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Nota Pastoral na Semana Nacional da Educação Cristã 2010

Comissão Episcopal da Educação Cristã
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“Tornai as vossas vidas lugares de beleza”

1.Na memória da fé e do coração

Estamos marcados pela dor e pela saudade que a morte inesperada de D. Tomaz Pedro Barbosa da Silva Nunes, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã, nos deixou.

Queremos ser continuadores do seu testemunho de vida e do seu exemplo de doação de pastor, generoso e bom, e sentimo-nos chamados a prosseguir a sua missão. E se a saudade nos entristece, o sentido de missão que de Deus ele recebeu e com ele partilhámos impele-nos a olhar em frente e a acreditar, como ele acreditou, que a causa da educação cristã é um serviço imprescindível que a Igreja é chamada diariamente a oferecer, com qualidade e alegria.

2. A beleza da dimensão religiosa do ser humano

Aproxima-se a Semana Nacional da Educação Cristã, que decorre de 3 a 10 de Outubro próximo. É tempo de abertura das Escolas e de início das Catequeses neste começo de um novo ano lectivo e pastoral.

Está ainda viva em nós a recente visita do Santo Padre Bento XVI ao nosso país e as palavras que então, em diversas circunstâncias, nos disse. Por isso nos inspiramos nelas para esta mensagem que dirigimos ao Povo de Deus.

 Escolhemos como tema o convite feito aos representantes da cultura: convido-vos a aprofundar o conhecimento de Deus tal como Ele se revelou em Jesus Cristo para a nossa total realização. Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza (Discurso de Bento XVI, no Centro Cultural de Belém).

É, também, este o convite que a todos dirigimos, para que mantenhamos desperta na nossa vida pessoal, nas famílias, nas escolas, nas comunidades cristãs e nos movimentos apostólicos a busca da verdade e a procura de Deus.

Esta busca da verdade e procura de Deus reclamam, de acordo com a mensagem do Santo Padre, uma audácia profética e uma capacidade renovada no pensar e no agir dos crentes que se sabem peregrinos no mundo e na história rumo à Beleza infinita (cf.Discurso de Bento XVI no encontro com os Artistas, 21.11.2009)

A relação com Deus é constitutiva do ser humano: foi criado e ordenado para Deus, procura a verdade na sua estrutura cognitiva, tende para o bem na esfera volitiva, é atraído pela beleza na dimensão estética (…) De uma visão sábia sobre a vida e sobre o mundo deriva o ordenamento justo da sociedade”, lembrou-nos o santo Padre logo na primeira mensagem dirigida ao povo português (Discurso no Aeroporto da Portela-Lisboa, 11.5.2010).

 

3. A beleza do testemunho missionário da Igreja

A Igreja deve estar em permanente diálogo com o mundo em que vive e que aí, na realidade concreta de todos os dias, se faz palavra e se torna mensagem e presença de Jesus, o Filho de Deus.

Esta missão irrenunciável da Igreja é acolhida e realizada com particular sentido de responsabilidade pelos pais, primeiros educadores da fé dos seus filhos, pelos catequistas e agentes de pastoral que nas comunidades cristãs dão voz e vida a esta mensagem evangelizadora, pelos professores cristãos e de forma muito concreta pelos professores de Educação Moral e Religiosa Católica, chamados a ser no quadro específico da sua acção pedagógica e do seu testemunho cristão servidores de uma educação integral onde a dimensão da fé e os valores do Evangelho ganham sentido e horizonte.

Pertence à Escola Católica, no contexto do ensino em Portugal e no enquadramento concreto do tempo em que vivemos, uma acrescida responsabilidade nesta missão ao serviço de uma educação de qualidade e de excelência.

No mundo da educação, o valor da fé e da ética que lhe é indissociável constitui um imprescindível contributo na formação das novas gerações e na construção de um mundo melhor, como tão oportunamente nos lembrava o Santo Padre Bento XVI, no recente encontro com as Escolas Católicas da Comunidade Britânica.

O caminho de renovada evangelização, que todos desejamos percorrer, e o rosto missionário da Igreja, que em cada um de nós queremos ver delineado, pedem-nos e exigem-nos criatividade pedagógica, ousadia profética e decisão pastoral para darmos às crianças, aos jovens e às famílias as respostas coerentes e consequentes que os novos desafios do ensino e da educação quotidianamente colocam.

Pertence-nos como Igreja “oferecer a todos uma iniciação cristã exigente e atractiva, comunicadora da integridade da fé e da espiritualidade radicada no Evangelho, formadora de agentes livres no meio da vida pública” (Discurso de Bento XVI aos Bispos – Fátima, 13.5.2010).

Oxalá saibamos todos, pessoas e instituições, Igreja e Estado, ser dignos dos tempos novos que o futuro já anuncia e que a mudança civilizacional, que vivemos, traz necessariamente consigo!

“Para isso é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas (…) A nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós (Homilia do Santo Padre no Terreiro do Paço – Lisboa, 11.5.2010).

 

4. No centenário da implantação da República em Portugal

Celebra Portugal nesta semana, a 5 de Outubro, o primeiro centenário da implantação da República.

É este um tempo histórico datado a exigir um conhecimento lúcido e esclarecido das razões e das causas mobilizadoras que a esse dia conduziram Portugal e dos passos que desde então foram dados, no sentido de percorrer o caminho inicialmente sonhado.

Recordamos, também, a este propósito, palavras do Santo Padre: “A viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja, que as duas concordatas formalizaram, em contextos culturais e perspectivas eclesiais bem demarcadas por rápida mudança” (Discurso de Bento XVI no Aeroporto da Portela – Lisboa, 11.5.2010).

Cem anos passados, são tempo aprendido, por entre conquistas alcançadas e vicissitudes sofridas, para avançarmos, com firmeza de propósitos e respeito democrático, felizmente conseguido, no caminho do futuro.

Acreditamos que o serviço à educação em que todos nos sentimos comprometidos e corresponsáveis encontra na educação cristã um indeclinável valor e um imprescindível contributo em favor de uma educação integral onde o valor da pessoa humana, o projecto das famílias e o bem comum da sociedade sejam compromisso de todos. A educação cristã nos seus diversos níveis e diferentes contextos pode e deve certamente ser, para lá de diferenças e ideologias que separam, uma oportunidade de diálogo, respeito e recíprocas aprendizagens na sociedade contemporânea e na cultura actual, abrindo espaço ao tempo novo que somos chamados a viver.

Aprender e ensinar, ser escola e servir a causa da educação implicam um caminho solidário, a ser percorrido por alunos, encarregados de educação, funcionários e professores, famílias e comunidades.

 Felicitamos todos quantos trabalham na escola e na comunidade, no ensino e na catequese com alegria e generosidade, amalgamadas tantas vezes com acrescidos sacrifícios e dificuldades.

5. Com Maria, modelo de crente e de educadora

Já em pleno mês do Rosário, pedimos a Nossa Senhora, Mãe e Educadora, que nos anime neste serviço à educação e nos ilumine nesta busca do Bem, da Verdade e da Beleza, que o seu Filho nos revelou.

Lisboa, 23 de Setembro de 2010

Comissão Episcopal da Educação Cristã



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