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Conclusões do VI Encontro Nacional de Apoio Social ao Imigrante

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VI ENCONTRO NACIONAL DE APOIO SOCIAL AO IMIGRANTE Outras culturas, a mesma cidadania Fátima, 13 a 15 de Janeiro de 2006 CONCLUSÕES Pelo VI ano consecutivo, técnicos e voluntários das Caritas Diocesanas e dos Secretariados das Migrações encontraram-se para três dias de formação. A educação para a interculturalidade e o diálogo inter-religioso marcaram os trabalhos dos cerca de 60 participantes. Na abertura, D. António Vitalino (Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana) valorizou o enriquecimento que resulta do encontro com outros povos e com outras culturas e afirmou a exigência de diálogo ecuménico e inter-religioso. Conceitos da interculturalidade A mobilidade humana torna hoje irreversível o encontro de pessoas, culturas e religiões. É uma riqueza poder dispor de diferentes memórias, itinerários, línguas, visões e formas de pensar. A sociedade global e multicultural supera a era das independências dando lugar à novidade da inter-dependência, que conduz a uma reinvenção da escola, da educação, da relação, da religião; a uma superação das formulações binárias de dizer o outro e das representações sociais de o compreender, condenando uma identidade encerrada em estereótipos, preconceitos e discriminação. A escola, lugar privilegiado de encontros, está obrigada a repensar pedagogias, evitando atitudes subtractivas e apostando na “pedagogia aditiva”, que vai além da tolerância, acolhe com alegria as diversidades no mesmo grupo e permite a expressão de todas as identidades em presença. A existência de sociedades multiculturais exige a satisfação de condições fundamentais da vida humana: habitação condigna, condições materiais de acesso à família, ensino do português, resolução de conflitos. Trilhos para a interculturalidade Direito consagrado para todos, o acesso à educação e à cultura não atinge franjas da sociedade portuguesa. Reconhece-se legislação adequada, mas sem aplicação generalizada e incapaz de ser expressão de todas as diversidades (que não são apenas étnicas, mas de natureza sexual, geográfica, religiosa, e económica). Nos valores de cada cultura inclui-se uma religiosidade natural que, no relacionamento com o transcendente, assume vários caminhos consoante a experiência de povos e culturas. Só pelo diálogo se exercita a tolerância, se pratica o acolhimento, salvaguardando a identidade religiosa, pessoal e colectiva. O tratamento da imigração nos media conta já com um conjunto de profissionais especializados nesta temática, o que não retira a necessidade de se intensificar a formação inter-cultural dos jornalistas. Os participantes louvaram a preocupação de algumas publicações da Igreja Católica que têm contribuído para que a sociedade portuguesa conheça melhor as realidades dos países de origem dos imigrantes. Não é só com grandes projectos e complexas ideias que se rasgam os caminhos da aproximação entre as culturas. Ela acontece em pequenos gestos do quotidiano, em atitudes informais de sincera abertura ao diferente que tomam expressão em actividades desportivas, gastronómicas, musicais… Propostas com interculturalidade ● Contrariar a tendência da homogeneidade e aceitar o incómodo da diferença: - Continuar a valorização de docentes de outras línguas e culturas - Criar um modelo curricular adaptado à proveniência do aluno. - Incluir nos currículos o estudo autónomo do fenómeno religioso ● Afirmar o realismo de uma cultura religiosa que inclua as diferentes tradições: - Formar agentes pastorais para o diálogo ecuménico e inter-religioso - Aprofundar a experiência bíblica do encontro de culturas e religiões - Apoiar outras confissões religiosas a encontrarem espaços para o culto, sempre que manifestem esse interesse ● Praticar uma contínua proximidade com os media com vista ao exercício de uma sã convivência entre culturas e à divulgação de experiências que neste campo se vão realizando ● Multiplicar tempos e espaços de convivência mútua de entretenimento, de desporto, que vençam a solidão e as preocupações do quotidiano, retemperem energias e motivem a assunção da cidadania plena. ● Disponibilizar meios humanos e materiais para ultrapassar barreiras que impedem a realização da cidadania. ● Realização de estágios para sacerdotes em países de destino da emigração e de origem da imigração. O encontro foi dedicado a António Perotti (Padre), investigador pioneiro e mestre da interculturalidade, e assinalou o 92º Dia Mundial do Migrante e Refugiado, celebrado pela primeira vez em todo a Igreja no Domingo seguinte ao dia litúrgico do Baptismo do Senhor. Foram também recordados os mortos nas fronteiras num momento de oração. Organizado pela Caritas Portuguesa, a Obra católica Portuguesa de Migrações e a Agência Ecclesia, o VI Encontro Nacional de Apoio Social ao Imigrante terminou com a celebração da Eucaristia Dominical Do Dia Mundial do Migrante e Refugiado presidida por D. Augusto César, da Comissão Episcopal da Pastoral Social. O VII Encontro Nacional de Apoio Social ao Imigrante planeou-se para Janeiro de 2007, sobre o tema “Reagrupamento familiar”. Fátima, 15 de Janeiro de 2006


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