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Comunicado do Presidente da Associação dos Farmacêuticos Católicos sobre a discussão sobre o aborto

Luis Mendonça
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Em todos os principais códigos de princípios europeus a vida humana é um valor em si mesmo, e o seu respeito e o respeito pela sua dignidade são pilares de uma sociedade de cidadãos livres e solidários. Na realidade, o valor da vida humana está presente desde os códigos de princípios mais antigos aos mais recentes, desde aqueles que dizem respeito às nações e comunidades por si formadas, até aos códigos deontológicos que regem determinados profissionais como os de saúde. Isto é sinal de uma sabedoria milenar que a humanidade foi adquirindo ao longo da sua admirável história, que, apesar de tudo, nem sempre viu ser respeitada a vida humana. Se à sabedoria da humanidade juntarmos a sabedoria própria de cada ser humano que, dando-se conta da sua existência, percebe logo que a sua vida e a dos seus iguais é qualquer coisa de extremamente valioso, é fácil deduzir que há princípios que, em vez de os tentarmos alterar ao sabor das nossas inclinações momentâneas, pessoais ou colectivas, devemos antes tentar aprender com eles para que o percurso da humanidade não volte a sofrer novas surpresas desagradáveis. A vida humana deve, em primeiro lugar, ser preservada e defendida desde a sua concepção à morte natural. Mas a vida humana também deve ser preservada e defendida na sua dignidade. Ao Estado deve caber o papel de criar todas as condições para que isto aconteça: sociais, económicas, de saúde, de educação, de paz, de justiça e de liberdade. Esta actual discussão, parlamentar e cívica, sobre o aborto, deve levar-nos a todos a reflectir na forma como o Estado deve criar as condições atrás descritas e não a voltar a pôr em questão um princípio que, afinal, ainda há bem pouco tempo parecia corresponder à vontade dos cidadãos portugueses expressa em referendo. O actual debate é salutar e deverá corresponder ao livre exercício da democracia por parte dos cidadãos, na mesma ordem de razão, uma sociedade democrática deverá igualmente respeitar o resultado de um acto em que os cidadãos foram convocados expressamente para se pronunciarem sobre a questão do aborto. Luís Mendonça, Presidente da Associação dos Farmacêuticos Católicos


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