A Terra Santa continua a atrair numerosos peregrinos D. Teodoro de Faria 15 de Novembro de 2004, às 12:09 ... Testemunho de D. Teodoro de Faria, Bispo do Funchal Oh! Jerusalém Nenhum outro lugar na terra conseguiu até hoje atrair tanto cristãos, judeus e muçulmanos, que se expuseram a todos os perigos, mesmo o da própria vida, como a Terra Santa, porque nenhum outro reúne, em espaço tão pequeno, a marca da passagem de Deus, a «quarta dimensão» que não é fÃsica mas espiritual. «Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, que seque a minha mão direita. Que a minha lÃngua se cole ao paladar, Se eu não me lembrar de ti». (Salmo 137, 5) Nenhum salmo exprimiu tão profundamente a dor dos exilados hebreus nas terras férteis da Babilónia, como este cantor desconhecido, que nos apresenta os músicos a pendurar as harpas nos salgueiros dos canais do Eufrates lamentando a perda de Jerusalém. Através dos séculos, não foram só os judeus, mas também os cristãos e muçulmanos, que descobriram em Jerusalém a «cidade do Grande Rei», o lugar onde Deus veio formar o seu povo para o tornar testemunha da Sua Revelação e do seu Amor. Aos habitantes desta terra, pequena e pobre, colocada entre os grandes impérios do Egipto e da Mesopotâmia, Deus confiou uma mensagem espiritual. A aventura humana de peregrinar no crescente fértil, deu lugar a uma Aliança entre Deus e o homem, ocasião de graça e conversão. Percorrer os caminhos da Terra Santa, é colocar-se na estrada por onde Deus conduziu o seu povo e lhe revelou o Seu projecto salvÃfico, é entrar na compreensão e sabedoria de uma história humana que se tornou história da salvação e na qual Jesus, o Filho da Virgem Maria, deu todo o sentido e cumpriu as promessas de Deus. Os peregrinos da Terra Santa sempre sentiram, desde os tempos apostólicos, que este lugar, como escreveu um Padre da Igreja, é o «oitavo sacramento». Peregrinar é ir ao encontro do transcendente mediante o contacto e a captação de uma mensagem espiritual que flui deste solo sagrado. Nenhum outro lugar na terra conseguiu até hoje atrair tanto cristão, judeus e muçulmanos, que se expuseram a todos os perigos, mesmo o da própria vida, como a Terra Santa, porque nenhum outro reúne, em espaço tão pequeno, a marca da passagem de Deus, a «quarta dimensão» que não é fÃsica mas espiritual. É certo, Deus não está condicionado pelo tempo e lugar, mas esta terra dos patriarcas, profetas, de Jesus e de Maria, é uma oportunidade que a alma humana nunca desprezou, para sentir Deus mais perto, saborear a BÃblia no ambiente em que foi escrita, vivida, sofrida, inspirada. 2 - Após a Entifada de Setembro do ano 2000, a Terra Santa, devido à falta de segurança, ou ao menos à propaganda de perigo de vida, perde a visita dos seus milhões de peregrinos que, no Ano Santo, tinham entrado em número nunca suplantado, devido em parte ao apelo feito pelo Santo Padre que também a visitou nesse ano. Os dois anos seguintes afastaram os peregrinos, embora alguns pequenos grupos a tivessem visitado sem nunca serem ofendidos. No ano de 2003, vários episcopados da Europa visitaram a Terra Santa, contactaram com os bispos locais e observaram as dificuldades do abandono a que estavam sujeitos os seus habitantes e da hemorragia de cristãos para o estrangeiro, de tal forma que a Terra Santa ficaria em breve sem cristãos. Recomeçaram algumas peregrinações e neste ano de 2004, no mês de Agosto, o número de visitantes atingiu 180.000, ou seja, mais 52% do que em 2001 e 37% mais do que em 2003. Nos primeiros oito meses de 2004 entraram em Israel um milhão de peregrinos, esperando-se que até ao fim do ano este número supere milhão e meio. No mês de Outubro esteve na Terra Santa um grupo de peregrinos espanhóis acompanhados por um Cardeal e sete Bispos. Antes destes, tinham convidado os seus fiéis a visitarem a Terra de Jesus e dado um sinal de confiança e segurança com a sua visita, os episcopados de Itália e França. Um grupo de sacerdotes portugueses, acompanhados por um bispo e um director de viagens, seguiram o mesmo exemplo no princÃpio de Novembro. A impressão geral do grupo português, ao percorrer a Galileia, Jerusalém e Belém, é que há condições de segurança para visitar a Terra Santa, e que tanto os cristãos como os muçulmanos e judeus esperam e agradecem esta presença. Até agora nenhum grupo de peregrinos foi ofendido, embora, como em qualquer parte do mundo, se possa sofrer um dano colateral com um possÃvel acto terrorÃstico. Da América têm vindo inúmeros grupos de evangélicos, da Polónia desde o ano 2001 vem um grupo cada mês, da Itália e França acorrem diversos grupos. O paÃs que deixou de organizar visitas a Israel foi Portugal. Apesar disso neste mês de Novembro cerca de uma centena de cristãos do Movimento Neo-Catecumenal hospedaram-se na sua magnÃfica casa na Galileia, no Monte das Bem-aventuranças, que já recebeu este ano cinco mil peregrinos. A esperança renasce. Os peregrinos anunciam um clima de paz, como as andorinhas a primavera. Os santuários cristãos rejubilam com a Santa Liturgia e cânticos em diversas lÃnguas. Mesmo na mÃstica Belém, zona de palestinianos, os peregrinos circulam com confiança e alegria. A autoridade palestiniana exigiu e bem, que a entrada de peregrinos nesta zona fosse feita através de carros de palestinianos, conduzidos pelos seus guias que os levam à BasÃlica da Natividade onde celebram o Natal de Cristo, comem nos seus restaurantes e fazem compras nas suas lojas. Desta forma o trabalho aumenta e a tentação de emigrar diminui. 3 - Os peregrinos portugueses visitaram os patriarcados grego católico e latino, onde foram recebidos pelos chefes religiosos locais. Trocaram impressões sobre a vida das populações, a paz, o muro que separa algumas aldeias, o futuro do paÃs após Arafat. Ambos os chefes disseram que já antes de Jesus os árabes viviam no paÃs, que receberam o evangelho e têm a missão de transmitir aos seus filhos a mensagem cristã. De forma alguma são estrangeiros, mas os descendentes das primitivas comunidades cristãs que se reuniam com os apóstolos e Maria mãe de Jesus para celebrar a eucaristia. Agradecem a presença dos peregrinos, não só por razões económicas, mas para mostrar que os santuários cristãos pertencem a todos os baptizados. O Patriarca latino afirmou que sem os lugares santos das três grandes religiões ˆ católica, judia e muçulmana - não haveria guerra na Terra Santa, porque nada recompensa tanto sofrimento e morte, a não ser a conservação, visita e oração na terra de Jesus. As treze comunidades cristãs estão felizmente unidas na defesa dos seus direitos, na conquista da paz e na harmonia com o povo judeu. O seu número é restrito, cerca de 0,2% de toda a população. Tudo depende, dizem, de Israel e dos Estados Unidos. Um jornalista hebreu escreveu há pouco que o maior inimigo de Israel era o Presidente dos Estados Unidos, porque não pressionava o Governo de Israel para a paz e atraia sobre o seu paÃs a inimizade, desprezo e até o ódio de grande parte do mundo. O arco Ãris da paz parece brilhar sobre os montes da Galileia e Judeia. A paz de Deus é um dom que se recebe do alto e se conquista cá em baixo com os construtores de fraternidade e de pontes de união entre os diversos povos. O que vimos, saboreamos e contemplamos na Terra Santa, leva-nos a programar uma Peregrinação Diocesana à terra de Jesus no próximo ano, no inÃcio de Setembro. Como o povo judeu rezou e cantou durante vinte séculos no exÃlio, nós também apregoamos aos nossos cristãos: «No próximo ano em Jerusalém! No próximo ano na Jerusalém reconstruÃda!» Funchal, 14 de Novembro de 2004 D. Teodoro de Faria, Bispo do Funchal Terra Santa Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...