Documentos

Há dois mil anos o cenário era completamente diferente

D. Jacinto Tomás Botelho
...

Mensagem de D. Jacinto Botelho para o Natal 2007

Aproxima-se o Natal. A publicidade que encharca os ecrãs das televisões, a azáfama a procurar as prendas tradicionais, a corrida aos supermercados e lugares de consumo, as iluminações das ruas e das montras, as melodias tão características que se ouvem, as mensagens de Boas Festas, tudo evidencia que o Natal está às portas. Mas isto pode ser apenas a rotina de sempre e que tantas vezes não deixa senão frustração e vazio. Que tem isto a ver com o Natal? Há dois mil anos o cenário era completamente diferente. Um curral de animais um casal pobre junto de uma criança pequenina, recém nascida, aconchegada pelo bafo de dois animais. É precisamente o aniversário deste bebé que o Natal celebra, o mais importante de todos os aniversários. As vozes de uns anjos alvoroçaram os pastores das cercanias de Belém que acorreram ao local e foram os primeiros adoradores do Menino e os Seus primeiros mensageiros. Nasceu há dois mil anos, mas continua vivo e próximo de cada um de nós. Com o seu nascimento concretizou-se a plenitude dos tempos anunciada e esperada ao longo dos séculos e das gerações. Inaugurou-se o tempo messiânico que os escritos dos profetas, sobretudo de Isaías, nos descreveram com tanta beleza e poesia, como tempo de fecundidade, de paz e de felicidade indescritível. Deus rompeu os Céus para ser o Emanuel – Deus connosco – para, assumindo a natureza humana sem deixar de ser Deus, nos libertar das trevas da morte e do pecado, em que a nossa infidelidade nos mergulhara. O amor de Deus, rico de misericórdia, que nos reconcilia consigo, foi derramado no coração da humanidade, no coração de cada um de nós. Celebrar o Natal é celebrar o Amor, deixarmo-nos possuir por esta Plenitude, traduzindo-a, no viver de cada dia, em gestos de ternura, de carinho, de acolhimento, de atenção, de perdão generoso, de modo que dentro de cada um, não caibam mais, nem a indiferença, nem o desprezo, nem a má vontade, nem a inveja, nem o ódio, nem a hipocrisia. O Natal é a vitória da humildade, da doação, da disponibilidade gratuita, sobre o orgulho, o preconceito, o egoísmo, a petulância. O Natal é de quem saiba ser pobre e pequenino. Eu Te bendigo, ó Pai, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do teu agrado (Mt. 11, 25 e 26). Que Natal vou procurar viver? Que tenhais um santo e feliz Natal, são os votos do vosso muito amigo. D. Jacinto Botelho, Bispo de Lamego


Natal