e repetidas. Precisamos de discernir as respostas aos problemas reais e isto como humano que os experimentam e sofrem com eles. Pode faltar-nos o humanismo da atenção de quem quer conhecer e estar por dentro. Tudo o que é humano deve ser redimido e Cristo, no seu tempo, usou linguagens e símbolos para os judeus, vindos duma cultura helénica e em confronto com a romana. Sei que não é fácil conhecer a cultura moderna. Trata-se duma maravilha pois estamos sempre a querer intuir e inquietar-se com o que “vemos e vimos e não podemos ignorarâ€. 5 – Ao amor divino. Eis a fonte e a originalidade. Ao acreditar no amor de Deus estamos a reconhecer que é este que teremos de oferecer ao homem moderno. Ele tem tudo. Que lhe poderemos dar de original e diferente? Corresponder ao amor de Deus, mostrar algo que falta e está disperso na natureza e na técnica da evolução. Precisamos de compreender os seus verdadeiros contornos tornando-nos contemplativos através duma paixão pela Palavra de Deus. Eis o nosso programa. Está tudo aqui. Descodifiquemos. Anunciemos. Este amor divino conduz a família humana como prolongamento da divina. Somos Igreja – família a partir de famílias. Aqui está outra prioridade. Conhecemos o egoísmo do homem moderno. A família é o local de treino e o farol anunciador do amor de Deus. Perdendo as famílias erramos o alvo. Daí deve partir a educação e a co-responsabilidade. E, sabemo-lo muito bem, o Minho tem um substrato familiar que está a ser minado. Só salvando e co-responsabilizando a família, poderemos acreditar que é possível salvar o mundo. Conclusão: Quis traçar, brevemente, o perfil do Conselho Diocesano de Pastoral. Resta-me acreditar e esperar que cada um vai sentir alegria em servir a Pastoral Arquidiocesana: - Aqui: participando, lançando interpelações e sugerindo linhas de rumo; - Em casa: investindo numa formação pessoal, reflectindo sobre toda a pastoral, dialogando com muita gente sobre os assuntos; - Nos Departamentos/ Arciprestados: apostando na alegria de anunciar um Cristo companheiro das nossas alegrias e perplexidades e verdadeira resposta às interrogações. Maria nos conceda o dom de reconhecer que o Conselho Pastoral não só não é uma estrutura inútil mas consegue pautar o ritmo da vida Arquidiocesana com propostas e dinamismos nossos. + Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo Primaz


Diocese de Braga