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Dia Nacional da Radio Ecclesia

Agência Ecclesia
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Nota da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé

I. UM FACTO POLÃTICO? 1. A Rádio Ecclesia foi, recentemente, o que alguns críticos apelidariam de facto político e não só religioso, principalmente quanto à extensão do seu sinal a todas as Dioceses do País. Na trémula caminhada da nossa democracia para a sua maioridade, há barreiras difíceis de ultrapassar. E uma delas é a liberdade de expressão, que não pode existir sem o livre acesso aos meios de comunicação social, através dos quais ela se faz ouvir. A pedra de toque da democracia, sem a qual não pode existir um estado de direito, reside na liberdade de expressão, manifestada na liberdade de imprensa. 2. Por feliz coincidência, celebramos, no dia 19 do mês corrente, o DIA MUNDIAL DAS MISSÕES, data esta em que nos cumpre reavivar a consciência do imperativo deixado por Cristo à sua Igreja, a saber: “Ide pelo mundo inteiro, e anunciai a Boa Nova a toda a criatura” (Mc 16,15). Neste grave imperativo está contido o dever e o direito de a Igreja anunciar o Evangelho aos homens e mulheres de todos os tempos e lugares. Enquanto dever, ele obriga todos os baptizados, a cada um segundo a sua condição, a difundir a doutrina de Cristo. Enquanto direito, ele diz-nos que nenhuma instância humana pode licitamente obstar o cumprimento desse dever. 3. No desempenho desta nobre missão, a Igreja tem o direito de utilizar os meios que a tecnologia moderna lhe proporciona, tais como a imprensa, a rádio e a televisão, cumprindo assim a palavra do mesmo Cristo que ordenou: “O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao ouvido, proclamai-o sobre os terraços” (Mt 10, 27). Este inviolável direito foi solenemente proclamado pelo Concílio Ecuménico Vaticano II, quando afirmou: “A Igreja Católica, fundada por Nosso Senhor Jesus para levar a salvação a todos os homens, e por isso mesmo obrigada a evangelizar, considera seu dever pregar a mensagem da salvação servindo-se dos meios da comunicação social (…). À Igreja, pois, compete o direito nativo de usar e de possuir toda a espécie destes meios, enquanto são necessários ou úteis à educação cristã e a toda a sua obra de salvação das almas” (Inter Mirifica, 3). No exercício dos seus direitos, porém, a Igreja faz questão de respeitar sempre as justas leis de cada País. II. Sentimento de discriminação. 4. Damos graças a Deus porque a Rádio Ecclesia, Emissora Católica de Angola, após dezoito anos de ausência, foi devolvida à Igreja Católica, com suas ondas curtas, ondas médias e frequência modulada, tal como declara, em ofício de 30 de Setembro de 1993, o Ministro da Comunicação Social. E desde então para cá, a Rádio Ecclesia é ouvida em frequência modulada pelos utentes de Luanda. Porém, sendo a Rádio Ecclesia Emissora Católica de Angola e não Emissora Católica de Luanda, os crentes das outras Dioceses questionam, com inegável razão, por que motivo é que o direito de ouvir a Rádio Ecclesia é só dos Luandenses e não dos habitantes das outras Dioceses. A esta pergunta tem sido oportunamente explicado que o emissor de ondas curtas não está operacional, e tem faltado verba para o reabilitar. 5. Depois de tanto esperar, apareceram, felizmente, doadores graças aos quais é possível estender o sinal da Rádio Ecclesia a todas as Diocese. Perante esta boa notícia, algumas Dioceses começaram logo, de plena boa fé, a preparar as condições para o desejado efeito. Mas esta operação foi suspensa por alegada falta de condições burocráticas que se pretendiam, principalmente, com a falta da atribuição expressa das frequências por parte do INACOM (Instituto Angolano das Comunicações). Neste momento, já estão atribuídas as referidas frequências. Por isso, rogamos a Deus para que a Rádio Ecclesia chegue, quanto antes, a todas as nossas Dioceses, como verdadeira Emissora Católica de Angola. III. Dia da RÃDIO ECCLESIA. 6. Considerando a Rádio Ecclesia como um instrumento insubstituível na acção missionária da Igreja, mormente nos tempos actuais, em que novos problemas nos desafiam para uma evangelização nova no método e na expressão, solicitamos a todos os Fiéis que elevem preces ao Senhor para que, sem obstáculos de espécie alguma, nem mesmo políticos, o sinal da Rádio Ecclesia possa chegar quanto antes a todas as nossas Dioceses. 7. E para que todos os Angolanos católicos amem esta rádio verdadeiramente como sua, apoiando-a com generosa colaboração, não só espiritual e profissional mas também financeira, havemos por bem determinar que: a) o dia 8 de Dezembro seja o DIA NACIONAL DA RÃDIO ECCLESIA, o qual há-de ser celebrado, anualmente, em todas as Paróquias, com um programa de antemão preparado pela Comissão Episcopal da Comunicação Social; b) na Oração dos Fiéis, mormente em dias festivos, acrescente-se esta invocação: Para que a extensão da Rádio Ecclesia chegue, quanto antes a todas as Dioceses de Angola, rezemos, irmãos. Confiamos a Emissora Católica de Angola a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, à Qual pedimos seja a sua solícita Madrinha e Protectora. Luanda, 12 de Outubro de 2003 Os Bispos Católicos de Angola e S. Tomé


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