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Educar é um acto de Amor

Comissão Episcopal da Educação Cristã
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Nota Pastoral da Comissão Episcopal da Educação Cristã para a Semana Nacional da Educação Cristã (02-09 de Outubro de 2005)

1. Em Maio passado, a Comissão Episcopal da Educação Cristã publicou uma Nota Pastoral sobre o importante lugar que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica tem no currículo dos ensinos básico e secundário, chamando a atenção dos alunos e dos pais/encarregados de educação relativamente ao contributo que a mesma dá para a formação global dos alunos, e alertando para a responsabilidade dos pais/encarregados de educação quanto às decisões que devem tomar relativamente à orientação da formação moral dos seus filhos/educandos. Ao iniciar mais um ano escolar, com as escolas já em pleno funcionamento e a catequese da maioria das paróquias a principiar a sua actividade, dirigimo-nos de novo aos jovens e aos pais/encarregados de educação, aos párocos e aos sacerdotes, em geral, aos demais agentes de educação, em especial os professores, os educadores e os catequistas, e a quantos se interessam pelo pensamento e as orientações da Igreja em matéria de educação. 2. A educação é um processo catalizador de amadurecimento humano. É o meio indispensável ao desabrochar harmonioso das potencialidades que permitem ao ser humano reconhecer-se como pessoa autónoma e livre, com um projecto de vida orientado para um ideal a atingir. Através da educação, o ser humano aperfeiçoa-se, eleva-se do nível dos instintos e dos desejos ao plano da razão, atributo distintivo da pessoa, que dá a cada um a capacidade de se reconhecer e de se adaptar ao meio circundante, de encontrar sentido para a vida e de elaborar projectos que o comprometem na construção do futuro e lhe conferem autenticidade. 3. Uma verdadeira educação implica, sempre, a relação humana entre o educador e o educando. Sendo o educando o protagonista principal da sua própria educação, “os educadores são verdadeiros artífices de um futuro de pessoas harmoniosamente desenvolvidas e com boa relação pessoal”(1) . Uma visão redutora da pessoa humana que valoriza apenas algumas das suas dimensões, as exigências de preparação para o ingresso a níveis superiores de ensino e de selectividade nas entradas nas instituições educativas, e a necessidade crescente de aquisição de conhecimentos e de competências para a inserção no mundo do trabalho, têm conduzido ao empobrecimento do conceito e da prática da educação. Sobrevaloriza-se a aquisição de conhecimentos e de competências, esquecendo-se a formação global indispensável à aprendizagem do “saber ser”. Nestas condições, os educadores tendem a tornar-se meros transmissores de informação, convertendo a pedagogia em técnicas de eficácia da comunicação. 4. A visão cristã da pessoa e da educação põe em causa tanto as concepções redutoras da pessoa como o pragmatismo da educação utilitária. Abre o homem e a mulher à totalidade das dimensões da pessoa, incluindo os valores espirituais e religiosos. Refere-os a Cristo, Verbo Encarnado, o único que esclarece verdadeiramente o mistério do Homem (2). E entende o educador como alguém que acompanha o educando e o ajuda a crescer, alguém cuja missão essencial é, não só transmitir conhecimentos, mas testemunhar uma coerência de vida que confira a devida autoridade à palavra transmitida. 5. Só uma relação de amor que envolva todos os intervenientes no processo educativo pode tornar fecunda a tarefa educativa. Criado à imagem e semelhança de Deus que é amor, o Homem só no amor atinge a plenitude da realização e se torna semelhante ao próprio Deus (3). Como diz S. Paulo, mesmo que alguém possua os dons mais excelentes, se não tiver amor, nada será (cf. 1 Cor 13,3). Educar é um acto de amor. Só o amor é capaz de gerar humildade diante do saber, autoridade que se funda no serviço, respeito pela individualidade de cada um, reconhecimento e autoconfiança, capacidade para dar e receber, apetência para acolher propostas e seguir valores, energia para vencer obstáculos. 6. Os pais são os educadores por excelência e não devem abdicar dessa missão, delegando-a em outras instituições. Os filhos são fruto e expressão do amor. A responsabilidade educativa radica nesse amor inicial e é expressão do seu florescimento. Assim, neste início do ano escolar: * advertimos os pais para que colaborem activamente com a escola na tarefa educativa dos filhos, fazendo-lhes sentir quanto a aprendizagem é importante e o esforço recompensador; e colaborem com a Igreja, acompanhando a catequese e o crescimento da fé dos filhos, testemunhando eles próprios a fé, vivida na família e na comunidade cristã; * aos párocos e demais sacerdotes reconhecemos a sua generosidade e dedicação, e alertemos para a urgência da renovação da pastoral familiar, do empenho na formação de catequistas e da atenção ao diálogo e cooperação com as instituições de educação e ensino; * aos professores, particularmente os de Educação Moral e Religiosa Católica, e aos educadores, apelamos a que vivam o que anunciam, irradiando pelo testemunho pessoal a mensagem e os valores que propõem aos seus alunos e educandos; * aos catequistas exortamos a que se assumam como o primeiro dos meios ao serviço da catequese em cada Diocese e que, pela sua forma de viver, sejam “eles mesmos uma catequese viva” (4); * às crianças e aos jovens testemunhamos que o tempo actual é um tempo de esperança e apelamos a que acreditem que um mundo novo pode surgir se cada um de nós der o seu contributo; também, para eles, Jesus Cristo é a aposta segura. E a todos apontamos Jesus Cristo como o melhor pedagogo e o modelo a seguir: sendo de condição divina, veio para servir e não para ser servido e atraiu os corações de muitos pela radicalidade do Seu amor, dando a vida para que a vida ressurja em abundância (cf. Mt 20,28; Jo 10,10). Lisboa, 26 de Setembro de 2005 ---------------------------------------------------- 1 cf. Conferência Episcopal Portuguesa (2002). Carta Pastoral Educação, direito e dever – missão nobre ao serviço de todos. Lisboa, nº 2. 2 cf. Concílio Vaticano II (1965). Constituição Pastoral Gaudium et Spes, sobre A Igreja no mundo actual, nº 22. 3 Conferência Episcopal Portuguesa (2005). Nota sobre a educação da sexualidade. Lisboa, nº 2. 4 Congregação para os Bispos (2005). Directório para o Ministério Pastoral dos Bispos, nº 128.


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