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Jesus Cristo é a Boa Nova para um Mundo Novo

D. Ilídio Pinto Leandro
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Homilia do Dia de Natal do Bispo de Viseu

Jesus Cristo é a Boa Nova para um Mundo Novo, dizemos, na nossa Diocese de Viseu, como Plano e Programa de vida e de acção… O Natal é a origem, a fonte e a razão de ser deste nosso Plano e desta nossa acção Pastoral diocesana. SIM: aquele Natal que aconteceu em Belém, que se consumou na plenitude da Páscoa, em Jerusalém e que confirmou toda a expectativa e toda a esperança de que vinha grávido, dando à luz o Deus tornado Homem, que Se fez vida e alimento, como Palavra e como Eucaristia, para todos nós. Sim, o Deus tornado Menino que nasceu para nós é o Verbo que, na plenitude dos tempos, cumpriu todas as palavras que foram sendo ditas, de muitos modos e por muitas pessoas. Hoje, nos novos e últimos tempos, Deus fala pelo Seu Filho que tornou herdeiro e dispensador de todas as bênçãos e de todos os favores divinos. Nós, os cristãos – sacerdotes, religiosos ou leigos – não somos profetas “em vez de” Deus, mas Mensageiros e Missionários que Ele envia, como alunos e discípulos da Sua Escola, a anunciar, jubilosamente, que o nosso Deus é Rei, que é Senhor da Verdade, da Paz, do Amor, da Vida, da Justiça… e que são belos todos os que anunciam e vivem esta mensagem de salvação… O Princípio, com Cristo que é Vida, Luz e Graça, tornou-se um permanente e definitivo HOJE, como plena e última Criação de Deus que renova tudo o que vem a este mundo. O Natal é a realização de toda a esperança no Messias que, confirmado na Páscoa e na vinda do Espírito Santo, Se torna Presença criadora que vai agindo, ao jeito de fermento, iluminando e vivificando tudo o que acolhe o gérmen da vida. Não há dúvida: “todos os confins da terra viram a salvação do nosso Deus”, embora ainda haja muita gente que viva nas trevas e nas sombras da morte. Porém, “a luz brilha nas trevas” e “nós vimos a Sua glória”. Natal, mais que um dia ou uma celebração é uma luz que ilumina todos os dias. Sim, o dia da salvação começou e existe luz para cada um que a queira ver. O Natal de Jesus não se impõe nem amedronta como a força dos poderosos deste mundo, mas vem e entra na história de cada homem como em pontas de pés e a sua luz brilha com uma novidade e uma capacidade que nunca poderemos prever ou controlar. Deus revela-se no Seu Natal, não com os meios omnipotentes e radicais deste mundo, mas amando na simplicidade, preferindo as vias da pobreza e da humildade e caminhando com os passos da paciência. Tudo isto atingiu o máximo e o clímax na frase do Evangelho: “veio para o que era seu e os seus não O receberam”, pois “não havia lugar para eles na hospedaria”. Isto, não foi um incidente ou uma falta de previsão ou de preparação, mas uma opção e uma escolha de Deus, que é, hoje, lição e orientação pastoral para a Igreja em toda a sua missão pastoral… À luz do Natal, não nos poderemos desculpar pela falta de “lugar” para o anúncio do Evangelho; de falta de “condições” para a revelação da salvação; de falta de “acolhimento” para a realização da nossa missão eclesial. Desde a sua génese, desde a vinda de Jesus, não há lugar nas hospedarias deste mundo. Chamam-se hospitais? Chamam-se escolas? Chamam-se quartéis? Chamam-se associações? Chamam-se culturas? Chamam-se política ou economia ou meios de comunicação social? Chamam-se outras coisas?... Não podemos reivindicar lugar, condições, acolhimento ou reconhecimento para anunciar os valores do Natal, os valores da salvação, quando eles continuam a ser uma oferta de Luz no meio de tantas trevas… Estaríamos a querer encontrar estalagens e aconchegos… e isso alteraria o verdadeiro modo escolhido por Jesus para entrar no mundo dos homens… Seria pensar que se estava a conviver ou a concorrer com as luzes e não a anunciar Aquele que é a Luz… Teremos, certamente, de incentivar a preparação de Baptistas que continuem a ter a coragem de pregar nos variados desertos existentes na sociedade de hoje: desertos de valores, de sentido, de justiça, de paz, de amor… que parece perderem, tantas vezes, perante a força do vazio, da corrupção, da mentira, da violência, da morte, da desigualdade, do orgulho e da ânsia de domínio e de poder… Teremos de ser mensageiros e preparar mensageiros para anunciar boas novas de paz, de vida e de amor, nos diversos “montes” das muitas estruturas familiares, sociais, políticas, económicas… que aparecem sempre a exigir o seu poder, montados na alteza do seu orgulho, da sua razão e da sua ambição… Porém, a luz do Natal brilha nas trevas… Brilha em tantos voluntários que nos Hospitais, nas Comunidades Cristãs, nas Famílias… são presença de generosidade e de serviço, de carinho e de alegria, de doação de tempo e de amor… Brilha em tantos médicos e enfermeiros que defendem a Vida… Brilha em tantos que no mundo da política e das associações; nas esferas de decisão ou nos lugares mais humildes e escondidos; nas ruas e no apoio aos sem-abrigo ou aos que nada têm… acendem a Luz do Natal como uma Esperança a brilhar no coração… Brilha em tantos e tantas que, em Lares e em Centros Sociais, em tantas instituições de serviço e apoio social a crianças, jovens, adultos, idosos ou pessoas em fase terminal, são o sorriso, a mão, o olhar e o coração que dá alimento, conforto e sentido à Esperança, aquela que é, mesmo, fonte de salvação e de amor e que tem a fonte no olhar terno e sereno do Menino de Belém… Há tantos – jovens e adultos, felizmente – que já se apaixonaram por Jesus e vivem, cantam e anunciam o Seu Natal! … Não há dúvida que a verdade do Natal de Cristo tem um fascínio próprio e uma surpreendente actualidade. Vamos revisitar Belém! Não deixemos passar em vão esta hora de Luz! O Natal vem, cada ano, como um dom da paciência de Deus em Jesus Cristo e não esqueçamos: Ele vem, para nós, como Boa Nova para um Mundo Novo. Sejamos Seus Mensageiros, Seus discípulos e Seus Missionários, nesta nossa Diocese e neste nosso Mundo! Para todos, um Santo e Feliz Natal!...


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