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A questão indígena da Raposa Serra do Sol

D. Jorge Ortiga
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Há causas que, mesmo não sendo conhecidas por experiência pessoal, exigem que nos identifiquemos com elas. A passagem duma delegação indígena por Portugal para comungar os seus problemas e dificuldades não nos pode deixar indiferentes. Não se trata de concordar ou não com tradições e hábitos. Como pessoas são possuidoras duma cultura original e, como tal, devem ser respeitadas. Há uma idiossincrasia que enriquece a humanidade e, por isso, não pode ser destruída por alguns para aproveitamento pessoal. Trata-se dum direito que os indivíduos e as nações devem respeitar. Para além duma cultura pessoal, os índios são sinónimo dum grupo que trabalha nlo respeito pela natureza e pela defesa do património da humanidade. Pode parecer que estão a usufruir dum tesouro para impor os seus ritmos de vida mas estão na vanguarda de quem luta pelos autênticos interesses da humanidade. Muitos poderão lamentar-se das alterações climatéricas e procurar causas que as justifiquem. A vida é feita de actos que parecem de reduzida importância. Só que os efeitos perversos acontecem como consequência normal. Outro factor que nunca deve ser desconsiderado é o aproveitamento dos pobres por quem detém um poderio económico e pretende aumentar as suas vantagens. Só um desenvolvimento que equacione os direitos de todos pode ser permitido. Com estas palavras quero testemunhar o meu apoio à causa do Povo Indígena da Raposa Serra do Sol que já teve um decreto de homologação da parte do governo e a que a Constituição Brasileira reconhece como direito. É de esperar que tudo encontre uma solução que reconheça esse direito de posse da terra aos povos indígenas e que a anulação da homologação nunca aconteça. Braga, 03.07.2008. † D. Jorge Ortiga, A.P.


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