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Portugal começa a homenagem nacional à Imaculada

D. Jorge Ortiga
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Celebração no Sameiro

Em 8 de Dezembro de 1854, o Papa Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, definiu o Dogma da Imaculada Conceição com os seguintes temas: «Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que ensina que a bem-aventurada Virgem Maria foi, desde o primeiro instante da sua conceição, por graça e privilégio singular de Deus Omnipotente e em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, preservada e isenta de toda a mancha do pecado original, é revelada por Deus e por conseguinte deve ser firmemente crida por todos os fiéis». Passados 150 anos encontrámo-nos neste Santuário, como Igreja que peregrina e vive o mistério da Salvação nas 20 Dioceses de Portugal e com a alegre e reconfortante presença do cardeal D. Eugénio de Araújo Sales na qualidade de Legado de Sua Santidade o Papa João Paulo II, para reafirmar a nossa fé no mesmo dogma e fazê-lo em comunhão com a Igreja Universal e em nome dum Portugal crente e marcado por um profundo amor a Maria. Na pessoa de Sua Eminência saudamos o Papa João Paulo II a quem agradecemos a delegação e a oferta a este Santuário da Rosa de Ouro, como sinal e certeza da importância do Sameiro na piedade e vida do povo português e a quem queremos testemunhar o mais profundo amor eclesial neste gesto de ir «gastando» a vida por este mundo moderno para que ele se encontre com Cristo, vida. Fazemo-lo num compromisso de fidelidade doutrinal e unidade. Para intuirmos mais profundamente o amor, do Santo Padre a Portugal e ao Santuário do Sameiro, permita-nos, Eminência Reverendíssima, a Leitura da carta que Sua Santidade lhe dirigiu. Comove-nos a recordação explícita da passagem por este Santuário e a nomeação dum Enviado Extraordinário para exercer funções em «Nossa Vez» nas celebrações solenes. Aceitamos o convite amoroso em «rivalizar no amor e culto da Virgem Imaculada com os nossos antepassados» e prometemos continuar a crescer no testemunho duma piedade filial a Maria. Com o coração aberto acolhemos a «Bênção Apostólica conciliadora da graça divina e manifestação da Nossa benevolência». Permita-nos que lhe solicite que expresse a Sua Santidade a mais profunda gratidão do povo crente desta «Terra de Santa Maria». Nesta gratidão pela Vossa presença como Enviado Extraordinário consola-nos e estimula-nos o reconhecimento que Sua Santidade o Papa, por experiência pessoal e na linha dos Seus Predecessores, da «excelência deste Santuário» o que o levou, «com grande afeição de espírito, a atribuir e doar a Rosa de Ouro para que permaneça aqui como «sinal da nossa benevolência». Volta a ecoar nos nossos corações o apelo aqui deixado em 1982 e queremos, nesta terra de cultura cristã, empenhar-nos para que «as normas e costumes da família cristã» se conservem. O Minho sempre privilegiou a família como espaço de crescimento humano, cristão e eclesial. Os tempos são adversos. A Rosa de Ouro lembrar-nos-á sempre, o dever da fidelidade a Maria, a Mãe de Nazaré, para que o Evangelho continue a permear a vida quotidiana dos nossos lares. Preparando-nos para celebrar condignamente os 150 anos da definição do Dogma da Imaculada, efectuamos aqui no Santuário e em muitas comunidades do país uma Novena. Iremos, de seguida, concluir esta novena. Com a presença dos Bispos de Portugal, assim como Maria acolheu no Seu íntimo o Verbo feito carne, queremos dar novo alento e novo ardor ao «Duc in altum» da Evangelização para um país e uma Europa, que não querendo aceitar referência às suas raízes cristãs, vendo a alegria duma fé adulta e incisiva se deixa tocar pelo amor de Deus e connosco continue a cantar: «A minha alma glorifica ao Senhor pelas maravilhas que Ele operou em favor da humanidade». D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga


Imaculada Conceição