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Militares convidados a ajudar Timor

D. Januário Torgal Mendes Ferreira
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Mensagem do Bispo das Forças Armadas e de Segurança para a Quaresma de 2006

1- A vida não se pode contentar com o decurso do tempo. Por maioria de razão, a existência à luz cristã apela a um progresso contínuo. Na sua primeira encíclica, o Papa Bento XVI faz-se eco desta exigência, ao sublinhar a redução do sentido do amor a Deus e aos outros e os fundamentos da comunidade de crença, de que somos membros. A condição da fé exige um aprofundamento no seu percurso espiritual de quarenta dias ou Quaresma, promovendo os valores da oração, da austeridade e da partilha de bem materiais. Porventura o mais decisivo deste período litúrgico, que se inicia em Quarta-Feira de Cinzas, reside na consciência do seu significado, por vezes soando a estranho, a desconhecido, se não mesmo a ultrapassado, para muitos. A repetição do termo e os apelos à mudança da ordem do viver correm o risco de serem interpretados como programa de estação, sem sentido nem lugar. Mais um motivo – e histórico motivo – para, no silêncio da responsabilidade e da paz, nos defrontarmos com o “olhar de Deusâ€, de acordo com a Mensagem do Papa para este período, e n’Ele buscarmos soluções respeitadoras do ser humano integral. Quando o universo da pobreza e da exclusão estende o dedo à falência de programas de justiça e de solidariedade ou crescentes formas de barbárie (tortura a prisioneiros, prossecução de pena de morte, maus tratos a crianças e idosos, violência doméstica, tráfico de mulheres e crianças, corrupção e demais fenómenos equivalentes, etc, etc,) são expressões de sociedades em desequilíbrio, chega até nós a Palavra que sacode a aceitação do incurável, seja a desigualdade social, o desemprego, o conflito familiar ou de gerações, a incultura vigente, a desumanidade em todas as suas formas… O adormecimento do espírito crítico, dos valores de uma sociedade de conhecimento, da humildade intelectual, da cooperação fraterna, por motivo dos mais fracos e débeis, são sinais da insensibilidade e do desinteresse. Fitar o “olhar de Deusâ€, que assume os dramas da multidão, é descobrir a Sua Vontade para os dias de hoje. É aplicar, à luz do Evangelho, da leitura dos sinais dos tempos e do diálogo com os cristãos e com todos os que estão disponíveis para esta forma de ver e julgar, os critérios da conversão. No serviço aos católicos das Forças Armadas e de Segurança, e sem exclusão de ninguém, haverá modalidades várias de acção espiritual em cada uma das suas unidades, ou no sector mais amplo em que se situam. A celebração dos Sacramentos da reconciliação e da Eucaristia, a prática da Via - Sacra, a realização de cursos para jovens e de uma recolecção para casais, as palestras de formação humana e religiosa, a ajuda material aos mais pobres, são um caminho a percorrer. 2- Ouvido o Conselho de Serviço de Assistência Religiosa, decidimos fosse enviada a nossa partilha quaresmal à Diocese de Baucau, em Timor–Leste. Timor-Leste está profundamente ligado a Portugal, e muito particularmente, às suas Forças Armadas e de Segurança, que ali estiveram em campanhas de instauração da paz. Por muitos progressos conquistados, ninguém pode fechar os olhos às dificuldades daquele povo. Por este mesmo motivo, D. Basílio de Nascimento, bispo de Baucau, em carta dirigida a sacerdotes seus amigos, faz apelo ao amor cristão “em nome das escolas e de todos os alunos†que as frequentam. Porque são escassos os meios disponíveis, acentua o bispo que “a abertura e a iluminação das inteligências e das mentes são o melhor e mais poderoso meio de combate à pobreza humana e socialâ€. Confio na vontade generosa de cada um. Não haverá perigo de desvio desses meios. No dia 12 de Abril próximo, às 11h, na missa Crismal, na Igreja da Memória, em Lisboa, depositaremos a nossa partilha quaresmal, em nome da Justiça e do Amor. Lisboa, Fevereiro de 2006. D. Januário Torgal Mendes Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança


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