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Mensagem do Bispo das Forças Armadas e de Segurança para a Quaresma 2011

D. Januário Torgal Mendes Ferreira
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1. É um período muito expressivo o da Quaresma, que se estende de Quarta-Feira de Cinzas (9 de Março) até ao Domingo de Páscoa (24 de Abril).

É momento do aprofundar da fé e da sua inspiração de estilos de vida através da escuta da Palavra de Deus e dos clamores dos outros e do mundo. Somos convidados à mudança do pensar e do agir no âmbito de obstáculos que atentam contra a pessoa humana.

O desinteresse por uma formação integral e pela celebração sacramental consciente, a insensibilidade às aflições ou aos êxitos, a visão de uma Igreja solícita, em muitos sectores, por meras tradições, sem cuidado pelo mais importante, do ponto de vista evangélico, são problemas que nos tocam.

Sugerimos criatividade mas não oferecemos sugestões; pedimos espiritualidade mas temos dificuldades em testemunhar as exigências da justiça e da solicitude; proclamamos a fraternidade, mas a comunhão e a proximidade distanciam-se dos nossos comportamentos.

2. A verdade da Quaresma é o convite eclesial à partilha de bens, numa sociedade agravada nos seus aspectos mais comuns: a ausência de trabalho é fonte de desemprego; o vazio do salário próprio fomenta desequilíbrios pessoais e familiares: a falta de saúde não se compadece com soluções inconsistentes; a solidão, a violência, o aviltamento de pessoas… são doenças a sarar!

Choca-nos a desigualdade extrema; inquieta-nos, porventura mais, a falta de solidariedade.

Em ordem a acudir a estas situações gritantes foi criado pela Conferência Episcopal, em 2010, um Fundo Social Solidário.

O encargo pelos direitos humanos e a sua prática são uma prioridade constante. Mas, no caminho dessa construção plena, os pobres e os desempregados, no seu silêncio, dizem-nos que não podem esperar.

É para esses excluídos que destinamos a renúncia quaresmal deste ano, a ser entregue na sede da Conferência dos bispos portugueses, por altura da Páscoa, sendo, a seu tempo, publicado no Jornal “Centurião” o montante recolhido.

Da indiferença ao ar adulto da responsabilidade pode ser o mote do nosso itinerário pascal!

Lisboa, 9 de Março de 2011
D. Januário Torgal Mendes Ferreira



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