Homilia do Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho D. Armindo Lopes Coelho 02 de Agosto de 2004, às 12:07 ... Ordenações Gerais-Jubileu Sacerdotal Faz hoje cinquenta anos. Nesta Sé Catedral fomos ordenados PresbÃteros 19 jovens, dezoito dos quais tinham terminado nesse ano o Curso de Teologia. Recordo neste momento o então Reitor do Seminário Maior, Dr. Domingos de Pinho Brandão, por ser quem sintetiza e simboliza todos os professores e formadores do Seminário e por ser quem assumiu a responsabilidade de nos apresentar como candidatos à Ordenação. E recordo a figura do Bispo que nos ordenou, o Senhor D. António Ferreira Gomes, que nos ordenou para colaboradores da Ordem Episcopal ao serviço imediato desta Diocese do Porto, afinal para serviço da Igreja, e por ser quem deferiu o meu último pedido à Igreja – ser ordenado PresbÃtero. Ao individualizar este Jubileu, dou graças a Deus pelo dom do sacerdócio e por poder experimentar a alegria do Jubileu na ordenação de um diácono e três presbÃteros para serviço da Diocese, e de um presbÃtero de uma Congregação que também tem prestado a melhor colaboração na vida pastoral desta Igreja do Porto. Ao completar cinquenta anos de vida sacerdotal não esqueço as próprias limitações, omissões, infidelidades e fraquezas, mas dou graças a Deus pelo dom da fidelidade essencial, assente e fundada na infinita paciência, bondade e misericórdia do Senhor. E também me alegro de em 50 anos de ministério ter mantido a mais grata e total comunhão com a Igreja, em cada momento e em todas as circunstâncias. Devo também a minha fidelidade e entusiasmo aos colegas sacerdotes e ao Povo de Deus a quem servi. A minha gratidão a todos. Apraz-me lembrar que o ano da minha ordenação sacerdotal – 1954, foi celebrado na Igreja como Ano mariano (era o centenário da definição do Dogma da Imaculada Conceição). E recordo outros acontecimentos e perÃodos fortes destes últimos 50 anos: O ConcÃlio Ecuménico Vaticano II (1962 – 1965); O exÃlio do Bispo que me ordenou (1959 – 1969); A revolução de 25 de Abril de 1974; A Democracia em que desde então vivemos; O Grande Jubileu do Ano 2000; O fenómeno do Terrorismo a partir de 2001; A revisão da Concordata entre a Santa Sé e o Governo Português. Entretanto, não pode esquecer-se que em 25 de Março de 1992, logo após os chamados “acontecimentos de leste†João Paulo II publicava a Exortação Apostólica pós-sinodal “Pastores dabo vobisâ€, de estilo propositadamente profético (cf. Jer. 3, 15 – Dar-vos-ei pastores segundo o meu coraçãoâ€). E dizia: “A prioritária tarefa pastoral da nova evangelização … exige sacerdotes radical e integralmente imersos no mistério de Cristo, e capazes de realizar um novo estilo de vida pastoral, marcado por uma profunda comunhão com o Papa, os Bispos e entre si próprios, e por uma fecunda colaboração com os leigos, no respeito e na promoção dos diversos papéis, carismas e ministérios no interior da comunidade eclesial†(Propositio 12 dos Padres Sinodais – SÃnodo fr 1990 sobre as Vocações). A Palavra da liturgia de hoje, comum à Igreja universal, recorda-nos tempos de mudanças radicais, figuras, pioneiras ou antecipações das transformações dos tempos recentes e semelhantes à s que marcam a nossa sociedade: é a quase psicose da economia, o fascÃnio da riqueza, a sede do consumo e a pessoa como menor valia. E neste ambiente surge o homem necessário, sábio e providente a dizer: “Tudo é vaidade†(Ec. 1,2). O Antigo Testamento já iluminava em antecipação a mensagem cristã sobre a fraternidade e a solidariedade humana, sobre o egoÃsmo, avareza e espÃrito de riqueza como fontes e origens das crises da humanidade. Estas crises para nós não constituem capÃtulos do passado porque são conhecimento, vivência e consciência do mal estar, da insegurança, dos medos e da falta de esperança que são marcas (e nódoas) do tempo que é o nosso e da nossa responsabilidade colectiva, por nós facilmente repudiada mas covardemente abraçada. O Apóstolo S. Paulo ajuda-nos a compreender a mensagem e doutrina de Cristo quando nos recorda a nossa vocação e situação baptismal: lutar contra aquilo que nos prende à terra e revestir-nos do homem novo. É um ideal que se realiza gradualmente, e que requer uma esperança firme e uma vontade persistente. Não é em vão que pelo baptismo estamos identificados com Cristo e por isso em comunhão solidária com os irmãos. Meus caros Ordenandos: O Pontifical da vossa ordenação poderá ser entendido como comentário aos textos da Escritura hoje aqui proclamados, elucidativos do passado bÃblico, expressão do que é o nosso mundo e apelativos à vossa missão. Para o Bispo ordenante são sempre novas e cada vez mais pertinentes as fórmulas pontificais que vos classificam como “zelosos cooperadores da Ordem dos Bisposâ€, no ministério da Palavra e na Celebração dos mistérios de Cristo “segundo a tradição da Igreja… principalmente no sacrifÃcio da Eucaristia e no sacramento da Reconciliaçãoâ€. Sem dúvida que é preciso, como diz o Pontifical, “cumprir sem desfalecer o mandato de orarâ€, para perseverar ao longo do ministério e em qualquer circunstância na fidelidade ao cumprimento da promessa de “reverência e obediência†ao Bispo. Se a reverência pode ser escamoteada, a obediência é condição de legitimidade do ministério sacerdotal (cf. PDV, nº17), quer enquanto “obediência apostólica†(na Igreja como estrutura hierárquica), quer como “experiência comunitária†(inserida na unidade do presbitério), quer pelo seu “Carácter de pastoralidade†(de constante disponibilidade para servir e atender à s necessidades do Povo de Deus) (cf. PDV, nº 28). As vossas promessas e a própria prostração constituem sinais eloquentes da vossa atitude e propósito. Que Deus vos ajude. Porto, 1 de Agosto de 2004 D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto D. Armindo Lopes Coelho Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...