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Homilia do bispo de Viseu na celebração pelo 850.º aniversário da morte de São Teotónio

D. Ilídio Pinto Leandro
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Celebram-se hoje os 850 anos da partida de S. Teotónio para a Casa do Pai. Viseu e esta Catedral celebram, também, os 900 anos do seu Priorado. Desde há 410 anos que ele, o 1º Santo português, é Padroeiro da Cidade de Viseu e da nossa Diocese. Temos, todos nós, muitas razões e motivos de orgulho para as celebrações festivas que programámos e para evocar a memória, os exemplos e os ensinamentos de tão insigne figura da nossa história e da nossa Igreja. Também nos orgulha saber que, como 1º Santo Português, foi conselheiro de D. Afonso Henriques e teve ação pessoal e direta no nascimento e nos primeiros anos de Portugal – um Povo que nasce marcado por valores que, seguidos e postos em prática, nos ajudarão a vencer.

A nossa Diocese, ao celebrar S. Teotónio como seu Padroeiro, agradece a colaboração amiga e cooperante da Cidade de Viseu, através da sua Câmara Municipal e, concretamente, do seu Presidente. Como Bispo desta diocese saúdo V. Exa., com respeito e amizade, e saúdo o Senhor Presidente da Assembleia Municipal, toda a equipa da Câmara Municipal, as suas freguesias e autarcas. Na nossa cidade temos o Hospital que tem o nome de S. Teotónio e é parceiro nestas celebrações. Saúdo o Senhor Presidente do Conselho de Administração, a sua Equipa e esta importante Instituição benfazeja na área da saúde.

Porque é Padroeiro da Diocese, quisemos convidar todos os cristãos que se sentem parte desta Igreja e que olham para o Padroeiro como guia, modelo e referência. Assim, para além de convidarmos todos os cristãos em geral, convidámos todos os sacerdotes e todos os que, no território da diocese, têm responsabilidades autárquicas. Saúdo os Presidentes de Câmara presentes, o Cabido e todos os Sacerdotes, os leigos e religiosos que quiseram vir e celebrar, aqui e connosco, o nosso Santo Protetor e Intercessor junto de Deus. Saúdo, igualmente, todos os que, por doença, não estão aqui mas, no Hospital ou em suas casas, acompanham estas celebrações pela transmissão dos emissores regionais da Rádio SIM.

Pela estatura moral, cultural, histórica, social e religiosa de S. Teotónio, que ultrapassa os tempos atuais e as fronteiras da Igreja, convidámos o Senhor Secretário de Estado da Cultura que faz o favor de estar presente nesta celebração. Uma saudação muito especial a Vossa Excelência, Senhor Secretário de Estado, saudação extensiva aos membros da Equipa que o acompanham.

Sabemos que S. Teotónio é pouco conhecido. Não tem congregado muita gente, anualmente, no dia da sua Festa. Estes jubileus – 850 anos da morte e 900 anos do Priorado em Viseu, tão bem documentados em Exposição inaugurada na Quinta-feira – devem servir para melhor conhecermos a estatura, a multifacetada figura que estamos a celebrar e invocamos, como Padroeiro do Hospital, da Cidade e da Diocese. Muitos aspetos poderíamos destacar e trazer à memória atual – tanta a atualidade da sua mensagem e dos valores que ensinou e viveu. Peço ao Senhor D. José Pedreira, Bispo Emérito de Viana do Castelo, natural do concelho de Valença do Minho e vizinho de Ganfei, que ressalte alguns destes valores e as particularidades notáveis de S. Teotónio e que nos ajude a conhecer melhor aquele que hoje celebramos.

 

As melhores saudações e agradecimentos ao Senhor D. José Pedreira e à Diocese de Viana do Castelo que nos deu o Padroeiro. Obrigado pelo que nos ensinou e pelos desafios que nos fez e a que vamos procurar ser fiéis. Saúdo, também, o Senhor D. Virgílio e a Diocese de Coimbra, diocese que, como a de Viana do Castelo, venera S. Teotónio como 2º Padroeiro. Ele teve uma ação direta na vida religiosa desta diocese, nossa vizinha e nossa irmã. As melhores saudações, também, ao Senhor D. Manuel Felício. Como nosso conterrâneo, aprendeu, como nós, a venerar esta figura que marca a nossa Igreja de Viseu e a história de Portugal.

A Palavra de Deus ajuda-nos a centrar a atenção na pessoa de S. Teotónio, sentindo que a sua vida é um SIM à mensagem que escutámos. As 3 leituras, acentuando aspetos diferentes, tocam valores de predileção da sua vida que o distinguem como exemplo a seguir, muito mais hoje, em que os bons exemplos não são tantos e os tantos que existem, tantas vezes não são bons. Em contracorrente do que é apetecível, as leituras apresentam a cruz e a humildade como fontes de sabedoria, como fontes de comportamento sábio e prudente e como caminhos de ação evangelizadora, de realização pessoal e de missão pastoral. Não é fácil aceitar que procede daqui o poder, a sabedoria, o bom nome, dado que não se costumam cruzar, nestas escolas, aqueles que querem os primeiros lugares nas apreciações e julgamentos humanos ou os que procuram esses lugares a todo o custo, tantas vezes por processos menos recomendáveis…

Há uma constante nas 3 leituras: a aceitação humilde, feliz e serena da grandeza, do poder e da sabedoria de Deus. À nossa vontade de tudo superar e vencer, ultrapassando as piores crises, é apresentada uma certeza: Deus é nosso aliado; não é nosso adversário. Quem crê em Deus nunca está só. Com Ele temos a certeza da Esperança que nos faz transcender os horizontes dos nossos limites. Procurar a Sua inspiração, bênção e proteção é o caminho para a felicidade e é o segredo do êxito e do encontro de sentido.

Os grandes homens e as grandes mulheres – também os Santos – não se perdem em coisas menores, mas vivem, testemunham e anunciam o essencial. Com as virtudes narradas nas leituras, S. Teotónio aponta o essencial à Igreja e à humanidade e convida-nos a construir, com profundidade, o nosso Sínodo e a superar crises frequentes nas relações entre pessoas e entre povos. Aponta-nos a Fé, a Esperança e o Amor que procedem da paternidade divina – um só é o nosso Pai. Indica-nos a justiça, a partilha e a solidariedade que derivam da fraternidade – somos todos irmãos. Refere-nos a verdade, a credibilidade e a unidade como frutos que provêm da doutrina onde só Deus é Mestre, Doutor e Messias – somos todos discípulos.

A partir daqui, tanto padres como Religiosos ou Leigos, temos os indicadores para realizarmos, em conjunto, o mesmo projeto: uma Igreja que privilegia a verdade, a fraternidade e a comunhão; uma Comunidade que acolhe, procura e anima quem anda perdido e abraça aqueles que encontra; uma Humanidade que não faz aceção de pessoas mas que, na justiça, privilegia os mais pequenos, os mais carenciados, os mais pobres de amor, de companhia, de saúde e de pão.

São Teotónio,

nosso celeste Padroeiro, sê o guia da tua e nossa Igreja de Viseu, no Sínodo que estamos a realizar! Intercede por nós e pela nossa fidelidade aos teus exemplos, no seguimento da vontade de Deus e na entrega à missão pastoral! São Teotónio, roga a Deus por nós! AMEN. 

Viseu, 18 de fevereiro de 2012

D. Ilídio Leandro, bispo em Viseu

 



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