No dia 19 de Abril 2008, realizou-se no Centro Paroquial de Aldoar, na diocese do Porto, um Fórum Nacional sobre “Trabalho e Família, Valorização de Vida” promovido pela Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC).
Estiveram presentes 270 participantes, entre os quais uma delegação do KAB da Diocese de Aachen da Alemanha, uma delegação da Acção Católica de Cabo Verde, representações do Fórum Abel Varzim e da JOC – Juventude Operária Católica
Das apresentações dinâmicas das dioceses, quanto ao resultado das Revisões de Vida, realizadas nos últimos meses, pelos grupos de base sobre as realidades da família e do trabalho, constatou-se que:
Ø O modo de organização da sociedade não valoriza a família, havendo dificuldade em conciliar os horários de trabalho entre todos os membros;
Ø Há falta de capacidade para aproveitar e organizar bem o tempo disponível para estar em família;
Ø Há necessidade de trabalhar mais tempo, mais longe, em horários mais flexíveis para garantir o salário mensal;
Ø Apesar de todo o avanço tecnológico, assiste-se à intensificação dos ritmos de trabalho e a horários cada vez mais longos que provocam o cansaço e retiram tempo à família;
Ø Surgem consequências acentuadas para os trabalhadores, tais como a ansiedade, a insegurança, o medo, as doenças e a revolta;
Ø Coloca-se muitas vezes os trabalhadores uns contra os outros, o que rompe com os laços de amizade e solidariedade;
Ø Continua a haver desemprego, enquanto há trabalhadores que acumulam horas de trabalho e vários empregos.
Ø Relativizam-se os valores;
Ø Verifica-se a existência de uma cultura consumista;
Ø Há dificuldade em saber gerir o rendimento familiar;
Entretanto, das Assembleias temáticas realizadas, salientaram-se também as seguintes constatações:
Ø A crescente flexibilidade e desregulamentação na Europa provoca, entre outros, salários mais baixos e piores condições de trabalho, sendo cada vez mais difícil valorizar o trabalho não remunerado e a cultura.
Ø As alterações do tecido produtivo, com exigência de mobilidade, provocam a desestruturação familiar;
Ø As famílias necessitam de um suporte económico da sociedade e do Estado para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos filhos;
Ø As mulheres continuam a viver situações mais difíceis que os homens, pois acumulam o trabalho profissional com as tarefas domésticas;
Ø A mulher portuguesa vive condicionalismos que não lhe permitem ficar em casa assumindo a situação de maternidade, pois receia perder o seu posto de trabalho;
Ø As políticas de incentivo à criação de emprego e à formação profissional não têm apresentado resultados significativos na resolução do problema do desemprego;
Ø A sociedade do conhecimento é uma resposta ao desenvolvimento das sociedades, mas tem gerado novas desigualdades, como os info-excluídos;
Deste modo, alguns foram os desafios colocados aos participantes e aos Movimentos. Assim, devemos:
Ø Desenvolver o exercício da cidadania e defender a dignidade e o valor da pessoa humana;
Ø Ter confiança na nossa acção e acreditar naquilo que fazemos;
Ø Apostar na formação dos valores e da vida familiar, sendo muito importante intensificar a pedagogia do testemunho de vida;
Ø É preciso valorizar os afectos e apostar em acções de defesa do meio ambiente;
Ø Fomentar a partilha das tarefas domésticas;
Ø Valorizar o trabalho remunerado, voluntário e doméstico;
Ø Exigir que as qualificações profissionais se ajustem às necessidades do mercado do trabalho;
Ø Fomentar o empreendedorismo social, que pode permitira melhor utilização dos recursos com vista à solidariedade;
Ø Agir em favor do emprego com a mobilização de todos e não só dos desempregados;
Ø Incentivar à criação de redes locais ou comunitárias para o emprego e a qualificação das pessoas.
Ø Acreditar que Jesus Cristo Ressuscitado, alimento da nossa esperança, nos impele a construir um amanhã com trabalho, dignidade, justiça e solidariedade.
Ø Contribuir através da nossa acção transformadora, na construção do Reino de Deus.
Aldoar, 20 de Abril de 2008