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Por uma reconceptualização da condição migrante

Pe. Rui Pedro
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Faz hoje um ano que terminou o Iº Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas, no Porto. Encerramento envolto em grande suspense não só pelo precipitar-se da doença do Papa peregrino e amigo dos migrantes e refugiados, João Paulo II, de santa memória, mas também pela necessidade de uma nova atitude da Igreja, Governo, opinião pública e sociedade civil, face ao notável aumento da Emigração. Na altura a Igreja, em conjunto com uma série de militantes na área religiosa, académica, sindical, política, associativa e social, lançou a uma só voz o apelo urgente de “uma reconceptualização da condição migrante e necessidade de nova solidariedade para com os emigrantes portugueses” de ontem e os “novos” de hoje. Ao início desde milénio, diante da intensificação do fluxo de saídas visíveis e invisíveis é preciso que Governo, Igreja, Entidades públicas e privadas se unam no estudo, colaboração, definição e aplicação de medidas sociais, com vista a dar a assumir as questões adiadas e dar resposta adequada aos problemas que brotam da nova mobilidade em era de globalização. Num momento em que assistimos à deportação e regresso forçado do Canadá de portugueses e suas famílias em situação irregular; em que ouvimos falar de portugueses “escravos” na vizinha Espanha; em que nos chegam testemunhos dramáticos de portugueses vitimas de “exploração laboral” na Holanda; em que aumentam os candidatos ao “trabalho temporário e precário” no estrangeiro - organizado por redes duvidosas; ou ainda, nos ouvimos notícias de conterrâneos nossos “clandestinos” a nível do trabalho e da residência no Brasil, em Angola, Reino Unido, só para citar os mais mediáticos, a Igreja reafirma a sua firme vontade de continuar ao lado destes cidadãos através das suas estruturas em Portugal e no Estrangeiro.


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