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Jovens católicos contra agravamento das condições de vida dos trabalhadores

Agência Ecclesia
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Comunicado da equipa nacional da Juventude Operária Católica

A Juventude Operária Católica (JOC) reuniu em Equipa Nacional para partilhar, analisar e debater a realidade da vida do Movimento e dos jovens do Mundo Operário em geral. A partilha, sendo rica e esperançosa em relação ao esforço de renovação que o Movimento vive, não foi tanto assim em relação à vida dos jovens do Mundo Operário. O desemprego, a precariedade, o trabalho temporário, o endividamento, o abandono escolar, o desemprego dos licenciados, os salários em atraso, as férias decididas unilateralmente pelo patrão, o encerramento e deslocalização de empresas, que deixam muitos trabalhadores no desemprego, têm marcado a actualidade dos últimos tempos. Por exemplo, Aveiro que ainda há bem pouco tempo tinha pleno emprego, tem agora uma taxa bastante significativa de desemprego. Todas estas situações, agravadas com o aumento de custo de vida, são incompatíveis com os salários auferidos pela esmagadora maioria dos trabalhadores. Ao mesmo tempo sente-se que os jovens gastam cada vez mais dinheiro, achando até barato pagarem 35 Euros por mês na Internet. Paralelamente, verifica-se um aumento do alcoolismo entre os jovens, com pais cada vez mais permissivos em relação às saídas à noite, mesmo durante a semana e em tempo escolar. O desconhecimento por parte dos jovens das leis do trabalho, nomeadamente do código de trabalho que agora entrou em vigor, foi também motivo de preocupação desta Equipa Nacional, pois acreditamos que estar informado é uma mais valia para a defesa dos jovens trabalhadores. No ensino, verificamos um quase total desconhecimento da Lei de Bases da Educação em discussão. Nem professores nem alunos têm conhecimento do que vai realmente mudar, quer por falta de informação quer por falta de vontade própria para se informarem. Foi também objecto da nossa partilha e reflexão a Carta Pastoral da Conferência Episcopal “Responsabilidade Solidária pelo Bem Comum”. Foi com alegria que a JOC acolheu a Carta Pastoral, sobretudo pela forma correcta como identifica os males que atingem profundamente o nosso país, bem caracterizados no número 4: "Os pecados sociais da nossa sociedade". Pareceu-nos, contudo, muito generalista. Pensamos que os que saem sempre punidos pelo sistema, os que verdadeiramente produzem e não têm hipótese de fugir ao fisco, mereciam uma palavra diferente e especial dos nossos bispos. Não se pode tratar todos por igual quando as diferenças são abismais. Apesar de tudo, são eles que têm estudado e analisado esta Carta Pastoral, como nos deu conta o Movimento na sua partilha em Equipa Nacional. Achamos sintomático que a Carta Pastoral tenha sido inicialmente bem acolhida e depois tenha caído no esquecimento. Acreditamos que, se esta carta tivesse uma palavra directa aos que são sempre as vítimas do sistema económico e político não ficaria assim tão silenciada. Apesar da lacuna referida, a JOC considera muito positiva a intervenção da Conferência Episcopal sobretudo por ter tido a coragem de ressuscitar a ideia de BEM COMUM, enterrada pelo capitalismo neo-liberal que continuamente fomenta o egoísmo e o individualismo. Sentimos que vale a pena acreditar de verdade nos mais pobres. "Queremos contribuir para uma mudança de atitude, marcada pelo dinamismo da solidariedade e da esperança. Somente com o empenho generoso de todos se podem alterar os sintomas da perda de confiança no bem comum, do desrespeito pelo próximo e da pouca dedicação ao serviço dos outros. A mudança depende de cada um de nós e das prioridades que quisermos assumir de forma solidária." (Carta Pastoral C.E.P.). A Equipa Nacional da JOC


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