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Dia Nacional da Cáritas

D. António de Sousa Braga
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Mensagem de D. António Sousa Braga

No próximo dia 14 de Março, celebra-se, em todas as dioceses portuguesas, o «Dia Nacional da Caritas». Em plena Quaresma, tempo forte de penitência, com expressão privilegiada em gestos de solidariedade. Vai nesse sentido a Mensagem do Papa, que nos exorta a viver a caminhada quaresmal, não só com oração mais intensa, mas também com maior atenção aos necessitados. 1) O profeta Isaias, falando em nome de Deus, aponta precisamente o amor do próximo, como caminho do verdadeiro jejum: «Não jejueis, como tendes feito até hoje... O jejum que Me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, despertar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, romper toda a espécie de jugos? Não é também repartir o pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante» (Is 58, 4-7)? A conversão a Deus passa pela prática do amor do próximo. Temos, pois, de viver a caminhada quaresmal de penitência, também através da partilha de bens em favor de quem mais precisa. Isso pode concretizar-se através da Renúncia Quaresmal, como já foi explicado e também contribuindo para as obras de solidariedade da Caritas, a nível internacional e nacional, diocesano e de ilha. É o objectivo dos ofertórios das Missas Dominicais e do peditório de rua, na Semana da Caritas (7-14 de Março). Neste ano pastoral, dedicado à Eucaristia, não podemos esquecer que o Serviço da Caridade nasceu na Igreja, em íntima ligação com a Celebração Eucarística. Bem cedo foram instituídos os diáconos, para servir a dupla mesa do altar e dos pobres. Desde os inícios, promoveram-se colectas em favor das comunidades mais necessitadas, como sinal da presença do Reino de Deus, Reino de justiça, amor e paz. 2) A Caritas é o organismo oficial da Igreja para a Acção Sócio-Caritativa. Mas a Caritas não tem objectivos apenas assistenciais. Sem descurar estes, quando as situações assim o exigem, a Caritas tem uma componente essencial de promoção humana, de análise e de tomada de consciência da problemática social. Por isso, é importante que, nas Paróquias ou pelo menos em cada Ouvidoria, haja Núcleos da Caritas ou outro organismo semelhante, que funcionem também como «observatório» da realidade social, agindo de consequência. Isso agora é facilitado pelos novos Estatutos da Caritas dos Açores, que lhe conferem um figurino de Federação das Caritas de Ilha, o que permite, seja a necessária orientação comum, como a presença concreta no «terreno». A participação activa e responsável dos fiéis cristãos na vida e missão da Igreja passa muito pelos Conselhos Pastorais e também pela Caritas, que neles deveria estar representada. Cada comunidade paroquial deve, com igual empenho, evangelizar e ensinar, orar e celebrar, amar e servir com justiça e caridade. Com a constituição das Caritas de Ilha, realizou-se em 2003 a Assembleia Geral, que indigitou a Caritas da Terceira, como responsável da coordenação diocesana, nos próximos três anos, papel que está desempenhando com grande dedicação e dinamismo. Aqui fica o nosso reconhecimento e apoio, esperando que não falte a colaboração das Caritas de Ilha. 3) Este ano, o «Dia Nacional da Caritas» está subordinado ao tema: «Família Solidária, Toque de Esperança». É que em 2004 celebra-se o 10º aniversário da Ano Internacional da Família. Há 10 anos, alertava-se já para «a crise da família», cada vez mais fragilizada, no contexto hodierno. A situação da família hoje continua crítica. Mas há maior consciência dos seus problemas e uma grande determinação em salvaguardar a sua originalidade, como instituição-base da sociedade. Apesar de toda a problemática actual, o Evangelho da Esperança passa pelas famílias. Ainda hoje, a família é a grande religião dos açorianos, onde quer que se encontrem. «Fundada sobre o sacramento do Matrimónio, apresenta-se como comunidade de primordial importância, pois tanto os cônjuges, como os filhos vivem nela a própria vocação e aperfeiçoam-se na caridade» (João Paulo II, Pastores Gregis, 2003, n. 52). Espero que as comunidades paroquiais e os diversos movimentos colaborem generosamente na Campanha da Caritas. Estão em causa a autenticidade e credibilidade da fé cristã, conforme esclarece S. João: «Quem ama a Deus, ame também o seu próximo..., pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, que não vê» (1 Jo 4, 20). + António, Bispo de Angra Angra, 27 de Fevereiro de 2004.


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