Documentos

Bispo assinala Jubileu do Carmelo de Aveiro

D. António Francisco dos Santos
...

D. António Francisco dos Santos fala de um «Oásis de oração e caminho para Deus» com 450 anos

“O mundo para mim é apenas o caminho para Deusâ€, escrevia, no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, a Irmã Lúcia. Esta é uma bela forma, entre as muitas possíveis, de definirmos a vocação e a missão da vida contemplativa: ser, aprender e ensinar o caminho para Deus. Assim procuraram ser e viver as Carmelitas desde a sua primeira presença em Aveiro. Partiram de Lisboa, provenientes dos dois conventos existentes, no dia 6 de Julho de 1658. Há precisamente 450 anos. Chegaram a Aveiro no dia 14 do mesmo mês e deram entrada no Convento para elas construído, no dia 16, dia litúrgico de Nossa Senhora do Carmo. O convento das Carmelitas em Aveiro foi o terceiro fundado em Portugal. Aqui permaneceram ininterruptamente até 1879, data em que pela morte da última religiosa se encerrava o Convento, de acordo com a lei injusta da extinção das Ordens religiosas em Portugal. Mais de um século depois, garantidas as liberdades necessárias e salvaguardados os direitos das pessoas e das instituições, as Carmelitas regressaram a Aveiro, em 20 de Novembro de 1983, vindas de vários conventos de Portugal, sobretudo dos de Coimbra e do Porto. Foram recebidas na Igreja das Carmelitas, no seu primitivo Convento e passaram a viver desde esse dia na Casa Paroquial de Eirol, até à inauguração do seu novo Convento, em S. Bernardo, a 3 de Fevereiro de 1991. A vida e a vocação dos contemplativos são, aos olhos do mundo, estranhas, surpreendentes e interpelativas. A oração intensa, a adoração perene e o trabalho humilde transformam, aos olhos dos cristãos, cada convento de clausura em oásis de espiritualidade e santuários de bênção. A paz, o silêncio e a contemplação são fontes de alegria e de esperança, espelhadas no olhar puro e simples de quem, habitado por Deus, reparte o amor e a esperança pelo mundo e retira com suavidade e mansidão deste mesmo mundo a vaidade, a ganância, o orgulho, a inveja e a maldade. Os caminhos humanos do nosso tempo estão frequentemente marcados pela rotina, pela corrida e pela pressa e obrigam-nos a passos distraídos e a viagens desencontradas que nos distanciam da verdade, do bem e do belo e nos afastam de Deus e das pessoas. Faltam-nos a serenidade, o silêncio e a paz para contemplar o mistério de Deus e descobrir o sentido feliz da vida. Testemunhar a existência de Deus é a característica mais autêntica do Carmelo e simultaneamente a missão mais atractiva que é proposta às Irmãs Contemplativas. Entra-se no Carmelo para adorar a Deus e desse modo servir os irmãos. Aqui se vive e ensina a viver o lema da Diocese: “Amar a Deus é servirâ€. Edith Stein, judia alemã, professora de filosofia e carmelita mártir do nazismo afirmava: “…Quem seriamente busca a verdade, consciente ou inconscientemente busca Deus…†Em Aveiro, onde a procura da verdade, o esforço de investigação e o trabalho empreendedor são características de excelência do ser, do viver e do agir da nossa terra é necessário encontrar a suavidade do silêncio, a beleza da oração e o caminho da busca de Deus que o Convento de Cristo Redentor nos oferece. Ao propor à Diocese celebrar este ano jubilar da presença carmelita em Aveiro, quis agradecer a Deus o dom e a bênção que para nós constitui o Convento de Cristo Redentor, desejei sublinhar a prioridade dada à pastoral vocacional na nossa Diocese e procurei tornar o Carmelo mais conhecido e amado. Ao encerrar no próximo sábado, dia 22 de Novembro às 15 horas, as celebrações jubilares, convido a Diocese para prosseguir na descoberta do valor inexcedível da vida contemplativa na Igreja e da sua acção evangelizadora e missionária. Sem oração é impossível e ineficaz a missão. A Missão jubilar diocesana que nos propomos neste quinquénio pastoral para celebrar o Jubileu da Diocese, passa necessariamente por esta primeira e sempre necessária experiência de oração e por este imprescindível testemunho da vida contemplativa. Confio à oração do Carmelo o esforço renovador da fé, a preocupação pela formação cristã dos leigos e a vida eclesial da nossa Diocese, para que sejamos verdadeiramente “Igreja Diocesana renovada na caridade, esperança no mundoâ€. O Santo Padre Bento XVI convida-nos a fazer do próximo dia 21 de Novembro, festa litúrgica da Apresentação de Nossa Senhora, um dia de intensa oração pelas comunidades de clausura e lembra-nos que “a presença da vida contemplativa na Igreja e no Mundo é indispensávelâ€. Convido igualmente a Igreja de Aveiro para esta permanente comunhão de alegria jubilar, de oração constante e de generosidade fraterna com as Irmãs Carmelitas do Convento de Cristo Redentor. +António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro Notícias relacionadas Exposição em Aveiro deu a conhecer a vida carmelita


Diocese de Aveiro