Apostar na legalização como caminho de integração OCPM 02 de Fevereiro de 2004, às 13:08 ... Intervenção do CORCIM na Concentração/Festa de Imigrantes, em Lisboa CarÃssimos amigos, senhoras e senhores, Falo em nome das organizações católicas que se associaram a esta concentração/festa, neste dia em que por toda a Europa decorrem manifestações semelhantes pelo reconhecimento dos legÃtimos direitos dos imigrantes. Na Igreja ninguém é estrangeiro; e enquanto esta plena cidadania não existir na sociedade o cristão não pode estar de consciência tranquila. Preocupa-nos a dimensão securitária das leis da imigração; preocupa-nos a burocracia inadmissÃvel que neutraliza o que de bom a lei ainda tem; preocupa-nos, sobretudo, entre outras coisas, a crescente hostilidade dos portugueses para com os estrangeiros. Queremos para todos oportunidades iguais de realização, acesso ao trabalho sem discriminações na base do salário igual para trabalho igual, acesso à saúde, à educação e habitação independentemente da origem étnica ou nacional. A história demonstra que os povos que mais progrediram foram aqueles que melhor souberam acolher e integrar os imigrantes. Esta é uma boa razão para dizermos não ao regime de quotas irrealistas e imperativas em voga pela Europa e agora também em Portugal. Os 60 milhões lÃquidos de lucro dos imigrantes para os cofres do Estado no último ano sejam usados para melhorar o acolhimento, agilizar os processos de legalização, combater a burocracia e apoio ao associativismo da Sociedade Civil. Mas o critério para quantificar as legalizações não pode ser apenas o bem do paÃs de acolhimento, sobretudo quando é sabido que as causas últimas das migrações estão na injusta distribuição da riqueza entre nações ricas e pobres. Queremos do conjunto dos portugueses uma atitude diferente, mais positiva, para com os imigrantes; não podemos tolerar os oportunistas, demagogos e populistas que continuam a ligar indevidamente imigração com crime, insegurança e desemprego só para arrebatarem mais uns votos. O reagrupamento familiar é bom quer para o imigrante quer para o nosso paÃs; por isso exigimos que se facilite e se removam os obstáculos insensatos que o dificultam. Lutamos pelo direito à habitação para todos, portugueses ou não. Não podemos tolerar despejos sem alternativa acessÃvel de alojamento. Justiça desumana é suprema injustiça. Da comunicação social esperamos uma atenção maior aos imigrantes e à s boas práticas no campo da imigração, dos refugiados e do povo cigano. Destaquem os factos positivos, o enriquecimento cultural do paÃs, o contributo do imigrante para o desenvolvimento, para a renovação da população, para a sustentabilidade da Segurança Social, para a liberdade religiosa, diversidade cultural etc.. Aos imigrantes já legalizados e integrados apelamos a que se empenhem nesta causa, não percam da memória dos primeiros tempos em Portugal e se solidarizem na legalização e integração dos mais vulneráveis e recém chegados. Aos intelectuais católicos pedimos que desçam da cátedra e sujem as mãos ou os pés para conhecerem a situação real do imigrante lá onde ele vive, trabalha e reafirma a sua identidade cultural; aos responsáveis das paróquias e movimentos e IPSS que não se cansem de acolher e fazer bem, procurando ao mesmo tempo afastar as causas estruturais das injustiças; à Hierarquia da Igreja pedimos uma intervenção mais forte e mais unida em favor do imigrante e do povo cigano cigano junto das instâncias do poder. A todos, enfim, pedimos que vejam na imigração mais um desafio do que um problema. Tenho dito. Pe. José Gaspar, em nome do Colectivo de Organizações Católicas para a Imigração (CORCIM) Concentração/festa pela Legalização dos Imigrantes, Lisboa, 31.01.2004 Migrações Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...