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Europa, o Direito e o Dever de Votar

D. António Marcelino
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"Há que lutar, decididamente, contra a abstenção" - pede o Bispo de Aveiro

Todos temos, uma vez mais, ocasião de exercer o nosso direito de votar, no próximo dia 13 de Junho, para decidirmos, desta vez, sobre os nossos participantes no Parlamento Europeu. Este direito traduz-se, para cada cidadão responsável, no dever de ir votar. É verdade que muitos portugueses, talvez mesmo a maioria, não estão muito elucidados sobre estas eleições. Portugal, porém, já entrou na União Europeia há muitos anos. Não foi ontem e os resultados desta entrada já se manifestaram de muitas maneiras. Ninguém pode, honestamente, falar apenas de coisas que gostaríamos que fossem de outro modo. Os membros da União Europeia são muitos e não podemos ver as coisas somente na perspectiva dos nossos interesses, pessoais e nacionais. Europa é uma oportunidade e um grande desafio para todos nós. No Parlamento Europeu joga-se a orientação de muitos problemas que nos afectam e afectam todos os europeus. O respeito e a defesa do património cultural, bem como da história e da identidade de cada país, debate-se no Parlamento. A orientação para muitas situações humanas e sociais sérias e exigentes, joga-se no Parlamento. É preciso que os grupos partidários que, no Parlamento Europeu, se unem por famílias ideológicas, tenham, pela nossa escolha acertada, a força que mais pode interessar aos países, como Portugal, que têm, nas suas raízes cristãs de séculos, a riqueza dos seus valores morais e das suas instituições fundamentais, como a família e a vida. É um dever moral votar. Não votar denuncia pobreza de cidadania e desinteresse pelos destinos e pelo futuro do país e do continente europeu. Quer queiramos, quer não, nós somos Europa, a Europa tem a ver com todos nós. É preciso lutar por uma Europa de dimensão humana e social, de sensibilidade cristã, de valores morais e éticos. Isso também se faz pelo nosso voto. Peço a todos os padres e diáconos que estimulem as pessoas a exercer o seu direito e o seu dever de votar. A abstenção, por comodismo ou desinteresse, não é admissível num cristão consciente dos seus deveres de cidadão. Há que lutar, sempre que há eleições, pela responsabilidade de que todos cumpram o dever cívico de votar. E agora também. Está em jogo muita coisa que nos diz respeito. António Marcelino, Bispo de Aveiro


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