Mensagem do Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos (MMTC) para o 1º de Maio de 2005
Festa dos trabalhadores e das trabalhadoras, com ou sem emprego
Mais de mil milhões de seres humanos vivem com menos de um dólar americano por dia, 2.700 milhões de pessoas lutam pela sobrevivência com menos de dois dólares por dia e 880 milhões de pessoas, entre as quais se encontram 300 milhões de crianças, vão todos os dias para a cama com o estômago vazio. Todos os anos, mais de seis milhões de crianças morrem de doenças que se poderiam curar ou evitar como o paludismo, a diarreia e a pneumonia.
Em várias regiões de África, Ásia e América Latina, a pobreza e as carências que esta produz (falta de água, desflorestação, desemprego e falta de assistência médica adequada) põe em perigo a vida de muitas pessoas.
Os membros do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC) estão convencidos de que a solidariedade, e não o mercado livre, poderá ajudar os países pobres a vencer estas pragas.
Não obstante, as grandes potências económicas procuram impor o mercado livre ao resto do mundo porque resulta em seu próprio benefício e permite-lhes manter uma posição privilegiada no sector da economia, da investigação, do comércio e do desenvolvimento.
Os estados industrializados do G8 põem muitas dificuldades aos países do Terceiro Mundo desejosos de vender os seus produtos nos mercados internos dos países ricos, os quais utilizam a sua influência junto do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e da Organização Internacional do Comércio para exigir que os países pobres abram as suas fronteiras aos produtos dos países industrializados.
Além disso, o sistema económico actual tende a pôr os trabalhadores em competição, impondo reduções salariais e condições laborais cada vez piores.
Dito de outro modo, as grandes potências fixam as regras do jogo económico que mais lhes convém. E, além de imporem a liberalização do comércio de produtos, abriram uma nova frente na área financeira e de serviços, incluindo a saúde, a educação e a água. Trata-se de um projecto muito perigoso, visto que a privatização de serviços tão vitais limitaria o acesso unicamente às pessoas que os possam pagar. O MMTC opõe-se a esta perspectiva dado que todos devemos ter acesso à água, à saúde e à educação, que não podem ser tratadas como se fossem meras mercadorias
Não podemos aceitar que um grupo reduzido de países da Europa Ocidental, América do Norte e Sudeste Asiático continuem a prosperar enquanto o resto do mundo se afunda cada vez mais na espiral da dívida e na miséria. Não é humano!
Queremos reforçar a ideia de que o mundo precisa de generosidade e de solidariedade. As ajudas são necessárias mas não bastam. Além disso, há que promover a justiça social e a solidariedade global em lugar do medo, da desconfiança, da hostilidade, da competição, das rivalidades e da exploração capitalista. O perdão das dívidas impagáveis é essencial mas se não se alteram as regras do comércio mundial, noivas dívidas não tardarão a substituir as antigas. O MMTC, tal como muitas outras organizações, está convencido de que outro mundo é possível. Para continuar a construí-lo, há que recusar o sistema que põe os trabalhadores uns contra os outros. Há que reduzir o poder do capital e fomentar a cooperação internacional e o desenvolvimento da solidariedade a todos os níveis.
No momento em que trabalhadores e trabalhadoras do mundo inteiro celebram a solidariedade que os une, o MMTC está, de todo o coração, com todos e cada um deles independentemente da sua cor, raça ou religião. Partilhamos a esperança de que chegue um mundo mais justo e, juntos, exigimos um trabalho decente para todos, condição indispensável para erradicar a pobreza e para que todos os seres humanos possam crescer e realizar-se dignamente
Uma nova sociedade é possível. Todos juntos construi-la-emos!
O Conselho Executivo do MMTC
Nota: A LOC/MTC divulga esta Mensagem do MMTC, que subscreve na íntegra.