Comunicado dos Bispos da Guiné-Bissau sobre o acto eleitoral Octávio Carmo 01 de Abril de 2004, às 10:32 ... «Pedimos encarecidamente a todas as forças polÃticas que aceitem os resultados da votação» Nós, Bispos da Igreja Católica na Guiné-Bissau, desejamos dirigir a todos os membros das nossas comunidades, bem como a todos os homens e mulheres de boa-vontade uma palavra após o acto eleitoral que o PaÃs acaba de viver. Antes de mais queremos sublinhar o dever-direito que cada cidadão tem de participar na construção do seu PaÃs. Ora as eleições foram um momento propÃcio para explicitar esta participação e, de facto, o povo manifestou que desejava e estava pronto para intervir activamente neste momento importante para a sua vida e a vida do PaÃs. Os eleitores revelaram uma grande maturidade cÃvica e manifestaram, com o seu voto, confiança na classe polÃtica, demonstrando ter entendido e entrado no espÃrito da democracia. Sabemos que a democracia é um processo de aprendizagem e, como tal, é passÃvel de aperfeiçoamento. Nem tudo terá sido perfeito, tendo havido algumas falhas graves, sobretudo de ordem organizativa. No futuro será necessário corrigir estes erros, usando melhores métodos para que se possam atingir resultados mais satisfatórios. No entanto, pensamos que os incidentes ocorridos não tocam no essencial a qualidade do processo eleitoral, visto que a maioria dos eleitores conseguiu exprimir livremente a sua preferência de voto. O guineense aprendeu que tudo quanto tem valor tem um preço; não regateou sacrifÃcios nem antes nem durante o acto eleitoral. Revelou grande paciência aguardando este momento, continuamente adiado, e, ao ficar horas e horas, à espera da sua vez de votar, manifestou que tinha entendido a importância das eleições para dar uma oportunidade ao PaÃs de sair do impasse em que está mergulhado. Por todas estas razões, e porque o PaÃs precisa de condições para funcionar, queremos pedir à classe polÃtica a mesma maturidade democrática, o mesmo amor à Pátria e o mesmo espÃrito de sacrifÃcio que o povo manifestou ao acorrer à s urnas e ao manifestar as suas preferências polÃticas. Pedimos pois encarecidamente a todas as forças polÃticas que aceitem os resultados da votação. O que é importante, neste momento, é olhar para o futuro e empenharmo-nos na reconstrução do PaÃs, fazendo funcionar as instituições democráticas em vista da construção de uma sociedade mais organizada, harmoniosa, solidária e em maior sintonia com os parceiros de desenvolvimento e a Comunidade Internacional. Faz parte da lógica de eleições democráticas que haja vencedores e vencidos. Aos vencedores a tarefa exigente de governar, aos vencidos a tarefa não menos importante de fazer a oposição. A ambos a missão de construir um PaÃs viável, onde a Justiça, o Desenvolvimento e a Paz não sejam apenas palavras, mas se transformem num estilo de vida e de governação. Acreditamos que o povo guineense tem reservas morais que lhe permitem enfrentar o presente e o futuro com dignidade e com êxito, mas, para isso, é necessário que o bem comum prevaleça, fazendo cada actor polÃtico deixar de parte interesses pessoais ou de grupo e assumir as responsabilidades históricas da hora presente. QuerÃamos manifestar o nosso agradecimento à s organizações nacionais e internacionais, aos órgãos da comunicação social e a todos quantos trabalharam para criar um clima de serenidade e um sentimento democrático, motivando a população para uma participação que podemos considerar extraordinária e extraordinariamente lúcida e pacÃfica. Pedimos a Deus, Senhor da História, que abençoe o nosso PaÃs e que dê a todos - povo e classe polÃtica - a maturidade e a generosidade necessárias para construÃrem um futuro mais promissor e mais conforme aos desÃgnios de amor e de felicidade que Ele tem para cada um dos seus filhos. Bissau, 31 de Março de 2004 D. José Câmnate na Bissign (Bispo de Bissau) D. Pedro Carlos Zilli (Bispo de Bafatá) Guiné-Bissau Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...