Homilia do Papa na VigÃlia Pascal João Paulo II 11 de Abril de 2004, às 08:30 ... 1. "Essa noite [...] será de vigia para todos os filhos de Israel, de geração em geração, em honra do Senhor" (Ex 12,42). Celebramos nesta noite santa a VigÃlia Pascal, a primeira, melhor, "a mãe" de todas as vigÃlias do ano litúrgico. Nela, como canta repetidamente o Precónio, volta-se a percorrer o caminho da humanidade, desde a criação até o acontecimento culminante da salvação, que é a morte e a ressurreição de Cristo. A luz d'Aquele que "ressuscitou dos mortos como primÃcias dos que morreram" (1 Cor 15,20) torna "clara como o dia" (cf. Sal 139 [138], 12) esta noite memorável, considerada justamente o "coração" do ano litúrgico. Nesta noite, a Igreja inteira vigia e torna a percorrer, meditando, as etapas significativas da intervenção salvÃfica de Deus no universo. 2. "Uma noite de vigia em honra do Senhor". Duplo é o significado da solene VigÃlia Pascal, tão rica de sÃmbolos acompanhados por uma extraordinária abundância de textos bÃblicos. Por um lado ela é memória orante das mirabilia Dei, ao relembrar as páginas capitais da Sagrada Escritura, desde a criação ao sacrifÃcio de Isaac, à passagem do Mar Vermelho, à promessa da nova Aliança. Por outro lado, esta sugestiva vigÃlia é expectativa confiante no pleno cumprimento das antigas promessas. A lembrança da obra de Deus culmina na ressurreição de Cristo e se projecta no acontecimento escatológico da parusia. Vislumbramos assim, nesta noite pascoal, o amanhecer do dia que não tem mais ocaso, o dia de Cristo ressuscitado, que inaugura a vida nova, "os novos céus e a nova terra" (2 Pdr 3,13; cf. Is 65,17; 66,22; Ap 21,1). 3. Desde os seus inÃcios, a comunidade cristã situou a celebração do Baptismo no contexto da VigÃlia Pascal. Também aqui, nesta noite, alguns catecúmenos, mergulhados com Jesus na sua morte, com Ele ressuscitarão para a vida imortal. Deste modo renova-se o prodÃgio do misterioso renascimento espiritual, actuado pelo EspÃrito Santo, que incorpora os neo-baptizados no povo da nova e definitiva Aliança sancionada pela morte e ressurreição de Cristo. A cada um de vós, caros Irmãos e Irmãs que estais para receber os sacramentos da iniciação cristã, dirijo com afecto uma particular saudação. Vós provindes da Itália, do Togo e do Japão: a vossa origem manifesta a universalidade da chamada à salvação e a gratuidade do dom da fé. Convosco, saúdo os vossos parentes, amigos e os que cuidaram da vossa preparação. Graças ao Baptismo iniciareis a fazer parte da Igreja, que é um grande povo peregrino, sem limites de raça, lÃngua e cultura; um povo chamado à fé a partir de Abraão e destinado a tornar-se uma bênção no meio de todas as nações da terra (cf. Gn 12,1-3). Sede fiéis Àquele que vos escolheu e confiai-Lhe, com generoso empenho, toda a vossa existência. 4. Juntamente com os que dentro de pouco serão baptizados, a liturgia convida a todos nós aqui presentes a renovar as promessas do nosso Baptismo. A nós o Senhor pede para Lhe renovar a expressão da nossa plena docilidade e total dedicação ao serviço do seu Evangelho. CarÃssimos Irmãos e Irmãs! Se à s vezes esta missão vos aparecer difÃcil, recordai as palavras do Ressuscitado: "Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28,20). Assim, na certeza da sua presença, não temereis qualquer dificuldade nem obstáculo. A sua Palavra vos iluminará; o seu Corpo e o seu Sangue servirão de alimento e amparo no caminho quotidiano para a eternidade. A o lado de cada um de vós permanecerá sempre Maria, como esteve presente entre os Apóstolos amedrontados e desconcertados na hora da prova. E, com a sua fé, Ela vos indicará, para além da noite do mundo, a aurora gloriosa da ressurreição. Amen. Semana Santa Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...