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Irmã Lúcia - A Hora da nossa eterna saudade

Agência Ecclesia
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Comunicado da médica da Comunidade Carmelita

Quis Deus na Sua infinita bondade e misericórdia preservar e conservar a Irmã Lúcia no nosso convivio e companhia até ao dia de hoje. Tal como tinha prometido, a sua e nossa Santíssima Mãe, manteve-a entre nós "mais algum tempo", para além dos seus primos Francisco e Jacinta. Esse tempo prometido, contado e contabilizado certamente em medidas e padrões diferentes dos nossos a partir daquele dia em que lhes confiou essa promessa, teve o seu epílogo. Veio buscá-la hoje, e todos nós que tivemos o privilégio e a alegria de conviver e privar com ela, estamos muito comovidos, saudosos já do seu doce sorriso, da sua afabilidade e alegria, mas também e quiçá, estranhamente felizes, nesta hora de saudade, mas não de despedida. Com efeito, não se trata seguramente de uma separação, o facto a que nos curvamos nesta hora, mas antes de uma transformação na forma e na consubstanciação da presença reciproca que seguramente nos aproxima ainda mais intimamente. A matéria deu lugar ao espirito ...o finito transformou-se no infinito... o efémero e relativa, no definitivo e no absoluto. Na Irmã Lúcia, apenas se transformou o modelo de vida, e ela nasceu para outra realidade que de momento cada um de nós ainda desconhece, mas será seguramente muito mais plena e gratificante. Assim o - acreditamos, nós que temos a felicidade da Fé, aqueles a quem Jesus prometeu Vida, e Vida em abundância. Neste momento e dando resposta às perguntas que naturalmente se põem sobre as causas deste epílogo, a avançada idade e o inerente desgaste dos órgãos e das células do corpo humano, vêm lembrar-nos o carácter de finitude da matéria, e tiveram aqui um papel determinante. Como pessoa ligada ao conhecimento científico concreto que rege o exercício da medicina, vejo-me obrigada a encontrar um facto causal para o óbito da nossa irmã. Assim,, a falência cardio-circulatória resultante dos seus 97 anos foi essa causa. Como pessoa de Fé, a quem o Senhor quis dar a graça de conceder em abundância, e que certamente desmereço, limito-me a referir que o bondoso, grande, enorme coraçãozinho da nossa querida Irmã Lúcia se cansou de bater, e encontrou pois a forma de descansar serenamente e em paz, nos braços da Mãe que um dia lhe anunciou ser o seu refúgio. Como vela cuja chama no final se vai extinguindo progressivamente, também ela, na maior serenidade, rodeada dos desvelados cuidados assistenciais e de apoio, com o carinho e o amor de todas as incansáveis irmãs da comunidade, docemente extinguiu a combustão que mantinha o aprisionamento do seu espírito à materialidade do corpo. Como sua médica assistente há já longos anos, dediquei de alma e coração todo o cuidado e saber com que, momento a momento, faço questão de tratar os meus doentes. Com particular desvelo fi-lo em relação a esta minha muito querida amiga e irmã na Fé, apoiada na ajuda de colegas e enfermeira da minha equipa de saúde, sempre incansáveis e presentes quando necessário. Para eles o meu grato e comovido agradecimento por tudo quanto fizeram. Consciente porém, que o verdadeiro Médico do corpo e alma humanos, é o Pai, Senhor único da Vida, a Ele entreguei sempre toda a minha acção assistencial, pedindo-Lhe com toda a minha fé, que fizesse de mim sempre, digno instrumento da Sua Divina Vontade. Mergulhada na Felicidade Imensa e Infinita do amor de Deus, a ela peço comovida, que interceda por todos nós. Comunicado da médica da Comunidade Carmelita, Dra. Branca Paúl, datado do dia 13 de fevereiro, dia da morte da Irmã Lúcia, tornado público na conferência de imprensa realizada do Seminário Maior de Coimbra a 14 de Fevereiro


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