No movimento circular do Ano Litúrgico cristão, estamos chegados ao tempo de Natal. Todos os anos acontece. Momento oportuno para dirigir a todos os fiéis da diocese de Viana do Castelo uma mensagem que seja o reflexo das preocupações e das alegrias cristãs que nos acompanham na vivência e no serviço constante do nosso ministério episcopal.
Neste ano, o nosso pensamento reflecte o sentido contido em duas passagens evangélicas: «Jesus Cristo é a vida, a vida em plenitude; e Ele é a Paz». O Filho de Deus tornou-se presente no meio de nós revestido de humildade no Presépio. Foi amparado no aconchego do amor afectivo de seus pais, partilhou com eles as alegrias e as adversas vicissitudes que o meio ambiente do seu tempo lhes proporcionou. Por palavras e por actos posicionou-se sempre do lado da vida, e proclamou que veio «para que tenhamos a vida e a tenhamos em plenitude».
Príncipe da Paz, como lhe chamam os Livros Sagrados, proclamou bem-aventurados os pacíficos, praticou a misericórdia e o perdão, e recomendou aos seus seguidores, os discípulos, que fizessem o mesmo: «Assim como eu fiz, fazei-o vós também». Como recompensa, prometeu-nos a alegria duradoura, o bem-estar universal, a fraternidade entre os homens, sem distinção de raças, povos ou nações.
Esta comum fraternidade estava baseada na igual dignidade entre aqueles a quem foi concedido o Dom da vida, o que significava uma relação solidária entre todos nós, ajuda fraterna aos mais desfavorecidos em bens de saúde, de ambiente familiar, de bens materiais necessários à subsistência, e ainda, de trabalho e de qualidade de vida que corresponda à igual dignidade de toda e qualquer pessoa humana. Esta mensagem que nos legou é o caminho seguro do bem-estar das pessoas, quer enquanto indivíduos ou cidadãos, quer integradas em grupos, nações e povos. Assume-se como um não definitivo aos conflitos armados, a todos os atentados à vida humana.
O Natal de 2006 sugere-nos atitudes e actos conscientes de apreço e felicidade perante a beleza do dom da vida, e tristeza e rejeição em todas as situações em que ela é sacrificada.
A nossa consciência cristã interpela-nos a ter presentes as vítimas de todas as formas de agressão, da guerra, de todas as guerras, do Médio Oriente como da África, e a suplicar o Dom da Paz, para que a alegria feliz possa habitar em todos os corações, apagar todas as mágoas, dar um rosto novo de tranquilidade, sorriso e beleza a este planeta que habitamos.
Natal é solidariedade, é carinho recebido e repartido, em família e fora dela. Natal é amor partilhado, é paz de consciência, paz consigo próprio e paz com os outros, é apelo à construção de um mundo novo gerador de compreensão e de paz social. Santo e Feliz Natal para todos os nossos diocesanos, para todos os nossos leitores e para toda a Humanidade.
José Augusto Pedreira, Bispo de Viana do Castelo