Documento final do V Congresso Mundial da Pastoral para os Ciganos Francisco Monteiro 15 de Outubro de 2003, às 12:50 ... O documento final do V Congresso Mundial da Pastoral para os Ciganos foi distribuÃdo pelo organizador do V Congresso, o Conselho PontifÃcio para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, presidido por Mons. Stephen Fumio Hamao que acaba de ser elevado à dignidade de Cardeal no Consistório de 17 de Outubro. O Congresso teve lugar em Budapeste (Hungria) de 30 de Junho a 7 de Julho. Introdução Na introdução refere-se a presença do Presidente da República da Hungria na Missa do Congresso, celebrada no dia 3 e a da sua esposa na sessão inaugural, bem como a presença nesta sessão do Vice-Presidente da Conferência Episcopal e a do Encarregado do Governo Húngaro para os Assuntos concernentes aos Ciganos, entre outras entidades. Orientações pastorais Segue-se um relatório dos trabalhos do Congresso em que se dá relevo à s orientações pastorais que emergiram da Mesa redonda dos Directores Nacionais de: Alemanha, Bangladesh, Bélgica, Brasil, Croácia, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos da América, França, Grã Bretanha, Hungria, Ãndia, Itália, México, Polónia, Portugal, República Checa, Roménia, Sérvia e SuÃça. Interveio também o representante da Comunidade de Stº EgÃdio. Entre estas orientações salientam-se: a necessidade de despertar o interesse dos Bispos na pastoral dos ciganos, em cada Conferência Episcopal e em cada diocese onde esteja presente a comunidade cigana, a fim de que aà exista uma estrutura pastoral adequada; a urgência de um grande espÃrito de colaboração entre os párocos locais e as pastorais dos ciganos, devendo o desvelo daqueles ser extensivo aos ciganos que residem no território paroquial; as pastorais deverão ser dirigidas pelos ciganos, e ser inspiradas pelo seu grande sentido de comunhão e de amizade e pela sua experiência religiosa; a cultura cigana é uma interpelação à cultura gadgé. A presença cigana postula uma transformação substancial da sociedade gadgé, de tal modo que o diálogo entre ciganos e não-ciganos se desenvolva em condições paritárias. O empenhamento apostólico junto dos ciganos leva a uma transformação dos próprios agentes pastorais gadgé. Recomendações Investir na educação e formação profissional dos ciganos é uma prioridade. A percentagem da população cigana jovem não escolarizada é muito elevada. A escola para todos deve ser também para os ciganos; aÃ, a sua cultura deve ser valorizada, tal como os aspectos positivos da sua educação familiar. A pastoral deve valorizar as caracterÃsticas culturais próprias da famÃlia e da comunidade ciganas, tendo como objectivo a transformação de todos os homens e mulheres e da sua cultura em Cristo, à luz do Evangelho. A liturgia e a catequese devem ser adaptadas à mentalidade e à religiosidade próprias dos ciganos. A BÃblia deve ser traduzida nas lÃnguas ciganas. Deve prosseguir o diálogo ecuménico e inter-religioso com as várias Igrejas e Comunidades cristãs presentes no mundo cigano. Devem ser desenvolvidos o “protagonismo” cigano na prática da fé e a sua participação activa tanto na liturgia e na acção evangelizadora como na sua promoção humana. Os Ordinários locais, juntamente com a respectiva Conferência Episcopal deveriam envolver-se intensamente na pastoral dos ciganos. Os media são factores importantes e decisivos para a comunicação de uma imagem justa dos ciganos e para a sua pastoral. O relacionamento em rede dos sites dedicados à pastoral dos ciganos e à sua cultura é um objectivo. Apelo de Budapeste O V Congresso Mundial da Pastoral dos Ciganos apela para o cumprimento da salvaguarda dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, independentemente de qualquer identidade étnica, conforme sancionado na Convenção Europeia. O V Congresso considera que as condições habitacionais dos ciganos deveriam constituir um dos objectivos prioritários dos Governos; da melhoria da habitação dependem, em boa parte, as condições de saúde, educação e escolarização e o desenvolvimento económico e cultural dos ciganos. O Congresso recorda, em particular, os princÃpios que o Conselho da Europa formulou sobre o direito à habitação: não discriminação, liberdade de escolha do local de residência, participação das comunidades e associações ciganas nas concessões e na execução dos projectos de habitação que lhes são destinados. Apela igualmente para a instituição de serviços gratuitos de apoio judicial para que os ciganos não sejam prejudicados na defesa dos seus direitos. O Congresso apela a que os Estados incorporem nas suas legislações as recomendações do Conselho de Ministros do Conselho da Europa de 3/2/2000, sobretudo no que respeita ao acesso das crianças ciganas ao ensino pré-escolar, por forma a garantir-lhes o acesso à escolarização subsequente. A escola deve assegurar uma educação para todos os alunos, com respeito pela diversidade e pela sociabilidade. O Congresso enfatiza, neste apelo, a necessidade de valorizar os recursos humanos e culturais que 4 milhões de jovens e adolescentes rom e ciganos em idade escolar potencialmente representam e a urgência de que tal realidade se reveste para todos os Governos europeus. A Europa deve tomar consciência da perda que constituiria para o Continente a não consideração da presença destes 4 milhões de jovens, metade dos quais nunca foi escolarizada. O Congresso constata a vontade que os ciganos têm relativamente ao seu desenvolvimento e à sua inclusão nas comunidades nacionais onde vivem e trabalham e apela à s Autoridades e a toda a sociedade civil a que considere e acolha esta dinâmica dos ciganos na determinação do seu futuro que resultará num futuro melhor para todos. Dirigindo o seu apelo aos Responsáveis das Nações e ao mundo, o Congresso olha também com confiança para a Igreja, Mãe e Mestra, pedindo-lhe que apoie este apelo. Pedimos, pois, à s Igrejas locais, que, com um espÃrito profético, denunciem as injustiças de que são vÃtimas grupos de ciganos que se encontram no seu território: são injustiças que manifestam quer indiferença egoÃsta, quer preconceitos e discriminações. A Igreja é chamada a apoiar o empenho pastoral em favor dos rom e ciganos em todo o planeta, com a consciência das ligações profundas que unem a evangelização à promoção humana. Tendo este apelo uma “cor” europeia, visto que o é a maioria dos seus subscritores, desejamos que a Igreja se volte, com atitude de mãe, para todos os rom e ciganos que, na Europa, são discriminados e não violentos, porém estão ou estiveram sujeitos a sorte terrÃvel, especialmente no século passado, e que lhes manifeste a sua solicitude, tendo em vista o seu bem espiritual e também a defesa dos seus direitos desprezados. Assim queira o Senhor. Budapeste, 5 de Julho de 2003 Pastoral dos Ciganos Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...