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Conclusões das Jornadas de Formação Permanente do Clero em Aveiro

Diocese de Aveiro
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Respondendo a um apelo do papa Bento XVI que proclamou um Ano Sacerdotal sob a protecção de S. Cura de Ars e na linha do Simpósio do Clero de Portugal que teve lugar em Fátima no passado mês de Setembro, os padres desta Diocese de Aveiro subordinaram as suas Jornadas de Formação ao mesmo tema: “Ano Sacerdotal: do mistério ao ministério”. Estas Jornadas tiveram lugar na Casa Diocesana em Albergaria entre os dias 9 e 12 de Fevereiro com uma presença numerosa de padres e diáconos. Deram-nos, também, a alegria da sua presença o Bispo emérito da Guarda, D. António dos Santos, e o nosso Bispo D. António Francisco, que acompanhou todos os trabalhos.

De todo o trabalho realizado, das conferências proferidas, mesas redondas e trabalhos de grupos, creio, embora de forma sucinta, que poderemos apontar as seguintes com conclusões:

1.         Padres para este tempo: (D. António Marcelino)

Uma radiografia do mundo em que vivemos e particularmente das comunidades cristãs, mostra a exigência de uma nova resposta para uma cultura mais influente. Essa resposta não poderá ser de revolta ou de resignação, mas uma atitude missionária, criativa e inovadora a exigir não um novo padre, mas forma nova de ser padre onde sobressai: o homem de Deus, dom de Deus à Igreja e ao mundo; comprometido a tempo inteiro com o projecto de salvação de Deus; à maneira dos Apóstolos que a todos dá atenção; entregue por completo à missão que o obriga a ser criativo e inovador; que encontra a sua força na vivência da caridade pastoral em comum hão com o Bispo e o Presbitério.

2.         Um padre que fale a nossa linguagem, educado e educador dos afectos, com tempo e disponibilidade para partilhar, comunicar, que reza e consegue dizer, olhos nos olhos: estou feliz! (Mesa-Redonda: Prof. Élio Maia, Ivan Silva, Ir. Helena e Ondina Matos).

3.         Este padre assim marcado pelas vicissitudes doo tempo e da história e no meio dos ventos de uma monarquia de cadente e de uma república laicista, soube ser, entre pecados e virtudes, a imagem – às vezes diluída, é certo – da boa nova do Evangelho, ficando no meio do seu povo quando o resto debandou e se fez padre diocesano, às vezes mais social, outras mais espiritual, evangelizador e às vezes, administrador e hoje continua inovador, sem medo dos fracassos ou incompreensões porque a sua originalidade está em imitar Cristo belo e bom pastor da humanidade. (D. Carlos Azevedo)

4.         Esta figura do padre desejado para este tempo, alimenta-se de uma formação permanente que, mais que ciclos de conferências ou títulos académicos é uma atitude de vida, de toda a vida que tem na docibilitas a sua força e pressupõe uma disponibilidade constante para aprender e se exprime no conjunto das actividades ordinárias e extraordinárias da vigilância e discernimento, ascese e oração, estudo e apostolado que ajudam a maturar a nossa identidade na fidelidade criativa à nossa vocação… até ao último dia. (Pe. António Jorge)

5.         Se se alimenta da formação permanente, o padre tem na formação espiritual a pedra de toque que configura o ser do padre não com uma carreira ainda que bem sucedida ou com o êxito das suas obras ou o brilho das suas palavras, mas configura o ser do padre com a pessoa de Cristo que o envia não como doutrina a pregar, mas como pessoa a seguir e a imitar. “Sou padre porque quero ser padre…” à maneira de Cristo que é livre para ir onde quer… até ao sacrifício da Cruz, e que eu vivo na Eucaristia, no pastoreio do rebanho que me foi confiado, na vivência dos conselhos evangélicos e na formação de comunidades. (Prof. Emílio Magaña)

6.         Alimentado, assim, da formação permanente onde a formação espiritual tem lugar de destaque, o padre vive no presbitério. Este é a sua comunidade e, por isso, deve ser o espaço onde ele dá e encontra felicidade, alegria, e partilha sem necessidade de mendigar esmolas a outras espiritualidades boas, sem dúvida, mas que não são a nossa. Para isso, há que evitar todo o individualismo que me leva a querer ser mais que os outros, melhor que os outros, juiz dos outros ou profeta da desgraça e, desenvolver a capacidade de empatia que me leva a aceitar os outros como eles são, a ser sensível para com a história do outro e a cultivar uma sã auto-estima. Tudo isto se deve traduzir, de acordo com a L.G. no auxílio mútuo tanto espiritual como material, pastoral ou pessoal, nas reuniões, e na comunhão de vida, de trabalho e de caridade” (n.28). (Emílio Magaña)

7.         Finalmente, o P. Emílio Magaña traçou, para nós, as linhas mestras da formação do  presbiterado e apontou resumidamente, as seguintes: ir onde os jovens estão, acompanhá-los e educá-los na iniciação ao mistério porque Deus é mistério. Para isso precisamos de formadores bem formados a nível humano, pedagógico e espiritual que tenham na cabeça e no coração que o único formador é o Espírito Santo. Mas precisamos, antes de tudo, que cada sacerdote seja formador na sua comunidade, mostrando, pelo testemunho da sua vida, que é feliz na sua vocação.

Este projecto de reflexão que as jornadas nos proporcionaram incentiva-nos e anima-nos a integrar este contributo na formação permanente do nosso ministério e envia-nos, com renovada alegria, para a missão vivida num presbitério onde cada um se sente amado e capaz de amar o outro como irmão e para o meio das nossas comunidades onde fomos enviados como sinais vivos e alegres duma Igreja comunhão.

Casa Diocesana, 12 de Fevereiro de 2010



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