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D. António dos Santos passou testemunho na Guarda

Jornal «A Guarda»
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"Envolvidos nesta esperança, que nos vem do Alto, comemoramos os vinte e seis anos em que, por misericórdia divina fui dado como Bispo a esta amada Diocese da Guarda. (...) Ao longo de catorze séculos, a Igreja de Cristo tem estado presente e actuante, nesta zona geográfica, que é a Diocese Egitaniense. Sucederam-se os tempos, mudaram-se os rostos, mas continuou Cristo e não mudou o amor. É sempre a mesma Igreja, com a força salvadora do Espírito, embora diversa na sua encarnação histórica. Jesus é o verdadeiro e único Pastor desta porção do povo de Deus. (...) Esta celebração, a dois dias apenas da mudança de Pastor Diocesano, era dispensável. Foi, porém, da exclusiva iniciativa e mercê da insistência do Senhor D. Manuel, quando ainda não era pública a decisão do Santo Padre de me conceder a dispensa deste múnus pastoral. Dizem-me que é uma homenagem. Mas a maior homenagem que recebi da Diocese foi prestada ao longo destes anos de vivência comum: pela aceitação e cumprimento das orientações pastorais; pela oração e apoio sempre demonstrados; pela participação nas actividades apostólicas propostas; pela generosidade para com os Seminários e outras obras levadas a cabo; pelo acolhimento que em toda a parte me foi dispensado; e pela proximidade e conforto espiritual, ao longo da minha doença. Esta homenagem não a tomo para mim; é para Jesus Cristo, de Quem eu, embora indignamente, fui rosto visível. Aqui, sou apenas o pretexto. Não desejaria ser o destinatário. É o mesmo Cristo que nos ensina o desprendimento e a humildade que deseja ver nos seus discípulos: ‘Quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer’. Somos servos inúteis! Sem a graça de Deus, tudo seria estéril. Evocando, hoje, quantos me ajudaram no exercício da minha missão, como não recordar aqui todos quantos – Padres, Religiosos e Leigos – cooperaram comigo, no espírito de comunhão e sentido eclesial, na tarefa que a mim me cabia como Bispo? Com especial gratidão e amizade, quero destacar os sacerdotes que reproduzem, no meio do Povo de Deus, a imagem do Bom Pastor de que fala o Evangelho de hoje. Caríssimos Padres, é da nossa relação amiga e confiante com a pessoa de Jesus Cristo que cresce em nós esta imagem do Bom Pastor. Mas, tal relação exige também a ‘íntima fraternidade sacramental’ entre nós, como acentua o Concílio Vaticano II. Especial atenção nos merecem os sacerdotes atingidos pelo sofrimento proveniente da doença ou de outras provações. Para estes e todos os que mais sentem ‘o peso do calor e do dia’ evoco as palavras reconfortantes do Profeta: ‘Os que põem a sua esperança no Senhor renovam as suas forças, formam asas como as águias, correm sem se fatigarem. Caminham sem se cansarem’. (...) Rogo ao Senhor que me perdoe os meus erros e as minhas deficiências. E a vós, Irmãos e Irmãs, peço igualmente benevolência e compreensão. Mas também dou graças ao Altíssimo por todos os dons e benefícios que nos concedeu". Homilia no dia 6 de Dezembro, vigésimo sexto aniversário da nomeação de D. António dos Santos para Bispo da Guarda


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