Mensagem do Bispo de Lamego para a Quaresma 2008 D. Jacinto Tomás Botelho 12 de Março de 2008, às 15:43 ... Iniciamos o tempo litúrgico da Quaresma que nos conduz ao Sagrado TrÃduo Pascal, por um caminho de interioridade, marcado pela «oração mais assÃdua» e pela «caridade mais diligente». Tudo com um objectivo: redescobrirmos a nossa identidade de cristãos, famÃlia de Deus pelo Baptismo, chamados a uma permanente reconciliação com o Pai e com os irmãos, e assim celebrar conscientemente e convertidos “a verdade fundamental da nossa fé em Cristoâ€, a morte e ressurreição do Senhor. Recomenda-nos S. Paulo: Celebremos a Festa, não com fermento velho, nem com fermento de malÃcia e perversidade, mas com ázimos de pureza e de verdade (ICor.5,8). A oração a que acima me refiro, envolve particularmente uma união mais esforçada e cuidada com o Senhor, a quem nos dirigimos, pela Eucaristia e pelo sacramento da Penitência, e através das nossas preces e dos tradicionais exercÃcios de piedade, nomeadamente o Terço e a Via-sacra, e também da escuta atenta da Palavra de Deus, que os textos litúrgicos neste tempo com tanta abundância e riqueza nos proporcionam. A caridade, traduzida em gestos e atitudes que nos aproximam dos outros, concretamente na esmola, é a forma de comungar e revelar no conviver, o supremo amor de Deus, que se nos deu sem reservas no alto do Calvário, até morrer pela nossa salvação: amor assumido e partilhado. Completa este trÃptico de «compromissos especÃficos», como os designa o Papa, e que a Igreja nesta altura tem o cuidado de nos propor, o jejum e a abstinência, que compreende o clima de sacrifÃcio e desprendimento que deve acompanhar toda a existência dum discÃpulo de Cristo e que se exprime em inúmeras pequenas mortificações que contrariam os apetites e alimentam a generosidade. É sobre a esmola que o Santo Padre, este ano, na habitual mensagem para a Quaresma nos faz reflectir. Chama a nossa atenção para o valor social dos bens materiais, dos quais, muito mais que proprietários exclusivos, devemos tomar consciência de que não somos senão administradores, atentos à s carências dos que nos rodeiam, porque relações de humanidade nos irmanam e co-responsabilizam. Não faltam neste vale de lágrimas que é o mundo, situações que imploram a nossa sensibilidade e solidariedade. Quem as não descobre? Ou seremos como o rico avarento que nem deu pela presença do pobre Lázaro que jazia à sua porta coberto de chagas? Mas a esmola para que seja verdadeira caridade e corresponda à orientação do Evangelho, deve ser realizada na discrição e no silêncio. É esta a esmola que gera a alegria e a tranquilidade interior, porque, em consequência, nos abre à misericórdia de Deus que nos cura dos nossos pecados e infidelidades. A serenidade que dai resulta e nos inunda, é a consciência duma comunhão que nos torna próximos daqueles que ajudamos, sobretudo doando-nos a eles, mais que oferecendo qualquer contributo material, por avultado que seja. Este deve ser o significado da oferta. A Quaresma é o tempo favorável para esta experiência de caridade e de partilha. O contributo penitencial deste ano destina-se à s vÃtimas das inundações de Moçambique e deverá ser remetido à Cúria Diocesana, como é habitual. Mas a Quaresma é também o tempo propÃcio à formação dos fiéis, em ordem ao aprofundamento da fé. Neste contexto anuncio as Jornadas Teológicas que o Instituto Superior de Teologia Beiras e Douro promove, com uma temática actualÃssima e aliciante (Deus na NET. Que desafios?), cuja participação vivamente recomendo. + Jacinto Tomás Botelho, bispo de Lamego Quaresma Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...