Nota Pastoral sobre o falecimento do Arcebispo Emérito de Évora
Deus, na Sua infinita misericórdia, acaba de chamar a Si D. David de Sousa Arcebispo Emérito de Évora.
É com profunda dor que transmito à Comunidade Diocesana a inesperada notícia, mas, ao mesmo tempo, com grande esperança, pois o saudoso e venerando Prelado, que conduziu a Igreja Eborense entre os anos 1965 e 1981, bem podia dizer com S. Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel. A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz” (2Tim.4,7-8).
Enamorado pelo carisma de S. Francisco de Assis, D. David De Sousa entrou na Ordem Franciscana, quando jovem, e nela foi ordenado sacerdote, ocupando importantes cargos e desempenhando destacadas missões.
Dotado de grandes virtudes e sólida cultura teológica e bíblica, viria a ser chamado ao ministério episcopal, primeiro como Bispo do Funchal, e depois como Arcebispo de Évora.
Não eram fáceis os tempos em que teve de desenvolver a sua actividade pastoral em Évora. Viviam-se então os primeiros anos do posconcílio; e, no âmbito nacional, a Revolução de 25 de Abril de 1974 viera criar não poucas dificuldades e sofrimentos à Igreja, nomeadamente a esta Arquidiocese.
O Arcebispo Eborense, nas pisadas de S. Francisco, soube conduzir esta Igreja com bondade, humildade e paciência, mas, igualmente com clarividência e, sempre que as circunstâncias o impunham, com fortaleza evangélica.
Se a sua acção pastoral foi relevante, não foi menos significativo o seu testemunho de Pastor piedoso, pobre, amigo e cheio de zelo.
Motivos de saúde fizeram com que concluísse mais cedo do que era legítimo esperar, o seu ministério em Évora, e recolhesse ao Convento franciscano da Luz em Lisboa, onde fora, um dia, professor e reitor. Nesta comunidade viveria ainda longos anos, dando a todos um notável exemplo de oração, de silêncio, de amor fraterno e de serviço humilde, designadamente junto dos jovens estudantes a quem apoiava na área dos estudos bíblicos em que era especialista.
A Arquidiocese de Évora une-se nesta hora de dor e saudade em oração de sufrágio pelo seu antigo e querido Pastor, e curva-se reverente perante a sua grande figura de dedicado servidor da Igreja à qual consagrou toda a sua existência. A sua acção pastoral entre nós ficou assinalada em significativos aspectos, com particular relevo para a reestruturação das paróquias e a obra das vocações e dos seminários.
Agora, junto da Santíssima Trindade, não deixará de interceder por esta Igreja que lhe era tão cara, isto é, por todos nós que continuamos a peregrinar na fé, rumo à Casa do Pai.
+Maurílio de Gouveia, Arcebispo de Évora