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Afastar a tentação da violência e da guerra

D. Manuel Neto Quintas
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Mensagem de Natal do Bispo do Algarve

A todos os cristãos do Algarve, a quantos aqui vivem, trabalham ou vêm passar alguns dias nesta quadra natalícia, dirijo uma mensagem amiga, com o convite a nos deixarmos envolver pela alegria e pela paz que brotam do mistério que vamos celebrar: o próprio Deus assume a nossa natureza e a nossa vida; vem habitar entre nós; apresenta-se-nos na fragilidade de uma criança como o Emanuel, o Deus-connosco. 1. Anuncio-vos uma grande alegria... (Lc 2,10) Natal é tempo de alegria: alegria testemunhada já por Isabel, aquando da visita de Maria, que acabava de proferir o seu sim ao convite de Deus e irrompia num hino de júbilo e louvor pelas maravilhas que Deus nela realizava; alegria presente no anúncio dos anjos aos pastores de Belém, que depois de terem encontrado "Maria, José e o menino deitado na manjedoura", regressaram "glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido" (Lc 2,16.20); alegria de quantos se deixam contagiar por este mistério de amor, manifestado na humanidade de Cristo, pelo qual temos acesso à própria vida de Deus. "Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida - escreveu S. Leão Magno no século V - uma vida que destrói o temor da morte e nos infunde a alegria da eternidade prometida. Ninguém é excluído desta felicidade, porque é comum a todos os homens a causa desta alegria: Nosso Senhor Jesus Cristo, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio para nos libertar a todos". 2. Paz na terra aos homens amados de Deus! (Lc 2,14) Paz na terra... foi o anúncio dos anjos, nos céus de Belém, para assinalar o nascimento de Jesus. Anúncio que sentiremos ressoar, mais uma vez, com grande júbilo na noite santa de Natal. Os anjos foram portadores desta mensagem de esperança, que Deus quis comunicar a todos os homens e mulheres de todos os tempos e lugares e que nós, hoje, queremos escutar e acolher com a novidade e a intensidade da primeira hora: Deus ama a todos, sem qualquer distinção, e a todos transmite a esperança de um tempo novo, um tempo de paz. O recém-nascido, o Filho de Deus feito homem, é a manifestação da plenitude do amor com que Deus nos ama e o fundamento da paz que Deus deseja para todos. Ele "é a nossa paz" (Ef 2,14), dom de Deus para todos; veio para unir o que andava disperso, para destruir o pecado e todas as formas de divisão entre os homens; veio despertar a vocação de todos à unidade e à fraternidade; é, por isso mesmo "o princípio e o modelo da humanidade renovada e imbuída de amor fraterno, sinceridade e espírito de paz, à qual todos aspiram" (AG 8). A realidade do mundo em que vivemos, marcado por tantas formas de violência e de guerra, com todas as consequências devastadoras que delas advêm, e para as quais não se vislumbra o seu fim, recorda-nos cada dia que a paz é um dom de Deus confiado ao homem, como um edifício sempre em construção, que exige o empenho generoso de todos. Convido-vos a todos a acolherdes no mais íntimo do vosso coração o amor que o Deus-Menino nos vem comunicar; exorto-vos a serdes sinal e testemunhas desse amor que reconcilia cada um com Deus e consigo mesmo, renova as relações entre os homens e gera aquela sede de fraternidade que é capaz de afastar a tentação da violência e da guerra e nos impele para edificarmos a paz e vivermos em sã alegria. A todos desejo um SANTO E FELIZ NATAL e um NOVO ANO repleto das bênçãos de Deus. † Manuel Neto Quintas, scj Bispo do Algarve


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