Acolher, como Cristo, as crianças das nossas comunidades D. António Marcelino 18 de Fevereiro de 2004, às 15:34 ... Mensagem do Bispo de Aveiro para a Quaresma de 2004 Há sempre crianças carentes de amor e de atenção nas nossas comunidades paroquiais. Os seus pais estão demasiadamente ocupados com o trabalho profissional. Muitas delas não têm avós. Nem todas as que frequentam a escola beneficiam da ocupação dos tempos livres e ficam na rua ou em casa, sem mais ninguém, durante muitas horas à mercê da televisão ou da internet, sem que tenham sido educadas para o seu bom uso. Há que recordar a sua insegurança perante os ataques que algumas delas vêm sofrendo, por parte de gente sem escrúpulos e degradada nos seus comportamentos. Alguns pais caÃram na obsessão do medo e tentam, por vezes exageradamente, meios de defesa para os seus filhos menores sempre que estão na rua, ou na escola. Frequentemente é na própria casa de famÃlia que as crianças são maltratadas. Há, ainda, crianças fragilizadas porque os pais se separaram e elas não encontram lugar para si num novo casamento que se iniciou. E todos sabemos como, por todo o lado, há crianças na rua, fora da escola e da famÃlia que, à s vezes, já nem a têm, em perigo ou já expropriadas de muitas maneiras, num permanente estado de deseducação. Na fidelidade ao Evangelho e ao testemunho pessoal de Jesus Cristo, sempre a Igreja se preocupou com as crianças, colaborando com os pais, de modo directo e pessoal ou através de instituições educativas e de apoio e prevenção. Muitos milhares de crianças estão nos nossos centros sociais, frequentam as nossas catequeses e os nossos agrupamentos de escuteiros, são acolhidas e educadas em algumas das nossas instituições de emergência e prevenção. Os grupos sociocaritativos paroquiais, prestando apoio à s famÃlias, o prestam ao mesmo tempo aos filhos. Porém, a condição das crianças, na nossa sociedade, tem sofrido tantas alterações que o conselho do Papa, que nos pede uma reflexão sobre essa condição, se apresenta como actual. É neste sentido que convido os cristãos a ler, cuidadosamente, a Mensagem de João Paulo II para esta Quaresma, e recomendo uma revisão séria ao cuidado e à atenção que prestam as paróquias e as instituições à s crianças, tendo em mente a realidade deste tempo e do nosso meio, no que à s crianças se refere. Uma especial referência, com apelo de atenção, quero fazer à s crianças com deficiências profundas, sobretudo psÃquicas. Há, por vezes, situações urgentes em algumas comunidades paroquiais, a que os serviços públicos ainda não dão resposta. Porque não encontrar, por exemplo, voluntários e espaços para acolher crianças que saem da escola e ficam na rua? As ATLs começaram em paróquias atentas que, perante as necessidades, viram o que podiam fazer pelas crianças e fizeram-no mesmo, disponibilizando espaços durante algumas horas e mobilizando voluntários para as acompanhar. Só mais tarde surgiram soluções institucionais subsidiadas pelo Estado. Em acção social sempre a Igreja foi inovadora e precursora e é bom que não deixe de o ser agora, se tal se justificar. Muitas crianças precisam de que nas nossas paróquias se sinta o amor que por elas teve o Padre Américo, o Frei Gil e tantos outros, que por elas continuam a traduzir o seu amor, em dedicação e cuidado sem reservas Há que reexaminar a situação das crianças, qualificar mais ainda o que já se faz, ser criativos perante necessidades não atendidas. Jesus, o Mestre, apresentou as crianças como referência de valores indispensáveis aos adultos e delegou nos seus seguidores o cuidado para que as crianças sejam sempre amadas, apoiadas e defendidas. António Marcelino, bispo de Aveiro Quaresma Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...