D. António Sousa Braga responde à s acusações sobre o Lar de Santa Maria Goretti D. António de Sousa Braga 21 de Julho de 2003, às 10:44 ... Comunicado do Bispo de Angra No passado dia 16 de Julho a RTP/Açores deu inÃcio a uma série de reportagens sobre o Lar de Santa Maria Goretti, na Ilha Terceira, com testemunhos de utentes que incriminam publicamente as religiosas que dirigem a Instituição há trinta anos. 1. Há meses tive efectivamente conhecimento de denúncias que motivaram um inquérito, entregue a quem cabe pronunciar-se sobre a matéria. Tenho acompanhado as irmãs no diálogo com a tutela para encontrar uma solução com menos prejuÃzo possÃvel para as utentes. Sem querer adiantar-me a quem deve apurar os factos, desejo reiterar aqui toda a minha solidariedade, seja para com as utentes e a Instituição, seja para com as religiosas e demais empregadas. Um facto esporádico ou menos feliz, como acontece em qualquer famÃlia, não pode pôr em causa a avaliação global de um trabalho que é francamente positivo e benemérito, pelos resultados obtidos, verificáveis pelo grande número de utentes hoje normalmente inseridas na vida familiar e na sociedade. Disso estamos imensamente reconhecidos à s irmãs. E interpretando o sentir da maioria das utentes e sociedade terceirense – como se pode concluir dos gestos de solidariedade e estima que se multiplicam – pedimos-lhe desculpa por terem sido publicamente enxovalhadas e humilhadas, de tal maneira que se remeteram ao silêncio que é bem eloquente. 2. Lamento imensamente o sucedido. A amplificação mediática dos problemas reais das Instituições Particulares de Solidariedade Social não beneficia ninguém, nem a própria justiça, nem a defesa dos direitos humanos. Só complica, criando um clima emocional que muito prejudica o apuramento da verdade. Nessas Instituições trabalham pessoas, que dão do seu melhor, para o bem de quem, por circunstâncias várias e dolorosas, carece de apoio humano e social. É dever da sociedade e entidades apoiar essas pessoas, no cumprimento dessa nobre missão, ajudando a corrigir erros e lacunas. Hoje, muitas delas estão amedrontadas pela repercussão mediática de problemas que eventualmente possam surgir no dia-a-dia dessas Instituições. 3. Como se pode verificar em S. Miguel e no Continente, as irmãs também sabem trabalhar em «unidades familiares», como sugere a pedagogia. Só que, neste momento, não têm efectivos para o fazerem na Terceira. Por isso, retiram-se da Instituição, deixando campo aberto para quem possa fazer melhor e com confiança institucional. Antepõem a tudo o bem das utentes, a quem desejam um futuro risonho. 4. Pode haver alguém interessado em denegrir a imagem das irmãs, mas não vislumbro, na situação criada, desÃgnios obscuros de ataque à Igreja, feito em surdina. A Igreja «perita em humanidade» acredita no que faz, com a força humanizante do Evangelho, embora nem sempre seja devidamente apreciada a sua acção social, pejorativamente apelidada de «caridadezinha». A Igreja também preza e cultiva a competência técnica, temperada pelo amor gratuito, para além de todo o funcionalismo. 5. A moral que deve ficar de toda esta história é que as Instituições Particulares de Solidariedade Social, pertencentes ou não à Igreja, não se reduzam a simples réplicas dos serviços públicos, financiadas unicamente pelo erário público. É verdade que actualmente o Governo não gere directamente Instituições de Solidariedade Social. Entregou tudo à iniciativa privada, que tutela, como é seu dever. Mas, como financia tudo ou quase tudo, exerce um controle, que por vezes se afigura como intromissão indevida, o que contraria a dinâmica própria de uma instituição privada. A sociedade civil e a própria Igreja teriam que se mostrar mais activas e criativas, para poderem gerir instituições privadas, de forma suficientemente autónoma, o que não elimina a comparticipação do Estado, a quem cabe a obrigação de apoiar a iniciativa privada, criando as melhores condições, para que desenvolva todas as suas potencialidades, ao serviço do bem comum. Embora conheça instituições, que mesmo assim, estão a funcionar muito bem, faço votos que a sociedade civil se mostre mais dinâmica, neste, como noutros campos. António, Bispo de Angra Diocese de Angra Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...