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Partilha o Pão - Constrói a Justiça

D. José Alves
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Mensagem do Presidente da Comissão episcopal da Acção social e Caritativa para a Semana Cáritas

Nos últimos tempos, a Caritas tem adquirido grande visibilidade social, mercê das frequentes intervenções públicas e da notória mobilização da sociedade civil, para acorrer a repetidas situações de emergência, tanto a nível do nosso país como a nível internacional. Caritas tem sido uma palavra repetida frequentemente pelos meios de comunicação social, ao referirem as campanhas de angariação de fundos a favor de Timor, de Moçambique, de Angola, das vítimas dos incêndios florestais em Portugal e das vítimas do tsunami no sudeste asiático. Em todas estas campanhas, o povo português deu provas de que é um povo solidário. Mesmo quando, em virtude da frequência, era de esperar que se manifestasse o efeito saturação, ele não se fez sentir. A correspondência do povo ultrapassou sempre as expectativas dos promotores das campanhas. Baste para tanto referir os quantitativos recolhidos na última campanha de solidariedade, a favor das vítimas do tsunami do sudeste asiático. A conta não parou de crescer e os responsáveis resolveram prolongar a campanha para lá do tempo previsto inicialmente. O sucesso das campanhas deve atribuir-se à conjugação de vários elementos: a necessidade extrema das vítimas atingidas pelas calamidades que gera compaixão; a generosidade da população portuguesa; a rede capilar da Caritas que a torna presente em todas as Dioceses e na maioria das Paróquias de Portugal; e a extraordinária credibilidade da própria Caritas que é um organismo internacional da Igreja Católica, com sede em Roma, e actua como órgão coordenador das Caritas Nacionais tal como estas fazem a coordenação das Caritas Diocesanas. Mas convém ter em conta que a credibilidade não lhe advém apenas da sua conotação confessional. Ela deve-se, antes de mais, ao rigor e à transparência de critérios usados na gestão dos fundos recebidos e escrupulosamente encaminhados para as finalidades previamente definidas, ao iniciar as campanhas. Como é sabido, a par do socorro em situações de emergência, a Caritas desenvolve, ao longo de cada ano, muitas outras actividades no sector da acção social e do desenvolvimento, da formação profissional e humana, do atendimento e da intervenção social; na promoção do voluntariado, na cooperação internacional, com prioridade para os países lusófonos e no lançamento de iniciativas promotoras de valores humanos e cristãos ou de formas de ajudas aos mais carenciados da sociedade. Sirva de exemplo a campanha natalícia «Dez Milhões de Estrelas» e a parceria em curso tendente a proporcionar o micro-crédito a pessoas sem recursos que pretendem estabelecer-se por conta própria. Ora, O DIA CARITAS, que, neste ano dedicado à Eucaristia, se celebra no próximo dia 27 do mês corrente, tem como objectivo sensibilizar a população para os valores da solidariedade e da partilha pela angariação de fundos que permitam desenvolver, de forma sustentada, o vasto programa de actividades da Caritas Nacional e das Caritas Diocesanas. O lema desse dia, PARTILHA O PÃO – CONSTROI A JUSTIÇA, dirige-se a todos em geral e a quem celebra a Eucaristia de modo particular. Com efeito, quem participa na Eucaristia deve tornar-se promotor de comunhão, de paz e de solidariedade, em todas as circunstâncias da vida, visto que a Eucaristia é também projecto de solidariedade em prol da humanidade inteira e compromisso real na edificação duma sociedade mais equitativa e fraterna, como diz o Papa João Paulo II na Carta Apostólica «Fica Connosco, Senhor», para logo mais adiante afirmar peremptoriamente que não é licita uma celebração da Eucaristia onde não resplandeça a caridade testemunhada pela partilha concreta com os mais pobres. É pela partilha dos bens que se reduzem as desigualdades, se gera a comunhão e se constrói a justiça social. Portalegre, 11 de Fevereiro de 2004 +José, Bispo de Portalegre-Castelo Branco Presidente da Comissão episcopal da Acção social e Caritativa

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