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A vergonha dos incêndios

Associação Famílias
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Mensagem da Associação Famílias sobre a onda de fogos que varreu o país

Faça à onda cíclica de fogos que varrem o país, consomem matas, destroem solos e matam pessoas, sinto-me envergonhado por ter nascido neste país! Sinto-me envergonhado por ter nascido neste país! Sinto náusea pelos políticos: os que estão e os que estiveram no poder. Não acredito neles e muito menos na vontade em diminuir esta catástrofe anual. Ninguém mostra, de facto, vontade em reduzir os riscos fazendo cumprir a lei: limpar as matas que estão, salvo excepções, uma vergonha e constituem um risco enorme; proibir o foguetório de verão que em muitos sítios continua estupidamente a ouvir-se e a ver-se (sou testemunha disto e disso avisei o 117!); dos pirómanos não castigados severamente: os inimputáveis, que parecem ser todos pelo que se lê na comunicação social, continuam à solta e de ano para ano a deleitarem-se com o “espectáculo”, os imputáveis com medidas que fazem rir!...; o povo burro e estúpido que continua a fazer “churrascos” ou queimadas onde e quando não devem… E por aí fora. O Decreto-Lei nº 156/2004 de 23 de Junho não é cumprido. Fazer leis não é difícil. Cumpri-las e fazê-las cumprir é o pior: mexe com “amigos”, com interesses… Por que “carga de água” os proprietários e matas hão-de ser limpas, se vão gastar dinheiro? Das matas interessam os pinheiros e os eucaliptos. As populações que se amanhem!... Cada vez mais descreio dos políticos. E quando os oiço na televisão “carpir” sobre a desgraça que são os incêndios sinto uma revolta sem fim. Todos os anos o mesmo discurso. E todos os anos o apelo aos subsídios como se não houvesse mais onde gastar o dinheiro e não houvesse urgência em fazer cumprir a lei. Nacionalizem-se (sublinho e repito: nacionalizem-se!) as matas não cuidadas. Não que o Estado seja modelo no tratamento do que é seu. Mas essa medida poderia fazer recuar a incúria. O bem comum está acima do bem individual. Por isso, sou, sem margem para dúvidas, pela apropriação pelo Estado do que não é tratado, cuidado e posto ao serviço do bem comum. As florestas são património da humanidade, são um bem comum. Se os seus titulares não podem, não querem nem sabem gerir o que é seu e, desse modo, põem em risco o bem comum (qualidade do ar, do ambiente, destruição dos solos, destruição da biodiversidade entre outros bens de todos que a floresta nos dá) o Estado tem a obrigação de intervir. A bem de todos. Em jeito de conclusão: aplique-se a lei com firmeza, a tempo e sempre; nacionalize-se, já, a floresta abandonada e causa de tanta destruição!


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