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Estudantes católicos reflectem sobre Ensino Superior

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Documento do Movimento Católico de Estudantes

Somos Cristãos. Mas afinal, o que nos torna diferentes dos estudantes que o não são? Ser Cristão não é ter um conjunto de deveres que nos torna diferente, mas antes assumir uma atitude face à vida face àquilo que nos rodeia. Entendemos então que dever é algo exterior. Pelo contrário a atitude é algo interior, que nasce da intimidade da relação com Deus mediada pelo Evangelho, do facto de “percebermos o que Deus nos pede com humanidade. Porque efectivamente o humano é onde Deus se revela, onde o divino se manifesta”. Porém para termos atitudes mais correctas temos de ter conhecimento do meio que nos envolve e dos problemas que neste momento o Ensino Superior (ES) enfrenta, daí ser necessário discutir e conhecê-las. Enquanto estudantes do ES partimos do princípio que o futuro passa pelo conhecimento, sendo o ES uma espaço favorável para tal: para alargar os horizontes, conhecer novas culturas, para ter um melhor acesso às redes de informação, etc. Constatamos então, que a universidade deve ser, acima de tudo, um universo de saberes em que o acesso aos vários recursos deve ser equitativo, isto é, pessoas com mais ou menos possibilidades devem ter as mesmas oportunidades, nomeadamente ao nível dos recursos informáticos, bibliográficos, económicos, entre outros. Enquanto estudantes cristãos temos, no entanto, consciência que um ES de qualidade passa por nós. Num momento em que a instabilidade do ensino superior português é evidente, há que garantir que as necessidades sentidas pelos estudantes sejam compreendidas e cheguem aos órgãos superiores de decisão. Relativamente ao Processo de Bolonha, e embora em teoria pareça um projecto positivo, consideramos que a informação a que hoje temos acesso não é muito objectiva, e esclarecedora. Preocupa-nos questões ligadas ao financiamento, aos custos que teremos de suportar, à qualidade, igualdade, equidade e justiça social. Exigimos então que se defina o tipo de financiamento que vai suportar o processo de Bolonha em Portugal. Consideramos que o Estado deve financiar, ainda que parcialmente, os dois ciclos propostos, uma vez que defendemos a igualdade de acesso ao ES. No caso da estrutura “três mais dois”, se os dois últimos anos não forem financiados, o acesso a um grau superior de educação ficará restrito às pessoas com facilidades económicas para suportarem os custos inerentes. É importante que as Universidades desenvolvam paralelamente mecanismos que lhes permitam gerir os recursos humanos e financeiros. Consideramos que despender capital no Ensino e neste caso concreto com o Processo de Bolonha é um investimento e queremos que este se traduza com qualidade e exigência. Outro ponto a definir: que tipo de habilitações o ciclo de três mais dois (ou quatro mais um) atribuirá aos estudantes? Somos a favor da criação de novas denominações para as diferentes etapas e da definição clara das equivalências que vamos receber. No que se refere ao sistema de créditos achamos uma medida muito positiva. A avaliação parece ser mais abrangente e mais justa, mas temos de ter o cuidado de não cair em fórmulas rígidas. Por fim, pensamos ser necessário criar espaços para estimular o estudo fora de aulas e sobretudo criar condições para que o estudante se torne orientador do seu próprio curso, isto é, para que ele tenha a possibilidade de escolher as disciplinas que lhe pareçam mais favoráveis ou adequadas ao seu percurso universitário, de frequentar semestres ou anos noutro estabelecimento de ensino a nível nacional e internacional. Somos fortes apoiantes das políticas de intercâmbio entre os estudantes. Estas proporcionam uma permuta sócio-cultural e uma experiência enriquecedora não só a nível pessoal como também dos próprios países que recebem e enviam os alunos. É importante criar condições que possibilitem a preparação prévia de um jovem que queira estudar fora do próprio país, facilitando para tal cursos da língua do país de destino, promovendo a recepção e integração dos estudantes de ERASMUS e, se necessário, oferecer apoio no sentido do financiamento, exigindo informação mais clara e acessível sobre o programa e finalmente a simplificação de todos os passos burocráticos que todo este processo envolve e que regra geral constituem autênticas barreiras para o sucesso destes intercâmbios. Por outro lado, é essencial garantir que tanto o programa Erasmus como os outros programas de mobilidade estudantil (Socrates, Leonardos, Comenius, Da Vinci, etc.) passam a ser do conhecimento da comunidade envolvida no ES. No que respeita à relação professor/aluno, parece-nos vital reforçar a componente pedagógica na formação dos professores, devendo esta ser contínua acompanhando a evolução dos programas e as necessidades dos alunos. De resto defendemos a existência de uma atitude pró-activa por parte do aluno e o acompanhamento mais pessoal por parte dos professores. Notícias relacionadas •Estudantes católicos condenam terrorismo, fogos e pobreza


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