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Quaresma de mulheres e homens mais justos

D. Januário Torgal Mendes Ferreira
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Homilia do Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança na Quarta-feira de Cinzas

Estamos aqui em resposta a um apelo feito pela Igreja para nos consciencializarmos de que entramos num tempo forte do ano litúrgico. Um tempo forte que deve ser um tempo de profunda seriedade para cada um de nós e para todos em conjunto. Porque Deus ama, diz ao homem: «Tu não morrerás.» E o homem de facto não morre, porque Deus resolve isso morrendo Ele como homem, para que os homens tenham a vida. Vamos, de facto, caminhar. Caminhar para o crescimento do homem e para que os homens não morram! Porque Deus fez-se homem e morreu como homem, para que os homens tenham a vida e a tenham em abundância. Eu penso que é um programa que todos nós temos que tentar aplicar durante esta Quaresma. Pessoalmente, em pequenos grupos, nós temos que ir tentando que não passe mais uma Quaresma sem nós ressuscitarmos. Resta-nos, no entanto, a certeza absoluta de que se nós nos reunirmos e rezarmos - onde estiverem dois em nome d'Ele, o Senhor estará! - Ele nos há-de iluminar pistas, nos há-de dar caminhos, nos há-de desvendar veredas, e o que é preciso é que nós estejamos abertos a elas. Meus irmãos, era muito fácil, aqui há uns anos, começar a Quaresma. Dizia-se assim: dêem uma esmola um bocadinho mais avultada, façam um jejum e rezem um pouco mais e está cumprida a Quaresma. Penso que vos mentiria se vos dissesse ser este o programa. Nós temos, na Quaresma, é de ser mulheres e homens mais justos, mulheres e homens mais capazes de meditar nas grandes linhas de injustiça do nosso tempo; e depois de estarmos a resolvê-las, é que podemos então pensar que o Reino da Caridade começa a poder surgir. E se não virmos que por aqui é que passa a nossa Quaresma, e se apenas tirarmos dos bolsos uns Euros que temos a mais um tanto para mitigar a meia dúzia de necessitados que conhecemos e assim descarregarmos a nossa consciência, estamos a transferir a nossa conversão. Estamos a enganar-nos. Estamos a iludir-nos. A Quaresma passa por aqui: por um desejo de que este mundo se renove verdadeiramente em estruturas de justiça, nas quais todos nós temos que colaborar. Temos que todos colaborar verdadeiramente para que a justiça surja. Eu não queria carregar-vos de outra esperança que não a de Cristo. Queria deixar-vos um cenário realista, neste início da Quaresma. Ora o Senhor vem para que estas grandes injustiças colectivas acabem, para que o homem tenha a vida. Vamos todos colaborar nisto! Vamos todos nós tentar, cada um ao seu nível e todos também em conjunto, procurar uma maior justiça e justeza nos nossos critérios e na nossa vida, durante este período e para o resto do ano! Vamos tentar ressuscitar! Que o Senhor nos ajude! D. Januário Torgal Mendes Ferreira, Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança


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