Nesta quadra preparatória do Natal todos os cristãos e comunidades esperam uma palavra do Pastor capaz de congregar intenções e motivar atitudes. Num ambiente de Ano Paulino, torna-se oportuno recordar o cuidado de S. Paulo em promover a solidariedade e a partilha dentro e entre as comunidades por ele fundadas.
Sugiro que ouçamos, com o coração, quanto escreve aos Coríntios. “Cada um dê conforme decidir em seu coração, sem pena ou constrangimento, porque Deus ama quem dá com alegria. Deus pode enriquecer-vos com toda a espécie de graça, para que tenhais sempre o necessário em tudo e ainda sobre alguma coisa para poderdes colaborar em qualquer boa obra, conforme diz a Escritura: “Ele distribuiu e deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre” (2 Cor 9, 7-9).
Vivemos num período de insegurança e instabilidade. Encarar o presente, para muitos, é preocupante e o futuro aterroriza por aquilo que pode proporcionar.
Em Cristo, o Natal torna-se a festa da fraternidade e o cristão deve encontrá-Lo em todo e qualquer ser humano e não dum modo esporádico mas permanente. A quadra do Natal é passageira e pode acontecer que, mesmo para os pobres, ele manifeste sinais de abundância. Daí que seja imperioso descobrir carências, particularmente na pobreza envergonhada, e comprometer-se com a solidariedade dum modo realístico e concreto e, talvez, anónimo. Há necessidades humanas básicas para as quais muitas famílias e pessoas não dispõem dos recursos necessários para as satisfazer.
Valerá a pena fechar os olhos? A ideia duma sociedade de direitos iguais para todos continua a ser ilusão e utopia? Não teremos nada a fazer?
O Natal é ou deve ser uma força que coloca em movimento a generosidade e faz com que os homens e mulheres de boa vontade se deixem comover procurando conhecer situações que violam os direitos humanos e acreditem na alegria de dar.
Daí que com S. Paulo me sinto impelido a dizer: “Deus ama quem dá com alegria” e haverá sempre alguma coisa que sobra para partilhar.
Sei que muitos poderão dizer que este pensamento é bonito e necessário. Mas… vamos experimentar com gestos de verdadeira dádiva e estaremos a acabar com a pobreza nas suas manifestações e causas. Só assim o Natal cantará as glórias de Deus porque levou ao encontro dos homens em necessidade.
Para aqueles que não experimentarão a alegria do Natal, a minha presença amiga e fraterna.
† D. Jorge Ortiga, A.P.