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Madeira presente na JMJ

D. Teodoro de Faria
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Bispo do Funchal fala da importância deste encontro de fé

A mensagem que o Papa João Paulo II imprimiu nestas peregrinações é a de uma vida sentida e vivida como caminho à procura de sentido, como uma viagem à procura da sua própria realização para a plenitude humana, como peregrinação para a perfeição, à procura do Absoluto e de um encontro com Deus. 1. No tempo das peregrinações e do turismo religioso, o Papa João Paulo II, inventou uma nova forma de colocar os jovens em marcha, na perspectiva de uma peregrinação espiritual. «Partindo naquele ano de 1984 da Praça de São Pedro, em Roma, estamos a realizar em conjunto uma peregrinação através do mundo. O nosso percurso de peregrinos levou-nos a Buenos Aires, Santiago de Compostela, a Czestocowa» (L'O.R. Agosto de 1991). No ano jubilar de 2000 dizia aos jovens: «Caros amigos, que percorreste com tantos meios de transporte e tantos quilómetros para vir a Roma… a vossa não é uma viagem qualquer: se vos metestes a caminho, não foi somente por motivos de divertimento ou cultura… viestes a procurar Jesus Cristo! Jesus Cristo que, veio em primeiro lugar procurar-vos». Com esta iniciativa papal das Jornadas Mundiais nasce uma nova forma de peregrinação colectiva que reuniu milhões de jovens de diversas partes do mundo junto do Papa em vários continentes. O último encontro anunciado pelo Papa é em Colónia, na Alemanha, que será realizado pelo seu sucessor Bento XVI, neste mês, a partir de 19 de Agosto. A mensagem que o Papa João Paulo II imprimiu nestas peregrinações é a de uma vida sentida e vivida como caminho à procura de sentido, como uma viagem à procura da sua própria realização para a plenitude humana, como peregrinação para a perfeição, à procura do Absoluto e de um encontro com Deus. O Papa não ajusta as suas palavras para serem melhor recebidas, a sua mensagem é radical e parece ser melhor aceite pelos jovens. «Caros jovens, disse na Holanda, deixai que vos fale francamente. Estais convictos que a imagem que tendes de Cristo corres-ponde à realidade? O Evangelho mostra um Cristo exigente, Ele quer o matrimónio indissolúvel, condena o adultério, mesmo só no desejo. Na realidade Cristo não foi indulgente na questão do amor conjugal, do aborto, das relações sexuais antes e fora do matrimónio, das relações homossexuais» (Maio 1985). 2 - O tema das XIX Jornadas da Juventude em Colónia, é tirado do Evangelho de São Mateus, referindo-se aos Magos que de tão longe vieram até Belém procurar a Cristo: «Viemos adorá-lO» (Mt. 2, 2). Uma antiga tradição narra que as relíquias dos Magos repousam num magnífico relicário que se conserva na Catedral de Colónia. Por diversas ocasiões, falando aos jovens, João Paulo II referia-se a esta peregrinação que figurou como a sua única viagem ao estrangeiro, em 2005, devido à sua doença. O cardeal Meisner de Colónia disse ao Papa: «Santo Padre os jovens não se preocupam em ouvi-lo falar, só o querem ver». Já no domingo de Ramos de 2004, o Papa convidava os jovens a fazer uma experiência maravilhosa de um encontro com Cristo. Ao falar aos jovens suíços em Junho do ano passado, exortava-os a porem-se a caminho com os seus conterrâneos, à procura de Jesus para dar sentido à sua vida. Da mesma forma ao falar em Julho aos jovens da Federação Russa reunidos em Irkutsk, indica-lhes que o sentido da existência encontra-se na adesão a Jesus, caminho, verdade e vida. Numa outra mensagem para as Jornadas Mundiais da Juventude de 2005, convidava mesmo os que não são baptizados, a porem-se idealmente a caminho em direcção de Colónia, fazendo a experiência da peregrinação espiritual que os leva a celebrar o primado de Deus na vida, abandonando os «ídolos», a exemplo dos Magos que foram adorar a Jesus, o Messias. Os jovens necessitam de reflectir sobre o mistério do próprio homem. Já o grande escritor Destoevskij escreveu: «O homem é um mistério. Um mistério que é preciso resolver, e se passares toda a tua vida procurando resolvê-lo, não digas que perdeste tempo, eu estudo este mistério porque quero ser um homem». (carta ao irmão Michail, 1839). Dar sentido à existência é uma forma de guiar os jovens para a maturidade. Eles têm necessidade de não fugir de si próprios, mergulhando no ruído e na velocidade, mas de pensar e meditar. Precisam de um pouco de deserto para reflectir e descobrir no silêncio o sentido da sua vida e vivê-la com um novo ardor, evitando girar no vazio e na falta de sentido a que estão hoje expostos. Os convites apaixonados de João Paulo II aos jovens para as Jornadas Mundiais era uma forma de peregrinação espiritual para encontrar-se com Cristo, que é uma pessoa, um amigo, um irmão, uma presença, um rosto, que dá sentido e plenitude à vida do homem e não frustra as esperanças juvenis. «Caros amigos, deixai-vos seduzir por Cristo: acolhei o seu convite e segui-O» (Dezembro 1993). 3 - O Papa nos encontros com os jovens educou-os a pensarem de uma maneira afirmativa. Apareceram gerações que disseram Sim á vida, vista como dom de Deus e vocação do homem. Ensinou também a dizer um Sim à Igreja, não procurando chamar a atenção sobre si mesmo, mas sobre Jesus Cristo. Com os jovens, João Paulo II jogava ao ataque, eles devem ouvir palavras de vida eterna. As Jornadas foram uma aposta do Papa contra todos aqueles que não acreditavam nelas nem da sua incidência nas novas gerações. João Paulo II acreditava que esta nova direcção que entusiasmava os jovens era possível e devia ser continuada. «Temos necessidade da alegria de viver que têm os jovens: nessa se reflecte qualquer coisa da alegria originária que teve Deus ao criar o homem». No tempo da superficialidade e da alienação é preciso educar os jovens na disciplina, a escutar a voz que grita do profundo do próprio ser, conhecer as próprias exigências, interesses, desejos e dar-lhes uma orientação concreta. Quem recupera a própria interioridade pode abrir-se aos outros, à amizade e solidariedade, a vida é interpretada em termos de doação a Deus e aos irmãos. A exemplo dos magos, os jovens em Colónia são chamados a prostrar-se e a adorar o Senhor (Mt. 2, 11), a construir o seu futuro e um mundo mais justo. 4 - Um grupo de jovens da nossa Diocese participará nas XIX Jornadas Mundiais da Juventude. Com eles segue um sacerdote recentemente ordenado, o Padre Giselo e o diácono Johnny. Que também eles, contemplando e amando a face de Cristo, sejam na diocese testemunhas do amor de Deus e sentinelas da manhã, acendendo luzes de esperança. Funchal, 07 de Agosto de 2004 † Teodoro de Faria, Bispo do Funchal


Jornadas Mundiais da Juventude